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Peter Macdiarmid/Getty Images

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Ervas, agulhas e comprimidos de açúcar. Quando as alternativas lhe arranjam um problema maior

Ervas e homeopatia não curam o cancro. No mínimo, não fazem nada. No limite, agravam tanto o problema que o tornam impossível de resolver. Tudo o que mostra ser eficaz é integrado na medicina.

O senhor João e o senhor José tinham mais ou menos a mesma idade e ambos tiveram cancro do reto numa fase equivalente. Eram quase vizinhos e tinham o mesmo médico de família no centro de saúde de Veiga do Leça, no concelho de Santo Tirso. O senhor João ouviu a recomendação do médico de família: foi acompanhado por um oncologista e cumpriu os tratamentos convencionais para a doença, como a cirurgia. O senhor José preferiu seguir outros conselhos e tentou tratar o cancro com Aloe vera — na altura (e já lá vão uns bons anos) era panaceia para todos os problemas, recorda o médico Sanchez Silva que os acompanhou. João e José são nomes fictícios, mas a história é real.

O senhor João tratou a doença e “viveu muitos anos, acabou por morrer de outra coisa”, conta ao Observador Sanchez Silva. Já o senhor José “teve uma morte horrível ao fim de um ano”, continua o médico, contando uma história antiga que já não consegue precisar no tempo. O curandeiro prometeu-lhe a cura, o médico só podia prometer dar-lhe o melhor tratamento possível. “Não posso garantir que o tivesse curado, mas pelo menos ia ter uma vida diferente”, diz o médico de família do doente. “As dores causadas pelas metástases ósseas são horríveis, roubam o discernimento. As dores são tantas que não dá para pensar em mais nada.” Sanchez Silva ia ver o doente a casa e de todas as vezes propunha-lhe que, pelo menos, fizesse medicação paliativa para as dores — porque a doença já não tinha solução. O doente respondia com as palavras do curandeiro: “Agora é que vai passar”. Mas não passou.

“Foi uma situação rara em que vi a evolução natural do tumor”, conta Sanchez Silva. “Cheguei a ver isso antes da radio e da quimioterapia.” Um caso semelhante foi denunciado, no mês de julho, por Joaquin Bosch, oncologista no Hospital Universitário Doctor Josep Trueta (Girona, Espanha): uma mulher deu entrada nas urgência com o peito “totalmente putrefato” por causa de um cancro de mama que estava a ser tratado com terapias alternativas, noticiou o jornal espanhol El País. A mulher, com menos de 40 anos, tinha um tumor triplo negativo agressivo, mas tinha rejeitado os tratamentos convencionais — quimioterapia, cirurgia e radioterapia — em troca das recomendações de um curandeiro.

“Foi uma situação rara em que vi a evolução natural do tumor.”
Sanchez Silva, médico na Unidade de Saúde de Veiga do Leça

“Chegou com uma bolsa cheia de pílulas, possivelmente de homeopatia”, recordou o médico espanhol. “E o teu terapeuta alternativo que diz disto [do estado em que se encontrava a mama]?”, perguntou Joaquin Bosch à doente quando a recebeu nas urgências. “Diz que se está a sair para fora da pele é bom, porque significa que se está a oxigenar”, terá respondido a doente. A mulher só recorreu ao hospital por causa da febre, uma consequência do estado de infeção em que se encontrava a mama. Foi operada paliativamente, mas as metástases que já lhe tinham invadido os ossos acabaram por matá-la em poucas semanas.

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O cancro da mama e o cancro colorretal são dois tipos de cancro virtualmente tratáveis com os tratamentos convencionais, seja cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou terapia hormonal. Optar por fazer tratamentos alternativos ou tentar conjugar as terapias convencionais com as alternativas pode colocar os doentes em risco, revelando-se muitas vezes fatais, como demonstrou uma equipa da Faculdade de Medicina da Universidade de Yale (Estados Unidos). O Observador foi tentar perceber que riscos correm as pessoas que recorrem às terapias alternativas.

Terapias alternativas para tratar cancro aumentam risco de morte

Riscos:

  • atraso no diagnóstico;
  • rejeição dos tratamentos aprovados para a doença;
  • morte.

Quando um doente procura um terapeuta alternativo antes de procurar um médico corre o risco de não ter um diagnóstico correto para a sua doença e, quando finalmente decide ir ao médico (se o chegar a fazer), pode ser tarde demais. Um diagnóstico errado pode implicar um tratamento que, no mínimo, não tem qualquer impacto na saúde do doente — não trata o verdadeiro problema, mas também não prejudica — ou, no limite, pode agravar a doença. Ou, como no caso do senhor José e da doente espanhola, a falta de tratamento adequado deixa a doença evoluir por si.

“Os doentes com cancro que escolhem iniciar os tratamentos com terapias alternativas, sem recorrer aos tratamentos convencionais, têm maior probabilidade de morrer”, concluíram os investigadores da Universidade de Yale num artigo publicado na revista científica Journal of the National Cancer Institute. Os autores do trabalho lembram que se focaram em cancros que podiam ser eliminados com tratamentos convencionais (usados pela medicina ocidental). Foi o caso de Steve Jobs, que tinha uma forma de cancro pancreático relativamente fácil de tratar, mas que optou por fazê-lo com terapias alternativas. Quando decidiu recorrer à medicina convencional já foi tarde demais, o cancro já se tinha espalhado por outros órgãos.

Os investigadores da Universidade de Yale verificaram que, no caso do cancro da mama não metastizado, o risco de morte era cinco vezes maior para as mulheres que recorreram às terapias alternativas. Curiosamente, para o grupo estudado, eram precisamente as mulheres que mais recorriam às terapias alternativas. No caso do cancro colorretal, o risco de morte era quatro vezes maior para quem optava pelas terapias alternativas.

A equipa de Skyler Johnson, médico e investigador na Faculdade de Medicina da Universidade de Yale, comparou a evolução da doença em 280 doentes com um de quatro tipos de cancro (da mama não metastático, colorretal, do pulmão e da próstata) que optaram por terapias alternativas com os casos de 560 doentes que fizeram exclusivamente tratamentos convencionais. Para validar a comparação, para cada um dos 280 doentes escolheram-se dois outros doentes (dos 560) que tivessem mais ou menos a mesma idade, tipo de cancro, fase da doença, estado de saúde anterior. Os dados dizem respeito aos anos 2004 a 2013 e foram recolhidos na Base de Dados Nacional de Cancro, dos Estados Unidos.

Os dados sobre o uso das terapias alternativas é limitado, referem os autores, quer porque os registos não o indicam claramente, quer porque os doentes não admitem aos médicos que estão a fazer uma terapêutica alternativa ou qual a usar. Outra das limitações, apontada pelos investigadores, é o tempo de acompanhamento dos doentes em estudo — uma média de 5,5 anos. Se tivessem sido seguidos por mais tempo, especialmente em doenças de evolução lenta, poderiam ter detetado outros casos.

Os investigadores alertam que o tratamento de cancro com terapias alternativas aumenta o risco de morte, mas assumem que tratamentos exclusivos com estas terapias são raros. Por isso, decidiram perceber se os doentes que combinavam a medicina convencional com as terapias complementares (outro nome dado às terapias alternativas) também corriam mais riscos. A conclusão é que sim, se isso implicar não seguir o plano de tratamento convencional recomendado.

Usando o mesmo período — 2004 a 2013 —, a mesma base de dados e os mesmos tipos de cancro, os investigadores compararam dois grupos de doentes: 1.032 que usaram exclusivamente os tratamentos convencionais contra 258 que usaram os tratamentos convencionais em combinação com as terapias complementares. “Neste estudo, os doentes que usaram terapias complementares tinham maior probabilidade de recusar os tratamentos convencionais [como cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou tratamento hormonal] e um maior risco de morte”, concluíram os investigadores num artigo publicado na JAMA Oncology. “Os resultados sugerem que o risco de morte associado às terapias complementares foi agravado pela recusa dos tratamentos convencionais.”

“Os tratamentos complementares para o tratamento de cancro não proporcionam um benefício na sobrevivência.”
Skyler Johnson, médico e investigador na Faculdade de Medicina da Universidade de Yale

Mas, mesmo que sigam os dois tratamentos à risca e em paralelo — o convencional e o complementar —, esta combinação não faz aumentar o tempo de sobrevida. Ou seja, a pessoa não vive mais tempo do que se fizer só o tratamento convencional. “Quando avaliámos os doentes que recebem todas as terapias recomendadas [convencionais], os que usavam terapias complementares não têm melhor sobrevivência do que os que não usam”, disse Skyler Johnson, citado pelo El País. “Mesmo em situações ótimas, os tratamentos complementares para o tratamento de cancro não proporcionam um benefício na sobrevivência.” E tratamentos alternativos ou complementares para o tratamento do cancro não faltam. Que o diga Begoña Barragán, presidente do Grupo Espanhol de Doentes com Cancro, que reuniu 28 pseudoterapias (terapias que não são baseadas na ciência) e 78 mitos apregoados no tratamento do cancro.

Fitoterapia e produtos naturais. Não, nem tudo o que é natural é bom

Riscos:

  • toxicidade das plantas;
  • contaminação dos produtos naturais com substâncias não descritas;
  • intoxicação por excesso de consumo;
  • interação com outras plantas, produtos naturais ou medicamentos.

O senhor José escolheu tratar-se com Aloe vera em vez de seguir a recomendação do médico. Mas há quem opte por usar esta e outras plantas em paralelo com os tratamentos contra o cancro (ou contra outras doenças), seja recomendado por alguém, seja por iniciativa própria. O Observatório de Interações Planta-Medicamento (OIPM), na Universidade de Coimbra, dedica-se a perceber como os produtos naturais podem potenciar ou diminuir a ação dos medicamentos e se podem aumentar a concentração de moléculas tóxicas no organismo.

Foi o caso de uma mulher de 30 anos que estava a fazer quimioterapia com Vinorelbina, mas ao mesmo tempo “consumia vários produtos naturais e em grandes quantidades: açafrão-das-índia, anona, aloé, sementes de chia e de linhaça”, conta o OIPM, na sua página online. Não é claro que tenham sido os produtos naturais a provocarem a norte da mulher que tinha cancro da mama metastático, mas o observatório mostra de que forma podem ter interferido no tratamento.

Todas as plantas são compostas por várias moléculas (todas elas químicas, ainda que de produção natural) e muitas delas têm efeitos no nosso organismo. O beta-sitosterol, um composto químico presente no Aloe vera e noutras plantas e sementes, tem um efeito angiogénico, ou seja, estimula a produção de vasos sanguíneos. Este efeito até pode ser interessante, mas não quando se quer tratar um cancro. Os vasos sanguíneos transportam nutrientes, essenciais para o crescimento das células (incluindo as tumorais). Por isso, se usam medicamentos que cortam o alimento ao cancro, ou seja, que inibem a formação de novos vasos sanguíneos. O Aloe vera tem um efeito oposto.

Não é só o Aloe vera que interfere com a medicação dos doentes. A este juntam-se o chá verde, as infusões de erva-príncipe, de hipericão ou de rooibos, as bagas de Goji, as sementes de chia e tantos outros produtos naturais ou suplementos alimentares. A situação torna-se ainda mais grave nos doentes que estão medicados para diferentes doenças.

Sanchez Silva conta que na altura em que o 'Aloe vera' foi apresentado como panaceia para todos os males até desaparecia dos jardins públicos

MidgleyDJ/Wikimedia Commons

O maior problema é que os doentes, por desconhecimento ou embaraço, não contam aos médicos que outros produtos (naturais ou não) estão a tomar. O médico internista António Vaz Carneiro, numa entrevista ao Observador publicada em abril, contou como demorou muito tempo a perceber porque é que uma das suas doentes não estava a conseguir controlar a hipertensão. “Depois de a ter pressionado percebi que estava a fazer os medicamentos do Tallon. E bem entendido eram os efeitos secundários dos medicamentos do Tallon que estavam a ter uma ação antagonista para os meus anti-hipertensivos. Tinha psicotrópicos, metabloqueantes, diuréticos, calmantes e hormonas tiroideias. E em doses que não sei quais são, porque são manipulados.”

O risco dos produtos naturais, em particular o uso de ervas medicinais, não se resume às interações que podem ter com outras plantas e medicamentos, mas também com o nível de contaminação dos produtos. A Europa tem regras de fabrico que pretendem evitar a contaminação destes produtos com metais pesados, pesticidas e outros químicos, mas a internet permite comprar produtos vindos de fora da Europa sem qualquer controlo de qualidade. Há casos em que os produtos naturais têm fármacos misturados sem que nada no rótulo o indique.

“Tive vários doentes a 24 horas de terem o fígado transplantado por uma reação hepatotóxica gravíssima por causa de uns chás chineses.”
António Vaz Carneiro, médico internista no Hospital de Santa Maria

Mais: às vezes são as próprias plantas que são tóxicas ou têm efeitos secundários indesejáveis, como a Gingko biloba que pode provocar uma hemorragia a quem seja sujeito a uma cirurgia. “Há ervas chinesas altamente tóxicas”, continua António Vaz Carneiro, médico no Hospital de Santa Maria e fundador do Centro de Investigação de Medicina Baseada na Evidência. “Tive vários doentes a 24 horas de terem o fígado transplantado por uma reação hepatotóxica gravíssima por causa de uns chás chineses.”

Homeopatia e outras mezinhas. O placebo para o que não precisa ser tratado

Riscos:

  • atraso no diagnóstico;
  • rejeição dos tratamentos convencionais;
  • rejeição da medicina baseada na evidência;
  • contaminação dos produtos homeopáticos com substâncias não descritas nos rótulos.

Caso particular, dentro dos produtos ditos naturais, é a homeopatia. Não se conhecem interações com outros medicamentos ou plantas e não são conhecidos efeitos secundários. Isto explica-se facilmente: os produtos homeopáticos estão tão diluídos (os homeopatas dizem “potenciados”) que a probabilidade de uma molécula de princípio ativo interagir com outras moléculas ou com o organismo é reduzida.

Quem já usou produtos homeopáticos pode jurar a pés juntos que sentiu melhorias e não estará necessariamente a mentir. Seja para os produtos homeopáticos, para os medicamentos convencionais ou para qualquer outro tipo de terapia pode existir sempre uma melhoria, o que não quer dizer que esteja relacionada com o tratamento propriamente dito. O simples facto de estar a receber um tratamento pode fazer com que o doente se sinta melhor ou mesmo o tempo passado com o médico ou terapeuta pode ter um efeito terapêutico relevante. A isto chama-se efeito placebo. Mais, o doente pode ter mudado alguma coisa no estilo de vida ou ter começado a tomar outros produtos sem o referir ao médico ou terapeuta.

“Se não houver ensaios clínicos, não há novos medicamentos”

É por isso que os medicamentos convencionais são sujeitos a ensaios clínicos. Por um lado, os fármacos têm de provar que não têm efeitos tóxicos para os doentes. Depois, têm de mostrar que são mais eficazes que um placebo. Se não o conseguirem fazer, nunca serão aprovados como medicamentos. Em Portugal, se os produtos homeopáticos quiserem fazer alegações terapêuticas têm de ser sujeitos ao mesmo tipo de validação que os medicamentos para uso humano e serem aprovados pelo Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde). Também cabe ao Infarmed autorizar a comercialização de produtos homeopáticos num regime simplificado. Neste regime incluem-se aqueles produtos que não têm indicações terapêuticas e que estão tão diluídos que são inócuos, ou seja, aqueles que não servem para tratar nada e que não têm qualquer efeito (nem bom, nem mau). Estes produtos deve ainda conter no rótulo: “Sem indicações terapêuticas aprovadas”.

Então para que serve a homeopatia? Em 2015, o Conselho Nacional de Saúde e Investigação Médica australiano concluiu, com base nos dados existentes sobre a eficácia da homeopatia, que “não há nenhuma condição de saúde para a qual haja evidência confiável de que a homeopatia é eficaz”. O relatório acrescenta ainda que “a homeopatia não deve ser usada para tratar condições que sejam crónicas, graves ou que se possam tornar graves. As pessoas que escolhem a homeopatia podem pôr a sua saúde em risco se rejeitarem ou atrasarem os tratamentos para os quais existe boa evidência de segurança e eficácia.”

Edzard Ernst chegou a uma conclusão equivalente, numa publicação do British Journal of Clinical Pharmacology (em 2002), depois de rever vários trabalhos científicos que avaliavam a eficácia da homeopatia. E Edzard Ernst não é um médico qualquer. Como o próprio admite, num artigo publicado no The Guardian, em 2012, defendeu a homeopatia no início da sua carreira, porque via coisas acontecerem. “O nosso médico de família era homeopata e o meu primeiro trabalho foi como médico foi num hospital homeopático alemão.” Há quase 30 anos que o médico e antigo professor de Medicina Complementar na Universidade de Exeter (Reino Unido) se dedica a fazer investigação científica sobre terapias complementares, em particular homeopatia. E o inicialmente defensor só consegue concluir uma coisa: “Neste período, a evidência tornou-se cada vez mais negativa e é agora claro que os remédios homeopáticos altamente diluídos são meros placebos.”

Os quatro humores

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A teoria humoral em que se baseava a medicina europeia pressupunha que a saúde se mantinha graças ao equilíbrio dos quatros humores: sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra, produzidos, respetivamente, no coração, sistema respiratório, fígado e baço. Os quatro humores estavam ainda ligados aos quatro elementos: ar, água, fogo e terra, respetivamente.

Sanchez Silva, o médico de família de Santo Tirso, conta que a homeopatia foi importante quando a medicina europeia se baseava na teoria humoral e nas purgas, e não na evidência científica (que só se tornou regra a partir dos anos 1990). Os tratamentos baseavam-se em “expurgar as bílis más”, com sangrias, usando ventosas, obrigando as pessoas a vomitar ou provocando diarreias. “As sangrias nunca fizeram bem e acrescentavam uma doença: anemia.” E sabe bem quem já sofreu de vómitos e diarreias que o estado de saúde também fica debilitado. Perante isto, a homeopatia era melhor, “pelo menos não prejudicava os doentes”, diz o médico.

Na altura, parecia que a homeopatia resultava. Pelo menos as pessoas não morriam tão depressa. Agora, parece que trata, mas se nada se fizesse o resultado era o mesmo. Sanchez Silva vai além do efeito placebo e fala de que agora tornámos doença aquilo que dantes se tratava em casa, como a febre, os arranhões ou a obstipação. O médico continua com o exemplo das cólicas dos bebés. Este desconforto pode ser aliviado com massagens feitas pelos próprios pais, mas não precisa de nenhum medicamento. Quando o intestino do bebé ficar maduro, as cólicas passam. Mas se o bebé estiver a tomar produtos homeopáticos parece que o sucesso foi do tratamento. “Tudo isto é um manancial para homeopatia”, conclui o médico.

“Neste período, a evidência tornou-se cada vez mais negativa e é agora claro que os remédios homeopáticos altamente diluídos são meros placebos.”
Edzard Ernst, médico e antigo professor de Medicina Complementar na Universidade de Exeter

Quando o problema passa só por si, qualquer produto que não faça nada também não tem grandes consequências negativas (exceto na carteira de quem os compra). Mas recorrer a terapeutas alternativos ou curandeiros pode atrasar o diagnóstico do problema e o tratamento eficaz para o mesmo. Que o diga Miguel (nome fictício) que vomitava e deixava de comer com alguma frequência.

Era ainda um bebé de colo quando a mãe e avó começaram a “levá-lo à bruxa”. O diagnóstico era sempre o mesmo: bucho virado. E o tratamento também: uma compressa de papel pardo embebida em azeite enrolada à volta da barriga. Mais uma semana com a compressa e mais uma semana que Miguel ficava sem tomar banho. O problema passava, mas umas semanas depois lá ficava o Miguel com o bucho virado outra vez. Num dos episódios, a compressa não parecia trazer melhoras e as visitas à curandeira também não. Quando a mãe finalmente decidiu levar o letárgico Miguel ao hospital, ele estava com uma gastroenterite grave e em estado de desidratação profunda.

O que fazer quando o bebé tem gastroenterite?

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Vigiar a hidratação da criança e procurar cuidados médicos se:

  • afontanela (ou moleirinha) parecer afundada;
  • os olhos ficarem encovados;
  • não deitarem lágrimas ao chorar;
  • a boca estiver seca;
  • não produzirem muita urina;
  • ficarem menos alertas e com menos energia (letargia).

Manuais MSD

Grande parte das gastroenterites (inflamações do tubo digestivo) são provocadas por vírus e passam ao fim de três ou quatro dias sem necessidade de tratamento — a não ser água para evitar a desidratação. Usar compressas de papel pardo, como as que envolviam o Miguel, ou usar coisa nenhuma tem o mesmo resultado. As gastroenterites virais são comuns entre as crianças e, nos países desenvolvidos, raramente são motivo de preocupação — a não ser que sejam acompanhadas de febres persistentes ou a criança fique desidratada e prostrada, como acabou por acontecer ao Miguel. Mais graves são as gastroenterites bacterianas, que têm de ser tratadas com antibióticos. Em caso de dúvida, o mais seguro é consultar um médico.

Osteopata, quiroprata e endireita. Quando se mexe onde não se deve

Riscos:

  • quando tentam tratar problemas que não sejam musculo-esqueléticos;
  • quando o profissional não está habilitado ou não tem conhecimentos suficientes para fazer manipulações;
  • a quiropraxia recorre muito e sem fundamento a exames radiológicos, expondo os doentes a radiação sem necessidade.

O atraso no diagnóstico, especialmente no caso de doenças graves, é um dos principais problemas apontados quando as pessoas optam por recorrer a um terapeuta alternativo antes de ir ao médico. Foi o caso de Amália (nome fictício) que durante dois meses fez sessões de osteopatia por causa de uma dor no pescoço, que não passava com medicação e agravava à noite quando estava deitada. Quando finalmente foi a uma consulta com um médico acabou por ser encaminhada de urgência para a neurocirurgia, contou Ricardo Sousa, o ortopedista que a viu na altura. O problema não era uma simples dor no pescoço para a qual o osteopata a tratava, mas um tumor medular. “Foi operada no espaço de poucos dias e ficou clinicamente bem, apesar do atraso no diagnóstico.”

Os médicos criticam os terapeutas alternativos por não encaminharem os doentes para as urgências ou para consultas de especialidade. Para o exemplificar, Ricardo Sousa conta outro caso: uma idosa que andou um mês no osteopata com uma fratura no fémur direito. A doente tinha caído (e não procurou ajuda médica), tinha dores fortes quando caminhava e a perna direita rodava para fora. “Bastava ter tido em conta estes sinais e o facto de a doente ter osteoporose para aumentar o índice de suspeição e ter enviado para a urgência”, afirma o ortopedista, criticando a ação do terapeuta. A doente só procurou o médico porque a família insistiu muito. Teve de ser operada e até recuperou bem, “mas atrasou-se o diagnóstico e poderia ter tido complicações sérias como necrose [morte] da cabeça do fémur”.

Os diagnósticos atrasados não são o único problema identificado por este médico. Os tratamentos executados por terapeutas alternativos sem qualquer formação na área da saúde podem agravar o estado dos doentes ou provocar problemas adicionais. Como Francisco (nome fictício) que nasceu com um torcicolo muscular congénito. O problema poderia ter sido resolvido recorrendo à medicina física e de reabilitação (vulgo fisioterapia), mas a mãe preferiu levar o bebé de três meses ao osteopata. Depois de “mobilizado à força”, como conta o Ricardo Sousa, a criança ficou com dificuldade em mexer o braço. O osteopata tinha fraturado a clavícula ao bebé. Mais grave foi o caso de Katie May, uma modelo norte-americana da Playboy, que teve um acidente vascular cerebral aos 34 anos. A causa: um quiroprata rompeu-lhe uma veia depois de uma manipulação ao pescoço.

Quando os doentes questionam as práticas dos terapeutas, como fez o senhor José ou a mulher em Girona, recebem como resposta que tudo vai melhorar e o que estão a sentir naquele momento é sinal que o tratamento está a resultar. Foi o que aconteceu com Aníbal (nome fictício) quando o osteopata lhe estalava as costas. “Era sinal que estava a alinhar”, terá dito o terapeuta, segundo contou o ortopedista, que assistiu o doente. Afinal não. O doente sofria de Hiperostose Esquelética Idiopática Difusa, conhecida pela calcificação de alguns ossos, e o que estalava eram as fraturas que o osteopata fazia nas ossificações da coluna cervical. “O doente passou a ser seguido na unidade de dor crónica de um hospital central”, disse o médico. Resultado: ficou com mais dores do que antes de recorrer ao terapeuta.

A manipulação e mobilização da coluna vertebral são duas técnicas usadas por osteopatas e quiropratas

Fox Photos/Getty Images

Embora assentes em princípios diferentes, a osteopatia, a quiroprática e a fisioterapia, têm algo em comum: combinam terapias manuais com exercícios físicos para tratar problemas musculo-esqueléticos. Todas as alegações terapêuticas que fujam a este domínio, como tratamento de cólicas do bebé, dores menstruais, infeções ou autismo (só para dar alguns exemplos), não têm qualquer fundamentação nem foram demonstradas cientificamente. Os tratamentos osteopáticos manipulativos foram estudados no caso das dores de cabeça e enxaquecas e uma revisão destes trabalhos publicada na revista científica Journal of Pain Research. Apesar de parecer haver indícios de uma redução do número de episódios de enxaqueca por mês e do uso de fármacos, os dados não são suficientemente sólidos para chegar a uma conclusão clara.

De todas, a fisioterapia é a única prática clínica baseada na evidência científica. A osteopatia e a quiropraxia têm tido dificuldade em demonstrar a eficácia das técnicas — em parte porque existem poucos estudos, mas também porque os que existem estão enviesados. O enviesamento dos estudos pode ser causado por um número reduzido de participantes, um período reduzido de acompanhamento, falta de grupos de controlo (ou de grupos de controlo válidos) com os quais comparar a técnica ou ausência da análise de outros fatores que possam estar a influenciar os resultados.

O que é a Cochrane?

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A Cochrane é uma organização internacional independente e sem fins lucrativos que se dedica a fazer revisões sistemáticas de estudos primários em cuidados em saúde humana e políticas de saúde. Estas revisões que avaliam a qualidade dos estudos e o grau de fiabilidade das conclusões obtidas, são consideradas de elevado padrão na investigação em saúde baseada na evidência científica.

www.cochrane.org

Os trabalhos de investigação realizados, com um mínimo de consistência, sobre as aplicações da osteopatia e da quiropraxia focam-se nas técnicas manipulativas da coluna vertebral. Uma revisão destes trabalhos feita pela Cochrane mostrou que essas técnicas parecem ser tão eficazes (nem melhores, nem piores) como as práticas convencionais — exercícios e fisioterapia — para o alívio das dores lombares de origem desconhecida, tanto para dor crónica como para a dor aguda. Assim, o “custo do tratamento” torna-se um dos principais condicionantes na escolha do tratamento. Isso e a competência do terapeuta.

O médico de família Sanchez Silva acompanhou um doente que sofria de lombalgia há um ano quando decidiu recorrer a um terapeuta alternativo. “Estava a melhorar, mas não estava bem”, conta o médico que acompanhava o doente no centro de saúde. “Um dia apareceu-me no consultório privado, furioso, a pedir-me explicações por não estar a melhorar ao ritmo que queria. Tinha ido a um endireita a Viana do Castelo que lhe disse que tinha uma hérnia e que o médico — eu — era uma besta porque não o estava a tratar para esse problema.” O endireita fez algumas manobras para “tentar pôr a hérnia para dentro”, mas deixou o doente ainda pior. Sanchez Silva explica que as hérnias discais não se tratam assim e que nem sequer são visíveis à superfície da pele. “O que o doente tinha era um quisto sebáceo [um nódulo na pele] que ficou muito inflamado depois do endireita o espremer para ir para dentro.”

Acupuntura. Cuidado com as picadas que doem e sangram

Riscos:

  • hemorragia no local da inserção das agulhas e infeções da pele;
  • lesões dos nervos periféricos;
  • agravamento da asma;
  • convulsões;
  • lesões de órgãos, como pleura e pulmão, coração e pericárdio, vasos sanguíneos, medula espinhal e tronco cerebral;
  • transmissão de doenças infecciosas, relacionado com más condições de higiene.

As dores na região lombar (lombalgia) são um dos problemas mais comuns e uma das principais causas de absentismo (ausência no trabalho). A Organização Mundial de Saúde prevê que 80% das pessoas sofra de lombalgia pelo menos uma vez durante a vida. Este problema resulta muitas vezes na perda de qualidade de vida, perda de tempo útil na vida profissional e despesas avultadas com cuidados de saúde, causando um grande encargo tanto em termos individuais como de sociedade. Quando a causa não é específica, nem sempre é fácil de tratar, nem com medicamentos, nem com tratamentos manuais. E é isso que faz com que as pessoas procurem alternativas aos tratamentos convencionais.

Uma das terapias procuradas é a acupuntura, que consiste na inserção de agulhas finas em pontos específicos. Consoante a filosofia adotada, seja nas medicinas tradicionais chinesa, indiana (ayurveda) ou na medicina ocidental, os pontos de inserção das agulhas podem variar. A acupuntura médica (praticada por médicos convencionais) é a única que se baseia na investigação científica e é também a única reconhecida pela Ordem dos Médicos, há já mais de 30 anos. No entanto, Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, admitiu ao Observador em maio que a situação pode ser alterada. “Nos últimos estudos já não está a demonstrar a evidência científica que demonstrava. Temos de voltar a debatê-la [no seio da Ordem dos Médicos].”

Medicina tradicional chinesa. Uma opção segura ou um risco para a saúde?

Uma revisão dos artigos científicos feita pela Cochrane não encontrou evidência suficiente que permita recomendar a acupuntura no tratamento de lombalgia aguda. A mesma revisão verificou que no caso das dores lombares crónicas, fazer acupuntura é melhor do que não fazer tratamento nenhum, mas não é diferente de recorrer aos tratamentos convencionais. A combinação da acupuntura com os tratamentos convencionais parece aliviar a dor e melhorar a função, mas os efeitos são pequenos. Resultados pouco conclusivos ou efeitos pequenos são também referidos para outras dores crónicas, como na coluna cervical (pescoço) ou na osteoartrite (lesão nas cartilagens das articulações), conforme indica o Centro Nacional para a Saúde Complementar e Integrativa (NCCIH, na sigla em inglês), no Reino Unido.

Outra das possíveis aplicações é na redução da frequência e severidade das crises de dores de cabeça e enxaquecas. O NCCIH refere que, nestes casos, fazer acupuntura é melhor do que não fazer nada. Ainda que com pouca evidência científica, é sugerida a utilização para aliviar alguns sintomas associados aos efeitos secundários dos tratamentos contra o cancro. Mas sem evidência nenhuma está a possibilidade de usar acupuntura para fazer com que a pessoa deixe de fumar. Outras aplicações da acupuntura também não estão demonstradas cientificamente.

Ricardo Sousa recorda o caso de Inês (nome fictício), de 25 anos, que ficou com uma lesão no nervo mediano (um nervo que atravessa o pulso até à mão) por causa da acupuntura. A doente foi picada com uma agulha no punho, conta o médico. “No momento da picada queixou-se de sensação de choque elétrico na mão, mas o terapeuta disse que ‘era normal’.”Não era. “Ficou com dormências e com alteração da sensibilidade e da força durante meses.”

Naturopatia. Comportamentos saudáveis são importantes, mas não chega

Riscos:

  • atraso no diagnóstico;
  • rejeição dos tratamentos convencionais e da medicina convencional em geral;
  • ter doenças preveníveis, consequência da rejeição da vacinação.

Ao contrário do que é muitas vezes anunciado, a acupuntura não está livre de riscos — como o demonstrou o artigo científico publicado na revista científica Pain —, mas os efeitos adversos continuam a ser mais vezes referidos no ocidente do que no oriente — como referiu um artigo publicado no Boletim da Organização Mundial de Saúde. A maior parte deles é, no entanto, atribuída à má prática, más condições de higiene e má técnica de inserção.

Na verdade, não existe nenhum tratamento livre de riscos ou possíveis efeitos secundários, seja ele alternativo ou convencional. A diferença está entre conhecer esses riscos e alertar os doentes para os mesmos, como os médicos têm obrigação de fazer, ou anunciar que a prática é isenta de riscos, como fazem muitos praticantes das terapias alternativas. Outra das diferenças é anunciar a cura para determinadas doenças sem qualquer evidência científica, sendo o caso mais grave os terapeutas alternativos que prometem curar o cancro ou o VIH (vírus da imunodeficiência adquirida), quando nem a medicina convencional tem forma de o fazer.

Os maus resultados e más práticas nas terapias alternativas podem ser resultado da atuação de um profissional não qualificado. Na medicina convencional, também existem maus profissionais que podem prejudicar os doentes. A diferença é que os médicos têm uma ordem que os rege e consequências que podem ser aplicadas como resultado das suas más práticas. Mas quem é o responsável se sofrer consequências graves depois de um tratamento alternativo? Arrisca-se a que aconteça o mesmo que a Mario Rodríguez, um jovem de 21 anos, que morreu de leucemia por ter rejeitado a quimioterapia e ter preferido ser tratado por um “ especialista em medicina naturista e ortomolecular”, noticiou o jornal El País.

A ventosaterapia (ou "cupping"), que consiste em fazer vácuo de ar dentro de copos aquecidos, é outra das práticas que não tem qualquer fundamentação científica

Getty Images

O pai do jovem conseguiu levar o curandeiro a tribunal, mas o juíz entendeu que o tratamento proposto foi adotado de forma livre e consciente por Mario Rodríguez. “Não constitui objeto deste procedimento (…) se a denominada ‘medicina natural’ é uma alternativa real e eficaz aos tratamentos médicos existentes atualmente contra o cancro”, disse o juíz. “O que aqui se analisa é se se pode atribuir a morte do jovem Mario a título de negligência grave ao acusado (…), o que à luz das provas apresentadas e com base nas considerações expostas deve ser rejeitado.”

O juíz justificou que não ficou provado que os produtos receitados pelo curandeiro pudessem ter tido consequências negativas na saúde do jovem, assim como terá ficado provado até que ponto o atraso na retoma da quimioterapia pode ter prejudicado Mario Rodríguez. O jovem optou pelo tratamento alternativo antes de começar a segunda sessão de quimioterapia e só quando a situação agravou é que voltou ao hospital para ser tratado contra o cancro. O juíz, nas suas alegações, ainda sugeriu que o tratamento que o jovem recebeu nesse regresso ao hospital pode não ter sido o mais adequado.

A naturopatia é um movimento que nasce da ideia de uma medicina sem medicamentos e que promove comportamentos saudáveis, incluindo a ingestão de água, dietas rigorosas e exercício físico. Até aqui tudo bem. Nenhum médico convencional rejeita que um doente adote um estilo de vida saudável enquanto trata uma doença — mas não se esqueça da interação entre produtos naturais e medicamentos. O que não se pode aceitar é que as doenças graves possam ser tratadas só com recurso a esta filosofia. Além disso, a maior parte das práticas utilizadas — iridiologia, aromaterapia, oligoterapia, entre outras — não têm qualquer fundamentação científica.

Sempre que uma prática ou produto consegue demonstrar a sua eficácia no tratamento de uma determinada doença deixa de ser considerado alternativo e passa a estar integrado na medicina convencional. Este é o caso da artemisinina, um composto extraído da planta Artemisia annua (artemísia). Começou por ser estudada no âmbito da medicina tradicional chinesa e agora é usada para matar o parasita da malária no início da infeção. Atualmente, a artemisina é semissintética e produzida com tecnologia de ponta, mas valeu o prémio Nobel da Medicina em 2015 a Youyou Tu, investigadora na Academia Chinesa de Medicina Tradicional, que demonstrou a sua aplicação.

O Observador contactou a Associação Portuguesa de Homeopatia para obter um comentário sobre o caso de Girona e dados científicos que justificassem o uso de homeopatia no tratamento de doenças. A associação remeteu para a Sociedade Portuguesa de Homeopatia que até ao momento não deu qualquer resposta.

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