O Ministério Público (MP) pediu, esta quarta-feira, o julgamento do antigo diretor do Museu da Presidência da República Diogo Gaspar, por abuso de poder, participação económica em negócio, falsificação de documento, peculato, tráfico de influência e branqueamento de capitais.
Nas suas alegações no debate instrutório da “Operação Cavaleiro”, que tem quatro arguidos, o procurador do MP disse que mantinha a acusação nos exatos termos, dado que “o relato da acusação revela um conjunto de factos atentatórios e criminosos” e que o arguido devia ser pronunciado pelos mesmos.
O procurador enumerou uma série de provas testemunhais e documentais que, em seu entender, sustentam a acusação destes crimes económico-financeiros contra Diogo Gaspar.
Relatou as relações entre Diogo Gaspar e os restantes arguidos, Paulo Jorge Duarte, José Lourenço Dias e Vitor Luís Santos, seus amigos e donos de empresas, e falou em “conluio” para alcançarem vantagens patrimoniais.
Entende o MP que, em muitas práticas de Diogo Gaspar, não se vislumbrou uma “prática racional nem uma preocupação com o interesse público, mas sim em interesse próprio e dos amigos”.
As provas documentais e testemunhais revelam “uma conjugação de vontades no sentido da participação de Vitor Santos para a aquisição de espólio de bens móveis do palácio da Cidadela”, em Cascais, diz ainda o Ministério Público.
Diretor do Museu da Presidência detido pela PJ. Marcelo diz que se tratam de “factos antigos”
Em relação ao arguido José Dias, o procurador diz ter sido provado que o ex-diretor do Museu da Presidência “permitiu que o amigo recebesse dividendos monetários e que o próprio Diogo Gaspar tirou benefícios para si próprio”.
Está suficientemente indiciado que, entre 2004 e 2016, o arguido que exercia funções no Museu da Presidência da República utilizou a sua posição, funções e atribuições e para obter vantagens patrimoniais e não patrimoniais indevidas, em seu benefício e de terceiros”.
O Ministério Público exige a perda a favor do Estado de cerca de 7,8 mil euros, quantia que diz ter sido indevidamente recebida por Diogo Gaspar.
O processo tem como assistente a Secretaria-Geral da Presidência da República que validou a acusação do MP e também pediu a pronúncia de Diogo Gaspar, alegando que “criou uma teia, uma rede, para tirar proveitos”, de mais de dois milhões de euros e que não protegeu o interesse público de diverso património cultural.
Diogo Gaspar foi detido em junho de 2016 e a acusação data de maio de 2018.