O líder do PSD, Rui Rio, discorda da análise do Presidente da República sobre a possibilidade de uma crise na direita portuguesa, considerando-a uma visão “otimista” e “superficial”, já que a crise é “transversal” ao regime.
“A crise não está só à direita, a crise está no regime como um todo. Neste momento está à esquerda no poder e portanto disfarça à esquerda. Mas o problema é transversal, nós temos uma crise efetiva de regime, com um descrédito muito grande de todo o sistema partidário, não é à direita nem à esquerda”, declarou este sábado.
Marcelo teme crise na direita portuguesa e defende equilíbrio de poderes
Rui Rio, que falava aos jornalistas à margem da Convenção Nacional de Relações Externas e Defesa Nacional do Conselho Estratégico Nacional (CEN), em Albufeira, defendeu que o regime e o sistema partidário precisam de ser revitalizados e que os portugueses estão descontentes com os partidos “como um todo”.
Para o presidente do PSD, se este “fosse só um problema do PSD, ou do CDS, ou da direita”, haveria possibilidades de, “com facilidade, revigorar a democracia, porque era só parte da democracia que estava em causa”, o que, afirmou, não é o que se verifica.
“O PSD tem de ser revitalizado, o CDS também, mas o PS, quando deixar o poder, e os partidos mais à esquerda quando deixarem de ter influência no poder, os portugueses verão que, infelizmente, a crise é transversal”, referiu. Segundo Rui Rio, perceber que portugueses estão descontentes com o sistema partidário em geral “é o primeiro passo para poder resolver as coisas”, de contrário “é o primeiro passo para ficar tudo na mesma, ou pior”.
O Presidente da República considerou na sexta-feira que “há uma forte possibilidade de haver uma crise na direita portuguesa nos próximos anos” e defendeu que, num contexto destes, o seu papel “é importante para equilibrar os poderes”.
Marcelo Rebelo de Sousa comentava os resultados das eleições europeias de domingo numa intervenção em inglês, na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), em Lisboa, declarando que Portugal tem agora “uma esquerda muito mais forte do que a direita” e que “o que aconteceu à direita é muito preocupante”.