Estávamos em 1975 quando um Giorgio Armani de 41 anos decide arriscar a solo na indústria da moda e cria uma marca homónima, a mesma que, tantos anos depois, permanece uma das últimas griffes independentes que não foi absorvida por um conglomerado de luxo, contrariando uma tendência com expressão significativa no setor. Esta quinta-feira, 11 de julho, o homem que criou um estilo próprio para homem e mulher, assente na sofisticação e no minimalismo, celebra 85 anos de vida. Com a saída de Valentino em 2008 das passerelles e com o desaparecimento de Karl Lagerfeld — diretor da Chanel que morreu em fevereiro deste ano precisamente aos 85 anos — Armani é, segundo o El País, “o último imperador da moda”.

Karl Lagerfeld. O último kaiser sabia que parar é morrer

Armani — com uma fortuna avaliada em 9.6 mil milhões de dólares, segundo a revista Forbes — é o único dono da empresa Armani, que congrega as diferentes linhas: de Giorgio Armani, prêt-à-porter mais clássico, à X Armani Exchange, bem mais casual. Até hoje, o designer é um exemplo raro de gestão visto que comanda os destinos do negócio tanto do ponto de vista criativo como administrativo. Armani continua no ativo, com o mesmo jornal a falar em “apogeu profissional”. 

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Lenda viva no mundo da moda, o designer é responsável, entre outras coisas, por trazer um estilo suave e minimalista à roupa masculina de alta qualidade e um toque andrógino à moda no feminino. Mas o caminho trilhado neste universo nem sempre foi claro. Nascido em 1934 na comuna italiana de Placência, chegou a estudar medicina, um curso interrompido pelo serviço militar. Posteriormente, trabalhou em Milão enquanto vitrinista e assistente de compras na loja de departamentos La Rinascente — à semelhança de uma Harrod’s em Londres e das Galeries Lafayette em Paris.

Mais tarde, já na década de 60, começa a trabalhar como designer para a linha masculina da marca Nino Cerutti, cargo que ocupa durante os próximos seis anos. Segue-se trabalho de freelancer e um sucesso relativo que faz com que Armani decida inaugurar a sua própria griffe com a ajuda de um amigo, Sergio Galeotti, que até morrer — vítima de leucemia em 1985 — assume a parte administrativa do negócio.

O estilo de Armani ganha projeção à escala global quando este desenha o guarda-roupa de Richard Gere no filme de sucesso “American Gigolo” de 1980, entrando de vez no domínio das celebridades. Segue-se a produção de looks para a série de televisão “Miami Vice”, transmitida entre 1984 e 1989.

O relacionamento com celebridades ganha força nas décadas de 1980 e 1990, depois de a marca vestir atores como John Travolta, Jodie Foster ou Julia Roberts — esta recebe um Globo de Ouro em janeiro de 1990 vestindo Armani — mas a primeira celebridade a usar roupa da marca na passadeira vermelha foi mesmo Diane Keaton, em 1978, ano em que conquistou o Óscar de melhor atriz pela sua performance em “Annie Hall”. A relação mais afincada é mesmo com a atriz australiana Cate Blanchett, que no ano passado tornou-se na primeira embaixadora global da Giorgio Armani Beauty.

Elegância e simplicidade são duas características associadas ao estilo de Armani que, introduzido no mercado norte-americano, tornou-se símbolo de desejo dos homens, escreve a brasileira Metrópole, também por ocasião do 85.º aniversário do designer. As roupas por ele criadas sempre se distinguiram das de outros designers italianos como Roberto Cavalli e Gianni Versace.

A vasta fortuna de Giorgio Armani não se concentra apenas nas linhas de roupas, uma vez que o designer alcançou, ao longo dos anos, outras áreas de negócio, de acessórios e perfumes a restaurantes e hotéis. Ainda não se conhece o sucessor da marca, mas sabe-se que serão os sobrinhos do designer a herdar o seu património, uma vez que ele não tem filhos.

Talvez já a pensar no futuro, o italiano criou em 2016 uma fundação para ajudar a tomar conta da empresa na sua ausência. Por enquanto, Armani continua aos comandos do sonho que criou.