O grupo “Greve Cirúrgica” tem ainda cerca de 246 mil euros de fundos conseguidos por crowdfunding — angariação de fundos através de plataformas digitais — feito para ajudar os enfermeiros, conclui o relatório de contas divulgado pelo movimento nesta quinta-feira, no Facebook, e noticiado nesta sexta-feira pelo jornal Público. As contas mostram que o Grupo gastou apenas cerca de 180 mil euros nas duas paralisações feitas no final de 2018 e no início de 2019 que causaram muitas perturbações nos funcionamento dos blocos operatórios dos hospitais públicos. Da primeira greve restaram 42.157 euros que se somaram aos 384.836 euros angariados para a segunda greve totalizando assim 426.933 euros.

O grupo lembra ainda que, do valor total angariado, é retirado pela plataforma PPL o correspondente ao IVA (23%) e à comissão pelo trabalho. Os dados indicam também que foram gastos 180.869 em doações e despesas de manutenção de conta, havendo um remanescente de 246.124 euros.

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O grupo agradece aos principais sindicatos, o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (SINDEPOR) o ASPE, pelo apoio nestas greves e afirma: “Não vamos parar por aqui”. Ainda não é conhecido o destino destes fundos. Contudo, ao Público, o enfermeiro Nélson Cordeiro que está como fiel depositário deste valor, afirmou: “Não quero ficar com um cêntimo, sequer. Estamos a tratar este assunto com responsabilidade e muita transparência”.

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O que queremos é que o dinheiro seja usado em benefício desta luta que ainda não terminou. Não vamos parar. Estamos numa fase de balanço e a aguardar o resultado das negociações dos sindicatos com o Governo”, afirmou Nélson Cordeiro.

Até agora, o enfermeiro afirma que estas greves já tiveram resultados, como conseguir uma nova categoria de carreira para a classe profissional. A última greve dos enfermeiros convocada pelo Sindepor foi cancelada. Foi devido a estes fundos que a iniciativa conseguiu prolongar a primeira greve durante 40 dias ao pagar a enfermeiros que não trabalharam por ter aderido à paralisação.

O grupo “Greve Cirúrgica” garante que vai manter-se “atento e em período de definição de novas estratégias” e afirma: “vamos continuar sempre ao lado dos enfermeiros”.

A primeira greve cirúrgica decorreu entre 22 de novembro e 31 de dezembro de 2018 e a segunda entre 31 de janeiro e 28 de fevereiro, acabando por ser interrompida depois de a Procuradoria-Geral da República ter considerado a primeira paralisação ilegal por não corresponder ao pré-aviso e porque o fundo usado para compensar a perda de salário não foi constituído nem gerido pelos sindicatos que decretaram a greve.

Na segunda greve, o Governo decretou uma requisição civil para quatro dos dez centros hospitalares abrangidos pela paralisação, alegando o não cumprimento dos serviços mínimos que tinham sido definidos com os sindicatos.

Entretanto, o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) marcou uma greve para começar a 02 de abril, mas foi sendo sucessivamente adiada na sequência das negociações com a tutela e que acabou cancelada na passada quarta-feira.

“Para o Sindepor a prioridade será sempre a resolução dos problemas dos Enfermeiros através de processos negociais pelo que, neste momento e tendo em conta as condições existentes, decretamos a suspensão definitiva da greve”, lê-se na mensagem publicada na página do Facebook deste sindicato.

*Título corrigido às 9h42, são 246 mil euros e não 214 mil euros