Iniciados em fevereiro de 2017, e previstos para junho de 2018, só esta quinta-feira vão ser assinados os protocolos negociados pela Direção-Geral da Saúde para a redução das quantidades de sal, açúcar e ácidos gordos trans nos alimentos à venda em Portugal, noticia a TSF. Entre os mais de 2 mil produtos afetados, segundo o jornal Público, estão batatas fritas, refeições prontas a consumir, cereais de pequeno-almoço, iogurtes, refrigerantes, néctares de fruta, aperitivos e pão.
As mudanças foram negociadas ao abrigo do Programa Nacional para a Alimentação Saudável, tendo o Ministério da Saúde chegado a acordo com sete associações empresariais ligadas à restauração e à produção e distribuição alimentar: Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição, Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares, Associação Nacional dos Industriais de Gelados Alimentares, Óleos, Margarinas e Derivados, Associação Nacional Comerciantes Industriais Produtos Alimentares, Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios, Associação Portuguesa de Produtores de Flocos de Cereais e Associação Portuguesa de Bebidas Refrescantes Não Alcoólicas.
“Conseguimos assegurar que este processo vai implicar a reformulação dos produtos que representam pelo menos 80% do total de vendas de cada categoria“, garantiu a responsável pelo Programa Nacional para a Alimentação Saudável, Maria João Gregório, ao Público. Até 2022, segundo indicou à mesma publicação, deverá haver uma redução de 10% no açúcar dos alimentos (7% nos néctares de fruta), de 10% no sal das batatas fritas e de 12% no das pizzas e dos cereais de pequeno-almoço. A quantidade de ácidos trans gordos (os que mais afetam a saúde) ficará definida em função da quantidade de gordura de um alimento: dois gramas por cada cem gramas de gordura. No caso do pão, será alargado o entendimento estabelecido com as associações de panificação (um grama de sal por cem gramas de pão).
Ainda assim, os protocolos continuam aquém do esperado inicialmente. Ficam fora do acordo produtos como o fiambre, o queijo, as bolachas ou os biscoitos, por “questões tecnológicas de produção”, que, afirma Maria João Gregório, “fazem com que seja difícil para a indústrias destes sectores assumir um compromisso” tido como aceitável pela DGS. O mercado das bolachas e biscoitos é particularmente sensível por os alimentos à venda serem, em grande parte, produzidos no estrangeiro, tornando difícil atingir 80% do mercado com qualquer acordo.
As previsões iniciais do Governo apontavam para uma quebra de 1.825 toneladas de sal e de 13 mil toneladas de açúcar por ano (comparando o consumo de 2022 com o de 2016). Já o impacto no consumo de gordura trans “Não vai ser significativo”. A responsável pelo Programa Nacional para a Alimentação Saudável admite que provavelmente os valores não serão alcançados, mas indica que os resultados “não serão muito distantes”.