O antigo futebolista francês e ex-presidente da UEFA Michel Platini foi libertado na noite de terça para quarta-feira após 15 horas de detenção para interrogatório, no âmbito de um processo por suspeitas de corrupção na atribuição do Mundial de Futebol de 2022 ao Qatar. A libertação da antiga estrela francesa de futebol foi testemunhada por um jornalista da agência France Presse.
“A prisão preventiva foi levantada”, anunciou William Bourdon, o advogado de Platini perto da 1h00 em Paris (meia-noite em Lisboa). “Foi muito, muito barulho por nada”, sentenciou. “Esta detenção foi vista pelo Michel como uma medida injusta e desproporcional”, acrescentou.
Ao sair dos escritórios do gabinete de anti-corrupção da polícia judiciária francesa (OCLCIFF), em Nanterre, perto de Paris, Michel Platini deu as primeiras explicações: “Apesar de eu ter chegado como testemunha livre, puseram-me imediatamente em prisão preventiva. Isso foi mau”, disse Platini, com um ar cansado.
“Foi tudo muito longo”, acrescentou, precisando depois que lhe foram feitas perguntas “sobre o Euro 2016, o Mundial da Rússie, o Mundial do Qatar, o PSG e sobre a FIFA”. “Estive sempre sereno porque me sinto completamente estranho a todos estes assuntos”, sublinhou.
O seu advogado disse que considera o caso “terminado”. “Não consideramos, de forma nenhuma, que o Michel Platini possa ser considerado suspeito do que quer que seja, nem ontem, nem hoje nem amanhã”.
O Qatar foi nomeado anfitrião do Mundial 2022 em dezembro de 2010, ano em que Platini ainda exercia funções como presidente da União das Associações Europeias de Futebol (UEFA).
Platini foi eleito em 2007 e exerceu funções de presidência da UEFA até 2015, depois de ser banido por quatro anos pelo comité de ética da FIFA.
Com o fim da interdição agendada para outubro de 2019, o vencedor de três bolas de ouro nos anos 80 já tinha relatado ao The New York Times a vontade de limpar a imagem e voltar ao mundo do futebol.
Há mais de 40 anos que o nome Michele Platini soa na indústria do futebol. Depois de emergir como um dos grandes jogadores da década de 70, desempenhou um papel fulcral para a primeira grande vitória da seleção francesa de futebol — O Campeonato Europeu de 1984. Dez anos depois, em 1998, encabeçou o comité de organização do Campeonato do Mundo em França. Esse papel fê-lo tornar-se conselheiro de Blatter, presidente da FIFA entre 1998 e 2015, o que garantiu a sua entrada para a presidência da UEFA, em 2006.
Em 2015, a imagem de glória e sucesso associada ao seu nome desvaneceu. “A forma como as pessoas passaram a olhar para mim era totalmente diferente. Viam-me como um corrupto, como os outros. Tu não sais de casa. Tu pões um chapéu. Tu pões uns óculos”, diz ao jornal norte-americano.
“Quando acordas de manhã e não sabes para onde ir, ao fim de 50 anos de trabalho, e para onde não ir, porque não tens escritório, porque foste banido de tudo, foste banido da FIFA, não tens trabalho, o que tu fazes?”, confessou em junho ao mesmo órgão de comunicação.