A Fundação Berardo “repudia com veemência as aleivosias” lançadas pelo ex-sócio do empresário madeirense nas respostas enviadas à comissão parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos. Numa reação remetida ao Observador, fonte oficial da Fundação admite mesmo processar Francisco Capelo, mas remete uma decisão para depois da leitura das respostas feitas por escrito e de conferir se foram reproduzidas fielmente pela comunicação social. Só então, acrescenta, vai avaliar se “vale a pena processar esse Cidadão ou antes ignorar os dislates do mesmo, como tem sido norma de alguns visados pelo seu fel”.
Sobre a tese defendida por Francisco Capelo de que a Fundação Berado foi entendida como uma entidade criada para beneficiar de privilégios fiscais, a mesma fonte assegura que a fundação “sempre desenvolveu a sua atividade dentro do âmbito dos seus fins estatutários de utilidade pública”. Nas respostas enviadas à comissão de inquérito, Francisco Capelo, que se afastou dos negócios de Joe Berardo no final do século passado, refere os benefícios fiscais que a fundação usufruiu, nomeadamente ao nível do imposto sobre mais-valias sobre investimentos financeiros. E acrescenta que esse benefício fiscal era fundamental para alguém com o perfil do investidor madeirense.
Antigo sócio diz que Fundação Berardo era vista como fachada para privilégios fiscais
A Fundação Berardo foi usada em várias operações financeiras, das quais a mais conhecida foi a compra de uma participação no capital do BCP com um financiamento da Caixa Geral de Depósitos que entrou em incumprimento. Este tem sido um dos temas centrais do inquérito parlamentar à gestão do banco público.
A Fundação Berardo considera ainda que as declarações do antigo parceiro de negócios do empresário madeirense não surpreendem, porque são similares a outras que já lançou sobre outras entidades de utilidade pública e seus responsáveis, sem os identificar.
Francisco Capelo diz ainda que uma das razões pelas quais rompeu a associação ao empresário madeirense foi o objetivo que este teria de vender a coleção de arte moderna que ajudou a construir com o encaixe financeiro obtido em operações realizadas nos anos 90 do século passado.