A aliança europeia EU-Life, que agrega 13 institutos das ciências da vida, incluindo o português Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), pede à Comissão Europeia mais apoio à investigação colaborativa em biomedicina, que se queixa de ter diminuído.

O pedido, endereçado por carta, ocorre quando se ultima o próximo programa comunitário de apoio à investigação e inovação, o Horizonte Europa (2021-2027), que irá suceder ao Horizonte 2020 (2014-2020).

Em declarações à Lusa, a diretora do IGC, Mónica Bettencourt-Dias, disse que o alerta surge face à diminuição, no Horizonte 2020, do “peso das instituições que fazem investigação fundamental”, e não aplicada, em programas de investigação colaborativa entre várias instituições no campo da biomedicina.

“Há muito mais projetos liderados pela indústria”, afirmou, assinalando que, em média, oito a dez medicamentos resultam da “investigação fundamental colaborativa” entre instituições, como centros de investigação e hospitais, e não apenas do trabalho da indústria farmacêutica.

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Em comunicado, a EU-Life considera que “a falta de oportunidades de investigação em biomedicina” e “o risco de redução” do seu impacto na saúde das pessoas devem ser colmatados no Horizonte Europa, aprovado em abril pelo Parlamento Europeu, mas cuja verba global está por definir no quadro financeiro europeu plurianual para 2021-2027.

A Comissão Europeia propôs para o Horizonte Europa uma verba de cerca de 100 mil milhões de euros, enquanto o Parlamento Europeu um montante de cerca de 120 mil milhões de euros.

O comunicado refere, citando dados de dez institutos da EU-Life, que “houve uma redução drástica, de 60%, no nível de participação destas organizações nos consórcios de Desafios Societais da Saúde” entre o programa comunitário de apoio à investigação de 2007-2013 e o Horizonte 2020.

Ainda no quadro do Horizonte 2020, mas no Programa de Trabalho 2014-2015 sobre “Personalizar a saúde e os cuidados”, a EU-Life assinala que apenas três concursos “se centraram na compreensão dos mecanismos de saúde e doença, enquanto que 31 no desenvolvimento de diagnósticos, tecnologias inovadoras, sistemas de cuidados e políticas de saúde”.

Para Mónica Bettencourt-Dias, citada no comunicado, a falta de “mecanismos que garantam a sustentabilidade da investigação científica fundamental” pode comprometer, “num futuro não muito distante”, a resposta a dar “aos desafios da saúde e da doença”.