Uma mulher de 79 anos deu entrada numa unidade do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central com o colapso de um pulmão dois dias depois de ter realizado uma sessão de acupuntura. O caso clínico foi descrito por uma equipa de médicos portugueses na revista científica BMJ.

O colapso do pulmão, também chamada de pneumotórax, é um efeito adverso raro nas sessões de acupuntura, mas um dos mais graves associado à prática desta terapia alternativa, como referem os médicos no artigo. Neste caso, os médicos consideraram que a causa teria sido a inserção de agulhas durante a sessão.

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A idosa terá procurado a acupuntura para aliviar as dores crónicas nas costas de que sofria. Ainda durante a sessão, a mulher sentiu uma dor aguda no ombro, quando as agulhas foram colocadas entre as omoplatas. Ao fim de dois dias, como a dor não passava e se sentia cansada e com falta de ar, a idosa procurou o médico de família. A radiografia mostrou o colapso do pulmão direito. A mulher foi internada e teve alta ao fim de três dias.

Em algumas zonas, o pulmão pode encontrar-se dois centímetros abaixo da pele. Uma perfuração mais profunda com a agulha de acupuntura pode fazer com que entre ar na cavidade onde se encontram os pulmões, o que impede que o pulmão se expanda normalmente com a inspiração. Daí o colapso pulmonar.

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Os acupunturistas, sejam de formação médica ou não, defendem que a acupuntura é eficaz no tratamento da dor crónica nas costas, pescoço e ombros, mas a investigação científica na área ainda não conseguiu demonstrar, sem sombra de dúvidas, se os efeitos positivos sentidos pelos doentes se devem à inserção da agulha ou a um efeito placebo (as pessoas melhoram porque sentem que estão a ser tratadas, mas não como consequência do tratamento).

“Apesar de ser considerada relativamente segura, a acupuntura é um procedimento invasivo que inclui riscos de complicações inegáveis”, escreveram os autores do artigo. Tendo em conta que a acupuntura é cada vez mais procurada pelos doentes, os médicos que assistiram a idosa aconselham os “acupunturistas e clínicos a terem em atenção a possibilidade dos efeitos adversos depois da acupuntura, especialmente naquelas pessoas que desenvolvem sintomas”, como aconteceu com a mulher de 79 anos, que diz não ter recebido nenhum aviso sobre os potenciais efeitos negativos da terapia.