Um exoplaneta três vezes maior que a Terra e com a sua própria atmosfera foi descoberto no Neptunian Desert, zona que fica perto das estrelas e onde se julgava que planetas com estas características não existiam. A investigação foi liderada pela Universidade inglesa de Warwick e envolveu uma equipa internacional de astrónomos, noticia a CNN.

A massa do NGTS-4b, como é tecnicamente conhecido, equivale à de 20 planetas Terra. Ao mesmo tempo, este exoplaneta – assim denominado por se localizar fora do Sistema Solar – é 20% mais pequeno que Neptuno e tem uma temperatura de 1000 graus Celsius.  O “pequeno” planeta orbita em torno da sua estrela a cada 1,3 dias – o equivalente ao percurso que a Terra faz à volta do sol em 365 dias. É assim o primeiro planeta de sempre a ser encontrado no Neptunian Desert com estas características.

Este planeta deve ser muito duro: fica mesmo na zona onde pensávamos que nenhum planeta com o tamanho de Neptuno podia sobreviver”, afirmou Richard West, autor da Universidade de Warwick envolvido na investigação.

O Neptunian Desert recebe constantemente uma forte irradiação das estrelas. Isto significa que os planetas nesta zona não conseguem reter as suas atmosferas gasosas – estas evaporam e para trás fica apenas uma formação rochosa. Ainda assim, o NGTS-4b consegue reter a sua atmosfera de gás, conseguindo deste modo manter a sua estabilidade e existência. Dada a sua raridade, os astrónomos apelidaram-no de “Planeta Proibido”.

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A equipa de astrónomos crê que o planeta se terá “mudado” para a zona do Neptunian Desert recentemente – ou seja, há um milhão de anos. Ao mesmo tempo, há a hipótese de, em tempos, o planeta ter sido muito maior. Isto significaria que a sua atmosfera tem vindo a evaporar, o que causaria a redução do tamanho do NGTS-4b.

Os investigadores detetaram o “Planeta Proibido” a partir do Next-Generation Transit Survey (NGTS), instalações para pesquisas astronómicas localizadas no Deserto Atacama, no norte do Chile. O planeta foi observado durante 272 noites, entre 6 de agosto de 2016 e 5 de maio de 2017.

Estamos agora a analisar os nossos dados para vermos se conseguimos encontrar mais planetas no Neptunian Desert. Talvez este deserto tenha mais vida do que o que se pensava”, concluiu West.

O estudo resultou de uma colaboração da Universidade de Warwick, Leicester, Cambridge e da Universidade de Queen em Belfast. Estiveram ainda envolvidos na investigação o Observatório de Génova, o DLR de Berlim e a Universidade do Chile.

Já na semana passada, tinha sido anunciada a descoberta de 18 novos exoplanetas com dimensões semelhantes ao planeta Terra.