O ex-ministro da Economia António Pires de Lima pediu esta terça-feira ao Presidente da República para ser “mais contido” nas intervenções públicas, defendendo que não lhe cabe “agoirar em público” sobre o futuro da direita ou da esquerda.

“Aquilo que eu talvez queira dizer é fazer um pedido ao senhor Presidente da República, uma pessoa que eu considero muito, para ser mais seletivo e contido e despir a pele de comentador político”, afirmou Pires de Lima, em declarações à agência Lusa.

Para o ex-ministro, que ocupou a pasta da Economia entre 2013 e 2015, no anterior Governo PSD/CDS-PP, “não cabe na função de Presidente da República estar a agoirar em público sobre o futuro da direita ou sobre o futuro da esquerda nos termos em que o fez”.

“Acho que a intervenção foi desadequada e digo isto com pena porque fui das primeiras pessoas a apoiar [a candidatura presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa] nas eleições e valorizo a sua função ao longo destes quatro anos de uma forma essencialmente positiva”, acrescentou.

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Na sexta-feira, numa intervenção na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), em Lisboa, o Presidente da República considerou que “há uma forte possibilidade de haver uma crise na direita portuguesa nos próximos anos” e defendeu que, num contexto destes, o seu papel “é importante para equilibrar os poderes”.

Marcelo Rebelo de Sousa comentava os resultados das eleições europeias de 26 de maio, declarando que Portugal tem agora “uma esquerda muito mais forte do que a direita” e que “o que aconteceu à direita é muito preocupante”.

Contactado pela Lusa, Pires de Lima afirmou acreditar que seja possível ao CDS-PP “até outubro [eleições legislativas] apresentar um programa e propostas” que aproximem o partido do eleitorado não socialista, num tom “moderado e construtivo que é o tom de Assunção Cristas [presidente do CDS-PP]”.

“Quanto ao futuro da direita, teve um resultado mau e assumiu-o nestas europeias. Eu espero que o CDS ainda vá a tempo de, aprendendo com os erros, fazer campanha mais positiva e moderada, apresentar um programa eleitoral focado e com prioridades bem definidas e confio que a doutora Assunção Cristas consiga ter um bom resultado no espaço não socialista”, declarou.

Para o ex-dirigente centrista, para isso é necessário ter “um discurso mais moderado, mais construtivo” e fazer “um esforço de clarificação” das “prioridades ou propostas porque os portugueses esperam soluções para os seus problemas”.

“Eu acredito que Assunção Cristas vai conseguir fazer isso, fez isso em Lisboa há dois anos com grandes resultados”, sublinhou, referindo-se à candidatura da presidente do CDS-PP e atual vereadora da Câmara Municipal de Lisboa.

Nas autárquicas de 2017, o CDS-PP em coligação com o MPT e o PPM obteve cerca de 20% dos votos, sendo a segunda força política para a Câmara de Lisboa.

Nas eleições europeias de 26 de maio, o CDS-PP obteve 6,2 % da votação, correspondendo a 205.111 votos, e elegeu um deputado.