Vítor Constâncio teve a oportunidade formal de se opor ao aumento da participação de Joe Berardo no BCP, mas não o fez. Segundo o Público, o ex-governador do Banco de Portugal participou na reunião do Conselho de Administração do regulador, a 28 de agosto de 2007, que aprovou a ata da reunião anterior, de 21 de agosto, onde ficou decidida a não oposição do supervisor às intenções de Joe Berardo.

Constâncio já tinha garantido que, efetivamente, não estivera presente na reunião de dia 21, mas, ainda assim, poderia ter sido contra o investimento de Berardo na reunião seguinte, de dia 28, onde a ata foi aprovada, uma vez que em causa estava uma posição qualificada sustentada numa estrutura financeira especulativa. Um mês antes, o então governador da entidade supervisora tinha mesmo reunido com o empresário madeirense.

A 26 de julho de 2007, escreve o jornal, Vítor Constâncio recebeu Joe Berardo no Banco de Portugal para discutirem, nomeadamente, o pedido do empresário para aumentar a participação qualificada da Fundação José Berardo (FJB) no BCP de 3,88% para entre cinco e 9,99%, sustentada em crédito da Caixa. O encontro ocorreu já depois de Berardo ter enviado o pedido sobre a posição no BCP, mas onze dias antes de o empresário ter comunicado ao supervisor que iria ao mercado integralmente financiado pela Caixa. Na altura, os serviços do Banco de Portugal estavam ainda a avaliar a situação financeira subjacente ao pedido de Berado.

Vítor Constâncio na máquina do tempo. “Não me lembro. Não era o meu pelouro. Era tudo legal”

O Público questionou Constâncio sobre o encontro com Joe Berardo, mas o ex-vice presidente do Banco Central Europeu não respondeu em tempo útil. O jornal recorda ainda que na entrevista à RTP3, na última sexta-feira, Constâncio disse que nunca tinha chamado Berardo para avaliar os objetivos do aumento da posição no BCP. Vítor Constâncio regressa esta terça-feira à Comissão Parlamentar de Inquérito à Caixa Geral de Depósitos.

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