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Bruno e uma história que não é paixão, é (J)amor – a crónica do Belenenses SAD-Sporting

Este artigo tem mais de 4 anos

No campo onde fez o jogo mais difícil pelo Sporting, Bruno Fernandes provou a relação que tem com clube e baliza, tornando-se o médio com mais golos numa época (31) na goleada ao Belenenses SAD (8-1).

Um, dois, três: Bruno Fernandes fez o primeiro hat-trick da carreira e tornou-se o médio mais goleador na Europa numa só época
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Um, dois, três: Bruno Fernandes fez o primeiro hat-trick da carreira e tornou-se o médio mais goleador na Europa numa só época

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Um, dois, três: Bruno Fernandes fez o primeiro hat-trick da carreira e tornou-se o médio mais goleador na Europa numa só época

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

 

Belenenses SAD, Sporting, Jamor. Só por aqui, era fácil ir até ao nome de Jorge Jesus. Ou porque chegou pela primeira vez à final da Taça de Portugal naquele palco quando comandava os azuis e para defrontar os leões, em 2007 (um momento com que sempre sonhou enquanto técnico). Ou porque fez ali o último encontro à frente da formação verde e branca, na derrota diante o Desp. Aves cinco dias depois do ataque à Academia. Ou porque, simplesmente, aquele é um terreno sagrado para o treinador, que quando não estava lá em trabalho juntava os amigos todos da Amadora e seguia para o Estádio Nacional com umas patuscadas pelo meio. No entanto, há mais pontos de contacto. Como Bruno Fernandes, Silas ou o futebol de Keizer.

Sporting “atropela” Belenenses SAD no Jamor (8-1) com hat-trick de Bruno Fernandes e regresso de Dost

Durante os treinos, não é segredo para ninguém que o treinador que passou pela Arábia Saudita, foi cobiçado no Brasil e recusou Inglaterra com a ambição de voltar a Portugal fazia da exigência um dos critérios mais caros no seu trabalho. Às vezes, como iam comentando alguns antigos jogadores, abusava até dessa obsessão. Quando tudo saía como queria, lá saltava uma expressão muito própria do técnico: “Isto parece bilhar!”. Em 2017, Jesus apostou em Bruno Fernandes para elevar o jogo do Sporting. O médio era daqueles jogadores que todos elogiavam quando aparecia nos Sub-21 mas nunca tinha jogado sequer no Campeonato português. Custou nove milhões, um preço elevado para a realidade nacional, mas valeu a pena. E o ex-técnico tinha razão quando, após sair do clube, confidenciou não ter dúvidas de que o número 8 iria tornar-se muito mais goleador.

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Em 2017/18, Bruno Fernandes marcou 16 golos; agora, leva 31. No Jamor, e para que não existissem mais dúvidas no plano das estatísticas (a métrica comparativa com outros médios na Europa parecia ter parado em Frank Lampard), o internacional tornou-se o médio com mais golos marcados numa só temporada, superando os 29 do brasileiro Alex pelo Fenerbahçe. E ainda teve papel determinante noutros golos, como o de Luiz Phellype. É um craque que foi potenciado pelo modelo de Marcel Keizer, que leva dez vitórias seguidas (nove para o Campeonato) confirmando algo que se percebeu na segunda metade da época: quando a equipa está bem fisicamente, joga de semana a semana e pode exercer a pressão alta com a linha defensiva subida como tanto gosta, consegue tornar-se um rolo compressor. Frente ao Belenenses SAD, foi isso que aconteceu. E se as contas terminaram no 8-1, houve oportunidades para uma goleada ainda mais histórica no dérbi. Bruno Fernandes secundarizou depois os números pessoais mas a sua relação com o golo não é uma mera paixão – é mesmo amor. E logo no Jamor, onde teve o encontro mais complicado ao serviço do conjunto verde e branco (e onde quer vingar essa derrota do ano passado).

Ficha de jogo

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Belenenses SAD-Sporting, 1-8

32.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Nacional, em Lisboa

Árbitro: João Capela (AF Lisboa)

Belenenses SAD: Muriel; Sagna, Sasso, Gonçalo Silva, Cleylton (Guilherme Oliveira, 23′), Zacarya; Lucca, André Santos, Eduardo; Licá (Kikas, 71′) e Diogo Viana (Ljulic, 46′)

Suplentes não utilizados: Luís Silva, Kiki, Dálcio e Keita

Treinador: Silas

Sporting: Renan Ribeiro; Ristovski, Mathieu, Coates, Borja; Gudelj, Wendel (Doumbia, 67′), Bruno Fernandes; Raphinha (Diaby, 75′), Acuña e Luiz Phellype (Dost, 75′)

Suplentes não utilizados: Salin, Tiago Ilori, André Pinto e Jovane Cabral

Treinador: Marcel Keizer

Golos: Raphinha (10′), Luiz Phellype (45+1′), Licá (61′), Gudelj (65′), Bruno Fernandes (70′, g.p., 75′ e 84′), Bas Dost (77′) e Doumbia (90′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Raphinha (32′), Wendel (44′), Sagna (69′) e Ljulic (88′); cartão vermelho direto a Muriel (22′)

Depois Silas, um jogador com toque de bola que fez carreira no Campeonato e foi muito influenciado pelas ideias de Jesus. Desde que o técnico chegou ao comando da equipa, que não vivia na altura os seus melhores dias, o Belenenses SAD tornou-se uma autêntica “caixinha de surpresas” para qualquer adversário. Também pode correr mal, como se viu logo no terceiro minuto de jogo quando uma perda de bola à entrada da área quase deu golo do Sporting com Cleylton a salvar em cima da linha de golo um remate de Gudelj depois de Luiz Phellype e Raphinha não terem conseguido superar Muriel que estava fora da baliza. Ainda assim, os azuis são uma equipa que valoriza a qualidade em todas as ações de jogo, mesmo jogando sempre no risco.

Lucca, no seguimento de um passe entre linhas de Eduardo (médio brasileiro que tem despertado a cobiça de muitos clubes, incluindo os principais da Liga portuguesa), ainda teve um remate com muito perigo que parou nas malhas laterais da baliza de Renan Ribeiro (6′), numa fase onde o Belenenses SAD conseguiu explorar da melhor forma a profundidade com aproximações (ou ameaças disso) que iam colocando em sentido a linha recuada dos leões. No entanto, e devido a um erro individual de Muriel, a tendência que se começava a esboçar mudou: o brasileiro que é irmão de Alisson Becker, número 1 do Liverpool, não abdicou da construção a partir de trás, falhou um passe e deu a hipótese a Raphinha de inaugurar o marcador (10′).

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Belenenses SAD-Sporting em vídeo]

O brasileiro de 32 anos que fez toda a formação e carreira no Internacional entre dois anos de empréstimos destacou-se em 2016 no Bahia e chegou no verão seguinte ao Restelo, ganhando um protagonismo cada vez maior com o passar dos jogos. Como se viu já esta temporada com o FC Porto ou o Benfica, por exemplo, Muriel consegue ser muitas vezes um dos principais destaques do conjunto de Silas. No entanto, como também aconteceu na presente época, tem jogos para esquecer e esta tarde, assim como na partida com o Sp. Braga, foi mesmo para esquecer: no seguimento de um grande passe em busca da profundidade de Bruno Fernandes, Raphinha isolou-se, fintou o número 1 dos azuis e foi carregado para vermelho direto (21′).

A inferioridade numérica de uma equipa ainda na primeira parte muda sempre as características de qualquer encontro, qualquer que seja a viragem da narrativa (e para quem segue a Premier League, basta recordar o segundo tempo do Tottenham frente ao Bournemouth este sábado, com apenas nove jogadores – apesar de ter perdido nos descontos após um lance de bola parada…). Tudo depende, sobretudo, da atitude e vontade de quem tem a superioridade. Foi aqui que esteve a chave para o resto da partida, com o Sporting a saber sempre circular bola com qualidade e precisão (eficácia de passe de 94% na primeira parte – um recorde no Campeonato), criando várias aproximações e lances de perigo até ao intervalo com Bruno Fernandes em destaque.

Nos 45 minutos iniciais, o médio leonino somou cinco remates. De livre direto por cima (23′), ao segundo poste descaído na direita para grande intervenção de Guilherme Oliveira, suplente de Muriel que fez a formação em Alcochete (29′). Houve um, até o mais desenquadrado, que saiu de um lançamento lateral na esquerda, puxando para o meio até à tentativa muito torta. Nesse lance, foi demasiado notória a falta de agressividade sobre o portador dos visitados, numa jogada que é habitual nos leões desde que Keizer assumiu o comando. A lição não foi aprendida e, nos descontos da primeira parte, o Sporting aumentou a vantagem: lançamento na esquerda para a entrada de Bruno Fernandes nas costas da defesa, calcanhar para Luiz Phellype e remate forte do brasileiro que apontou o sétimo golo nos últimos seis encontros com algumas culpas para o guardião dos azuis.

No segundo tempo, depois de mais uma boa oportunidade com Bruno Fernandes e Luiz Phellype como protagonistas, o Sporting teve uma curta descida de intensidade e níveis de concentração que o Belenenses SAD aproveitou da melhor forma, com um bom remate de Eduardo para defesa de Renan Ribeiro (56′) e o golo de Licá, numa recarga na pequena área após desvio a dois tempos do guarda-redes brasileiro na sequência de uma tentativa de Ljulic que começou num mau passe de Mathieu (61′). Renascia a esperança entre os adeptos azuis no Jamor mas seria algo efémero com o 3-1 apontado por Gudelj com alguma sorte à mistura, ao ver o remate de fora da área desviar na cara de André Santos e enganar Guilherme Oliveira (65′).

Depois, deu para tudo: os leões nunca tiraram o pé do acelerador, provocaram muitos (demasiados) erros na defesa dos azuis na saída com bola e foram aumentando os números da goleada com destaque para Bruno Fernandes, que fez um hat-trick em menos de 20 minutos havendo ainda pelo meio o regresso de Bas Dost quase dois meses à competição, com um golo na primeira vez que tocou na bola (e ainda acertou no poste) e uma grande simulação que entregou a Doumbia o 8-1 final.

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