O Bloco de Esquerda não vai integrar a comitiva da visita de Estado do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, à China, “em coerência com a posição que tem assumido sobre as restrições à liberdade e violação dos direitos humanos” naquele país, disse à Lusa fonte oficial do partido.

Na sua visita à República Popular da China, Marcelo Rebelo de Sousa estará acompanhado por uma delegação parlamentar composta pelos deputados Adão Silva, do PSD, Filipe Neto Brandão, do PS, Telmo Correia, do CDS-PP, pelo líder parlamentar do PCP, João Oliveira, e por Heloísa Apolónia, do Partido Ecologista “Os Verdes”.

Pela parte do Governo, integram a comitiva oficial do chefe de Estado os ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, e o secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias.

O Presidente da República vai viajar na quinta-feira para a China, onde ficará seis dias, até ao 1.º de Maio, para participar na segunda edição do fórum “Faixa e Rota”, iniciativa chinesa de investimento em infraestruturas, e depois para uma visita de Estado, a convite do seu homólogo, Xi Jinping. Nesta deslocação à República Popular da China, Marcelo Rebelo de Sousa irá a Pequim, Xangai e Macau.

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Quando o Presidente chinês esteve em Portugal em visita de Estado, no início de dezembro do ano passado, o BE recusou participar nas iniciativas para as quais foi convidado, um jantar oficial e um encontro com Xi Jinping na Assembleia da República. “As posições do Bloco de Esquerda mantêm-se, nada mudou desde 2010, continua o desrespeito pelos direitos humanos e a repressão e, por isso, o Bloco não estará presente”, disse na altura oficial do partido.

Também o deputado único do PAN (Pessoas-Animais-Natureza), André Silva, não esteve na cerimónia de receção ao Presidente da China no parlamento. O BE já tinha adotado a mesma posição em 2010, quando o anterior Presidente da China, Hu Jintao, visitou Portugal.

O então líder bloquista, Francisco Louçã, justificou à Lusa a posição do partido considerando que “seria muito hipócrita” aplaudir ou a participar em banquetes com “o representante de um regime político que despreza o direito de greve, o direito de opinião e de liberdade de imprensa”. “Somos muito críticos em relação ao regime chinês”, afirmou Louçã.