Armando Vara anunciou esta terça-feira que se irá desvincular do partido para evitar “qualquer embaraço” ao partido. Terá sido Tiago Rodrigues Bastos, advogado do ex-ministro da Juventude e do Desporto de António Guterres, quem informou o secretário-geral António Costa, por carta, da decisão do seu cliente.
Na carta, de acordo com Diário de Notícias, Vara diz que sai do PS para “evitar qualquer embaraço ao Partido a que aderiu faz este ano 45 anos.”
Ex-ministro do Desporto, ex-secretário de Estado da Administração Interna e ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos por nomeação de um Governo socialista, Armando Vara segue assim os passos do seu amigo Sócrates quando se encontra a cumprir uma pena efetiva de prisão de quatro anos por três crimes de tráfico de influência no âmbito do processo Face Oculta.
A história completa da ascensão, queda e prisão de Armando Vara
Recorde-se que o PSD já tinha anunciado a instauração de um processo disciplinar a Duarte Lima, preso a semana passada para cumprir pena de prisão por burla e branqueamento de capitais no âmbito do caso BPN/Homeland, para expulsá-lo do partido.
Entretanto, Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta do PS, classificou esta terça-feira a saída daquele ex-dirigente nacional do PS como uma “uma decisão pessoal de Armando Vara”, afirmou em declarações aos jornalistas à entrada de um jantar no Porto.
Questionada sobre se a permanência de Armando Vara prejudicaria o Partido Socialista, Ana Catarina Mendes, escusou-se a comentar, reiterando que a desvinculação de Vara foi uma “decisão pessoal”.
“É uma decisão pessoal de Armando Vara entregar uma carta ao Partido Socialista dizendo que se desvincula. Tive conhecimento dela há instantes pela imprensa, ainda não chegou ao Largo do Rato, mas é, evidentemente, uma decisão pessoal de Armando Vara”, concluiu.
Recorde-se que, além da condenação no processo Face Oculta, Armando Vara é também um dos 28 arguidos dos autos da Operação Marquês, nos quais foi acusado da alegada prática de um crime de corrupção passiva em regime de co-autoria com José Sócrates, de dois crimes de fraude fiscal qualificada e de dois crimes de branqueamento de capitais. De acordo com a acusação do MP, Vara e Sócrates terão alegadamente dividido pagamentos de dois milhões de euros para favorecerem um grupo de investidores do resort algarvio Vale do Lobo num empréstimo de mais de 200 milhões de euros na Caixa Geral de Depósitos.