A Biblioteca Nacional de Portugal (BNP) mudou-se do Convento de São Francisco, onde estava instalada desde 1837, para o Campo Grande em 1969. De modo a assinalar os 50 anos da mudança, será inaugurada, no próximo dia 30 de maio, uma exposição que pretende “dar a conhecer como foram detalhadamente pensados e construídos os interiores e equipamentos do novo edifício”, projetado por Porfírio Pardal Pinheiro e continuado, depois da morte deste, por António Pardal Monteiro.
“Reconstituindo o contraste através de peças originais, algumas mostradas ao público pela primeira vez”, a mostra, intitulada Do Convento ao Campo Grande, irá incidir sobretudo “nos processos de arquitetura de interiores e mobiliário”, explicou a BNP num comunicado emitido esta quarta-feira. Em exibição estarão, além de desenhos de projeto e fotografias, também relatos do então diretor da biblioteca, Manuel dos Santos Estevens, entre outros materiais.
“Cada função, cada utilizador, cada ocasião – sala a sala, móvel a móvel – denotam a preocupação de criar condições adequadas para o trabalho, de materializar um sentido de rigor e de ordem”, explicaram os comissários João Pardal Monteiro e João Paulo Martins na mesma nota, sublinhando a surpresa causada pela descoberta do cuidado na “conciliação do rigor, funcionalidade e estética” evidenciado pelas peças que recolheram para esta exposição.
A Biblioteca Nacional foi inicialmente instalada no Terreiro do Paço. A falta de condições para receber as livrarias dos conventos extintos em 1834, levou a que fosse transferida para o antigo Convento de São Francisco, também em Lisboa. Depois de sucessivas direções terem manifestado a desadequação destas instalações, foi iniciado, em 1952, o processo de mudança da BNP, já sob a direção de Santos Estevens, para o atual edifício no Campo Grande.
O projeto de arquitetura foi entregue ao arquiteto Porfírio Pardal Monteiro e continuado por António Pardal Monteiro. Este envolveu “uma equipa multidisciplinar de jovens projetistas para as infraestruturas técnicas, paisagismo, interiores e mobiliário”, lembrou a BNP: o arquiteto José Luís Amorim ficou encarregue do projeto dos depósitos e das salas de trabalho dos serviços e o designer Daciano da Costa pela arquitetura de interiores e mobiliário das salas de direção e principais espaços públicos; o arquiteto Manuel João Leal desenho algumas peças complementares e os móveis foram construídos por empresas como a Olaio, Altamira e Fábrica Osório de Castro.
exposição Do Convento ao Campo Grande vai aberta ao público no dia 30 de abril, terça-feira, pelas 18h, na BNP. Na inauguração estará presente a ministra da Cultura, Graça Fonseca. Depois disso, poderá ser visitada gratuitamente, de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 19h30, e ao sábado, das 9h30 às 17h30.