A moeda digital do Facebook, a Libra, só deve ser lançada em 2020 e já está a preocupar o sistema financeiro britânico. Christopher Woolard, um dos responsáveis pelo regulador financeiro britânico (FCA, na sigla em inglês) afirma que a moeda digital cria vários problemas relativos à proteção do consumidor e à ameaça pode representar à privacidade, avança o The Guardian.
Moeda digital do Facebook ameaça estabilidade financeira, diz supervisor
“O seu tamanho e escala levanta questões para a sociedade e governo acima do que é geralmente aceitável e desejável neste campo [económico]”, afirmou Woolard numa conferência em Cambridge. Na semana passada, o Banco de Pagamentos Internacionais (BIS) também já se tinha pronunciado contra a moeda que o Facebook quer lançar.
“Historicamente, este pode ser um sector que tem vivido pela regra de ‘ser rápido e disruptivo’, mas os problemas que levanta requerem que se pense neles com profundidade e detalhe”, continuou Woolard. Segundo o executivo da FCA, o Facebook tem de estar preparado para um escrutínio apertado do reguladores.
O Facebook anunciou oficialmente a criptomoeda Libra (o nome é assim também em inglês) em junho. A rede social vai utilizar a tecnologia (que permite efetuar transações virtuais entre pessoas e organizações sem intermediários), comum a estas tecnologias e criou uma subsidiária chamada “Calibra” para o investimento nesta moeda digital. Além disso, a Calibra vai fazer parte da “Rede Libra”, a associação da criptomoeda que conta com a participação de empresas como a Visa, a Vodafone, a Uber, o Ebay, o Spotify e o unicórnio (startup avaliada em mais de mil milhões de dólares) português sediado em Londres, a Farfetch.
Desde que foi revelado que a empresa fundada e liderada por Mark Zuckerberg ia investir numa criptomoeda, o presidente executivo tem trabalhado com autoridades financeiras britânicas e norte-americanas.
A moeda digital do Facebook tem como objetivo facilitar a transação de dinheiro globalmente. À semelhança de outras carteiras digitais, o Facebook quer que quem adira possa “guardar, transferir e gastar Libra” em transações como comprar um café ou bilhetes de metro. quando for lançada, as transferências com a libra vão ter “um custo zero ou muito reduzido” para quem tenha um smartphone.
Farfetch. Facebook vai lançar criptomoeda com ajuda de unicórnio português
As criptomoedas são unidades de dinheiro digital que utilizam como base a tecnologia blockchain. Esta inovação tem gerado bastante interesse entre os investidores — e até assustado a banca. Em 2018, a bitcoin, a criptomoeda mais conhecida, bateu recordes, com os primeiros investidores a tornarem-se multimilionários. Depois, desceu a pique — mantendo, mesmo assim, uma valorização de cerca de dois mil euros — para, agora, estar de novo a subir (atualmente, uma bitcoin vale mais de 10 mil euros). Contudo, as quedas num espaço de horas de oscilação de valor desta moeda rondam, por vezes, os milhares de euros.