Depois do sinal dado pelo PSD, de que o Governo não pode ir pedir ajuda à direita quando a esquerda falha, também o CDS põe os pontos nos ‘is’ deixando claro que fica de fora uma alteração à Lei de Bases da Saúde feita em vésperas de eleições (para a esquerda capitalizar louros) e encarada como “um brinquedo ideológico”.
Falando na abertura das jornadas do CDS, dedicadas ao tema da Saúde, no Porto, o líder parlamentar centrista rejeitou qualquer ajuda do CDS ao governo nesta matéria. “O CDS será contra qualquer tipo de experimentalismo ideológico em relação à lei de bases da Saúde. Não deixaremos que a lei de bases se transforme num brinquedo ideológico da maioria das esquerdas encostadas”, disse à margem do almoço de abertura das jornadas.
Para o CDS, a tentativa de a esquerda e o Governo chegarem a acordo sobre a nova Lei de Bases da Saúde (que substituiria a lei de bases desenhada nos anos 80, no tempo de Cavaco Silva) não é mais do que uma “encenação” com pretextos eleitorais. E o CDS não quer fazer parte disso. “Houve uma primeira fase de simulação do desacordo, onde se simulou o desacordo para depois se chegar a acordo em vésperas de eleições”, disse Nuno Magalhães, lembrando os sucessivos adiamentos por parte do PCP e BE da votação da “base” mais polémica, que diz respeito às Parcerias Público-Privadas (PPP).
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“O CDS não aceita nem aceitará uma lei de bases feita de véspera e em vésperas de eleições, que não é para servir as pessoas, nem para servir o país, mas para servir os interesses eleitorais da maioria de esquerda e de extrema-esquerda que nos governa“, disse ainda o líder parlamentar do CDS, deixando claro que o CDS não vai deixar “instrumentalizar a lei de bases”.
Há uma semana, o jornal Público noticiava que o BE deveria estar a preparar-se para chumbar a Lei de Bases da Saúde, concluindo que o PS precisava do PSD para aprovar o diploma. O líder parlamentar do PSD, e o próprio Rui Rio, contudo, já fizeram saber que o PSD só está disponível para aprovar a lei de bases se o PS e o Governo forem ao encontro do PSD no que à permissão das PPP e do setor social na gestão hospitalar diz respeito.
As jornadas do CDS, que decorrem esta segunda e terça-feira no Porto, têm como tema central a Saúde, tendo sido inauguradas com a certeza de que o CDS não dá a mão a esta lei que o PS não conseguiu negociar à esquerda. Seguiu-se uma visita ao Centro Hospitalar de Gaia/Espinho cujo Conselho de Administração se demitiu “há menos de um ano” por causa da “absoluta falta de condições materiais” para servir os doentes — e que continua desde então sem Conselho de Administração em funções. “Viemos cá para saber o que foi feito desde então e constatamos que todos os problemas se mantêm”, disse a deputada do distrito Cecília Meireles em declarações aos jornalistas depois da visita.
Para o CDS, o governo, em matéria de Saúde, “faz muitos discursos mas muito poucos atos”. “O dia a dia é de falta de condições, falta de recursos, farmácias a funcionar mal. E ouvimos muitas promessas do Governo neste ano que passou mas nada foi feito”, acrescentou.
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No almoço de abertura, Nuno Magalhães prometeu ainda que o CDS “vai continuar a ser oposição firme e oposição atenta” e que não vai largar os calcanhares do governo, mesmo estando a legislatura a chegar ao fim, sobretudo em áreas como a prevenção dos incêndios, o apoio aos serviços de segurança (que são “apoucados” pela esquerda), e aquilo a que o CDS chama de “abuso fiscal”, que teve o seu esplendor esta semana com o governo a recorrer a forças de segurança para “caçar multas”, não olhando “a meios para sacar impostos aos portugueses”.
As jornadas começaram esta segunda-feira com uma atividade peculiar: os deputados do CDS, incluindo Assunção Cristas, vestiram-se a rigor e estiveram a pintar as paredes do Centro Social e Cultural da Paróquia de Valbom, numa ação de promoção do voluntariado, porque, explicou Nuno Magalhães, “só com uma sociedade civil envolvida no apoio aos mais desprotegidos é que teremos uma sociedade verdadeiramente desenvolvida”.
Foi nessa altura que Assunção Cristas foi instada a comentar o caso do fim de semana: o comentário de Marcelo Rebelo de Sousa à “forte possibilidade de haver crise na direita nos próximos anos em Portugal”. Mas Cristas mostrou-se focada em, depois de uma derrota nas Europeias, virar todas as atenções para as propostas e o trabalho que o CDS tem pela frente, dando uma espécie de não-resposta ao Presidente da República. “Lemos com atenção os resultados eleitorais e estamos a trabalhar com muito afinco”, disse ao fim de muita insistência dos jornalistas, sugerindo que essa é “certamente uma preocupação que é também do senhor Presidente da República, que é a de sermos uma oposição forte, construtiva, uma alternativa para o país”.
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