“Uma sobremesa improvável está a caminho de se tornar tão omnipresente quanto o croissant“. A frase é ousada mas, segundo a Bloomberg, está cada vez mais perto de se tornar uma realidade. Numa reportagem publicada esta segunda-feira, a agência analisou o crescimento dos típicos pasteis de nata portugueses e chegou a uma conclusão: já não é só em Portugal que se come este bolo. O pastel de nata é apresentado como um caso de sucesso internacional.
Se há uma década o pastel de nata “estava limitado à obscuridade” e era necessário viajar para Portugal para o provar, agora a iguaria portuguesa começa a surgir em supermercados, confeitarias e padarias de todo o mundo, desde os Estados Unidos a Singapura, revela a reportagem. Quanto aos preços, nos cafés londrinos um pastel de nata chega a custar até três libras (cerca de 3,48 euros), enquanto em Portugal está à venda a um euro nas lojas mais frequentadas. E é sobretudo no Reino Unido onde o impacto das vendas deste doce é bem visível. Em 2018, por exemplo, o Lidl chegou a vender 2.000 pastéis de nata por hora nos seus supermercados britânicos.
“Culturalmente, Portugal é uma visita obrigatória na lista de viajantes internacionais e as rendas económicas de Lisboa estão a criar um centro de tecnologia para a geração millenial que sai de Londres e de Nova Iorque”, refere a agência, dando ainda o exemplo de como o chef George Mendes, que já ganhou uma estrela Michelin, apresentou o doce há um ano e meio em Manhattan, depois de o ter conhecido em Connecticut, onde há uma comunidade portuguesa bastante significativa e onde os pastéis de nata são vendidos nas típicas pastelarias e cafés. A ajudar à festa, refere a reportagem, “o famoso pastel de Belém dos azulejos azul e branco foi feito para o gabarito do Instagram, apesar de ter sido fundado em 1837”.
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Ainda segundo a Bloomberg, este crescimento do pastel de nata é, em parte, alimentado pela promoção que o Governo português tem feito para aumentar as exportações deste produto, como é exemplo o apoio ao 2018 Nata Festival, em Londres. Outra das razões para este crescimento, acrescenta a agência, passa pelo negócio Nata Pura, uma empresa fundada em Vila Nova de Gaia, “que procurou fazer com as natas o que a Dunkin Donuts fez com os donuts”, ou seja, adaptou o doce aos gostos locais, mesmo que isso significasse algum descontentamento dos portugueses que são fiéis à receita original dos pastéis de nata.
Em 2016, a Nata Pura foi financiada pela sociedade de capital de risco Portugal Ventures. Agora, vende cerca de 500 mil natas por mês em 5.000 lojas espalhadas pelo mundo, faturando entre 1,5 a dois milhões de euros por ano. Mais de um terço das encomendas vêm da Coreia do Sul.