Quando olha para o seu prato antes da refeição, provavelmente apenas pensa nos aromas, nos sabores, na textura e na sensação ao paladar. Mas antes da carne chegar temperada e cozinhada à mesa passa por uma longa cadeia desde a criação, abate, embalamento, transporte e posteriormente a própria conservação nas nossas casas. E são os cuidados a ter em todas estas fases do processo de consumo de carne que são importantes para que ela mantenha a sua segurança e qualidade nutricional.

Preparámos um guia com tudo o que tem de ter em conta no consumo de carne: desde os certificados que a marca da carne que compra deve ter e que os consumidores devem informar-se, até aos cuidados de conservação e transporte que, muitas vezes, e na nossa rotina agitada, acabamos por desconhecer e não ter.

Porque é necessário que a carne tenha selo de certificação?

Porque esses selos garantem que a carne segue as normas europeias e nacionais de segurança. Ana Ni Ribeiro, nutricionista e autora do livro “A Minha Dieta” explicou ao Observador Lab que “toda a carne comercializada em Portugal deve ser rotulada para que seja possível fazer o seu rastreamento e reforçar a confiança na sua qualidade por parte do consumidor. E é importante que as pessoas se preocupem em procurar a origem da carne que comem”.

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5 questões à nutricionista Ana Ni Ribeiro

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Como saber que a carne é segura?

Toda a carne comercializada deve ter selo de certificação. Em Portugal, a carne é  rotulada seguindo as normas europeias e nacionais pelo que é importante que os consumidores procurem saber a proveniência da carne.

Porque é mais seguro comprar carne portuguesa?

O nosso Sistema de Identificação Animal regista e rastreia todos os movimentos dos animais e funciona corretamente. E a produção de carne no nosso país é extensiva ou semi-extensiva, o que significa que os animais passam a sua vida, ou parte dela, ao ar livre.

Qual a carne mais segura: embalada vs não embalada ao balcão?

A carne embalada terá, à partida, mais segurança pois está menos exposta a riscos de contaminação e, como todas as embalagens têm de ser rotuladas, há mais informação: país de origem, de criação e abate, e data de validade.

Como sabemos que a carne é de qualidade?

Através da cor, do cheiro e do tacto. A carne de bovino pode ter várias tonalidades, em especial quando se trata de carne embalada. A mioglobina é a proteína responsável pela coloração da carne que, dependendo da ligação que estabelece com o ferro contido na carne, pode variar entre vermelho-púrpura, vermelho ou acastanhada. O frango e as aves estão boas quando a cor da pele varia entre o branco e o amarelo, a superfície é brilhante e firme ao tacto. Qualquer tipo de carne com cheiro desagradável está imprópria para consumo.

Como guardar a carne em casa para manter a sua qualidade nutricional até ser consumida?

A carne deve ser congelada e mantida a -18ºC e não deve ser guardada limpa. O ideal será guardar em vácuo ou congelada em sacos bem fechados. No frigorífico pode ficar durante 3 dias (crua ou cozinhada)

As certificações são atribuídas por entidades independentes e imparciais, que ajudam a implementar sistemas de segurança alimentar nos fornecedores de carne, para que em todo o processo de produção tudo esteja em conformidade. Vejamos o caso do Lidl: os seus fornecedores são certificados pelo IFS (International Food Standard) e BRC (British Retail Consortium), um conjunto de normas de segurança alimentar que contribuem para o cumprimento da legislação em matéria de segurança alimentar, higiene, gestão de riscos e controlo de qualidade.

Desta forma, o consumidor sabe que todos os fornecedores cumprem com os requisitos que asseguram a segurança dos alimentos e embalagens para a indústria alimentar. E isto é importante para evitar os riscos de carne contaminada, adulterada ou estragada e que possa trazer danos à saúde.

Como é que os consumidores podem saber que a carne que estão a comprar é segura?

“Em Portugal, o Sistema de Identificação Animal, que regista e rastreia todos os movimentos dos animais, funciona corretamente. Em Portugal, vende-se carne de qualidade”, explica a nutricionista. A produção de carne no nosso país é extensiva ou semi-extensiva, o que significa que os animais passam a sua vida, ou parte dela, ao ar livre. “E consumindo carne portuguesa, não estamos a aumentar a pegada ecológica ligada ao transporte dos animais e os mesmos estão sujeitos a menos stress porque nem sempre o transporte animal é feito nas melhores condições”, salienta a nutricionista.

Carne não embalada ou embalada? Como saber o que é mais saudável.

Desta forma, é importante que os consumidores se preocupem em saber a origem da carne o que, na carne embalada, é transparente e explícito através da rotulagem adequada.

A carne embalada é diferente da carne não embalada ao balcão. É verdade?

Sim, a diferença está no processo por que a carne passa até chegar à mesa. A carne embalada está protegida desde o início, embalada na origem e, por isso, tem a vantagem de ter menos exposição, menos manuseamento e menos riscos de contaminação. Por outro lado, a carne embalada fornece nos seus rótulos toda a informação quanto à origem, criação e abate do animal, assim como quanto à data de validade em que a mesma deve ser consumida em condições ótimas. Ana Ni Ribeiro esclarece que as carnes embaladas a vácuo, por vezes, têm um cheiro característico próprio do embalamento, da sua frescura e por estar acondicionada. “O cheiro deve ser levado em consideração, claro, pois é indicativo de qualidade e frescura. Qualquer tipo de carne com cheiro desagradável é imprópria para consumo. No entanto, as carnes embaladas podem ter um cheiro próprio pelo que se deve abrir e esperar alguns minutos até o cheiro normalizar. É uma situação normal e inerente ao processo de se embalar a vácuo.”

Quais os cuidados a ter com a temperatura?

A carne do Lidl é embalada na origem e a cadeia de frio – todo o processo desde a concepção, passando pelo armazenamento até ao transporte – é respeitada ao limite, preservando todas as condições de refrigeração e garantindo a sua conservação. Assim, nas lojas, a carne está acondicionada no intervalo ideal de temperatura, entre os 0 e os 2 graus.

A carne deve ser sempre transportada para casa em sacos refrigerados que garantem a sua temperatura sensivelmente durante uma hora. O importante durante o transporte é garantir que não se quebra a cadeia de frio. Ana Ni Ribeiro destaca ainda que, depois de se comprar, a carne pode ser guardada até três dias no frigorifico e mantida na zona mais fria e afastada dos outros alimentos, sobretudo daqueles que não exigem confecção como vegetais, frutas e queijos.

Se comprar carne congelada tenha em atenção a embalagem ou se o produto está com sinais de transpiração, como gotículas de água. Isso significa que, apesar de congelado, já houve degelo em algum momento.

E pode-se congelar a carne? Como se deve proceder? Durante quanto tempo se pode ter a carne congelada?

A Deco explica que a maioria dos congeladores existentes no mercado já são de três e quatro estrelas, o que permite conservar alimentos previamente congelados até um ano. Mas claro que, quando se compra carne, a data de validade tem de ser cumprida. Ana Ni Ribeiro salienta que a carne embalada tem a vantagem de dar ao consumidor mais informação nos rótulos e os processos de embalamento garantem uma maior validade da mesma.

Saiba alguns números: carne de vaca, frango e peru pode ficar 10 meses no congelador. Carne de porco pouco gorda ou coelho mantem-se boa até aos 6 meses. Carne de porco gorda, carne picada e hambúrgueres, por exemplo, não se deve deixar ficar mais de 2 meses. As sobras dos pratos já cozinhados? Nunca deixar ficar mais de 3 meses.

E na hora de descongelar? A forma mais segura será deixar a carne descongelar lentamente no frigorífico de um dia para o outro. Mas com a rotina agitada e o chegar a casa tarde, se dá por si a descongelar a carne no momento, tenha em atenção alguns cuidados: nunca usar água quente porque é conveniente para o desenvolvimento de bactérias e, se usar o micro-ondas, deve cozinhar a carne imediatamente a seguir, para impedir que as bactérias se multipliquem nas partes da carne que ficaram mais quentes.