Carlos Moedas diz que “Portugal é um exemplo de como se consegue mudar de governo e continuar com credibilidade nas contas”. Em entrevista ao DN/TSF, o ainda comissário europeu para a Inovação recorda que quando se formou o governo de maioria de esquerda, “em Bruxelas perguntavam como é que iria ser, quando há um partido comunista que está a apoiar um governo, como é que iríamos conseguir e o que é que Portugal iria fazer”.

“Acho que isso foi uma grande lição de democracia e uma grande lição também para quem na Europa tinha algum ceticismo e que hoje dá Portugal como o exemplo de um país que consegue mudar de governo e continuar num rumo de credibilidade em relação às contas públicas, em relação ao que têm sido as políticas necessárias para fazer parte do grupo”, afirma Carlos Moedas, acrescentando que “isso foi visto, e é visto, como um exemplo muito bom na Europa. Nós, quando vivemos e estamos cá, não temos talvez a noção do importante que isto é”.

“As pessoas hoje olham para Portugal como um país moderno, um país estável, um país sem esses tais populismos de extrema-direita, e tudo isso é positivo e é o caminho que temos de seguir.”

Carlos Moedas reconhece que teria feito algumas “escolhas diferentes” do atual governo, mas sublinha que “o ministro das Finanças deu imensa credibilidade porque não era um político de carreira, mas era um professor e um economista e um homem do Banco de Portugal, e isso também teve impacto em Bruxelas”. “Depois, quando ele é nomeado presidente do Eurogrupo, acho que veio confirmar que Portugal estava realmente comprometido com a Europa”, defende Carlos Moedas, salientando que Centeno é mais um dos ministros das Finanças que Portugal que “sabem realmente da poda”.

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Do ponto de vista pessoal, Carlos Moedas diz que espera “voltar para Portugal e continuar a minha vida”. “Estive na política desde os 40 anos – já tenho 48 – e talvez seja agora o momento de começar uma nova fase que ainda não sei qual será, eventualmente fora da política durante algum tempo. Se a pergunta é o que vou fazer a seguir, não sei”, garante, não excluindo que poderia aceitar um convite do primeiro-ministro para se manter como comissário europeu.

“Não sei. É uma coisa que teria de decidir e que dependeria do que é que era esse convite, para fazer o quê, em que área, e depende muito da escolha dele. Qualquer que seja a escolha do primeiro-ministro, e ele sabe isso, eu vou respeitá-la”, afirma.

E admite uma candidatura à liderança do PSD? “Isso é uma pergunta que neste momento não pode fazer nenhum sentido, uma vez que estou fora dessas lides políticas e temos um líder que penso que é um homem com grandes qualidades, que é um político de certa forma diferente e que comunica de uma forma muito direta e de uma maneira que lhe vem do coração, com uma credibilidade que vem do trabalho que tem feito durante a sua vida, e que tem essas características de um líder: a honestidade, a credibilidade”, responde Carlos Moedas, ao DN/TSF.