Na antecâmara da temporada 2012/13, Tito Vilanova foi o escolhido para suceder a Pep Guardiola no comando técnico do Barcelona e continuar o legado conquistado nas quatro temporadas anteriores. Embora algo desconhecido do panorama internacional, o treinador espanhol estava longe de ser um desconhecido nos corredores do clube catalão: Vilanova foi o braço direito de Guardiola desde o Barcelona B até ambos subirem à equipa principal para substituir a dupla Rijkaard/Neeskens e foi parte fulcral da conquista de três Ligas espanholas e duas Ligas dos Campeões. No verão que antecedeu a temporada 2012/13, Vilanova estava muito longe de ser um desconhecido.

Nessa época, a única em que esteve à frente da equipa principal do Barcelona, o treinador voltou a conquistar a Liga espanhola e alcançou o recorde de pontos do clube que ainda vigora – 100, mais 15 do que o Real Madrid de José Mourinho, segundo classificado. O Barça, que além de Messi tinha ainda Puyol, David Villa e Alexis Sánchez, chegou ao final da temporada com pelo menos um golo em cada um dos 38 jogos da Liga (feito inédito à altura mas que foi entretanto igualado pelo Real Madrid). Em julho de 2013, sete meses depois de tornar público que tinha sido novamente diagnosticado com um tumor na glândula parótida – já tinha enfrentado o mesmo problema no ano anterior –, Tito Vilanova acabou por deixar o comando técnico do Barcelona, justificando a decisão com o facto de ter de ser submetido a tratamentos agressivos que não eram compatíveis com o cargo de treinador principal. Menos de um ano depois, em abril de 2014, o espanhol de 45 anos acabou por morrer.

Esta quinta-feira, dia 25 de abril, assinalaram-se cinco anos desde que Tito Vilanova morreu. Os jogadores que foram orientados pelo treinador espanhol, com Messi à cabeça, homenagearam o técnico nas redes sociais com fotografias e mensagens que tinham um denominador comum: a frase “Tito Etern”, Tito eterno em catalão, que foi também a frase escolhida pelo Barcelona para colocar na enorme tarja que recordou Vilanova no Camp Nou dias após a morte do treinador. Messi, que no Instagram escreveu “sempre connosco” e partilhou uma fotografia com o técnico, tinha uma relação especial com Tito Vilanova e essa nuance foi confirmada esta quinta-feira.

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O adjunto de Vilanova no Barcelona, Jordi Roura, foi um dos convidados do programa Sin Concesiones da rádio Kanal Barcelona, cujo tema central foi a homenagem ao antigo treinador do clube catalão. Roura revelou que foi Tito Vilanova, seis dias antes de morrer, que convenceu Lionel Messi a permanecer no Barcelona — isto depois de uma temporada particularmente complicada em Camp Nou. Após a saída do espanhol, o argentino Tata Martino assumiu o comando dos catalães mas o Barça acabou por ficar em segundo lugar na Liga, atrás do Atl. Madrid de Diego Simeone, foi eliminado nos quartos de final da Liga dos Campeões pelo mesmo Atl. Madrid e perdeu na final da Taça do Rei com o Real Madrid de Carlo Ancelotti. Messi, tentado a sair, mudou de ideias depois de falar com Vilanova: numa decisão que ditou o afirmar de uma dinastia em Barcelona e que moldou os anos seguintes no futebol europeu.

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“Foi uma etapa em que o Tito estava num momento delicado e é verdade que naquela temporada o Leo não tinha clara a sua continuidade. Reuniram e, apesar de não ter estado presente, sei que estiveram bastantes horas à conversa. A partir daí, o Leo mudou a sua abordagem e viu algo que antes não estava tão claro. Não sei sobre o que é que falaram mas o Leo decidiu ficar”, explicou Jordi Roura, acrescentando ainda que o principal argumento de Vilanova terá sido o facto de nenhuma outra equipa proporcionar a Messi jogar naquele que é o seu habitat natural. O antigo adjunto falou ainda sobre a temporada dos 100 pontos e garantiu que o feito não teria ocorrido noutro clube.

Vilanova foi adjunto de Pep Guardiola desde a equipa B do Barcelona até à equipa principal dos catalães

“Foi uma temporada muito, muito, muito dura. Uma temporada em que se viu uma situação inédita e que se esperamos que não se volte a repetir, onde confluíram muitas coisas. Por um lado, a pressão profissional que tem um clube como o Barcelona, que tem de continuar a competir, e por outro lado uma situação muito dura que se passava com o nosso treinador. Aquilo que se conseguiu foi graças ao enorme compromisso e à enorme capacidade de trabalho dos futebolistas. Noutro clube teria sido muito mais difícil de conseguir”, acrescentou Roura.

Cinco anos após a morte de Tito Vilanova, a memória do antigo treinador do Barcelona voltou ao dia-a-dia do futebol europeu não só através da relação próxima que mantinha com Messi como também através do filho. Adrià Vilanova, filho mais novo do técnico, foi contratado em janeiro pelo Andorra FC, o clube da 5.ª Divisão espanhola que é detido pela empresa de Gerard Piqué e do qual o jogador do Barcelona é presidente. Adriá, defesa central de 22 anos, completou a formação em La Masia e andou pelo Hércules e pela equipa B do Maiorca até ser chamado agora pelo conjunto de Andorra. No Instagram, o filho de Vilanova também recordou o pai, partilhando uma fotografia dos dois com a descrição “5 anos sem ti! Nunca nos esquecemos de ti”.