Marlon Williams
17h,30 palco EDP
Há quem traga à comparação Jeff Buckley, há quem prefira falar em Elvis Presley, mas todas as comparações são com gigantes. Não se trata tanto da música, como se percebe pelos nomes acima (nesse campeonato, Buckley pouco tem a ver com Elvis), mas antes do magnetismo, de uma voz capaz de hipnotizar e arrebatar. Depois de três concertos dados em Portugal — no festival Vodafone Paredes de Coura, no Theatro Circo (em Braga) e no Lisboa ao Vivo (na capital portuguesa) —, regressa para uma atuação em Lisboa. Pena o horário diurno do concerto, pouco condizente com a sobriedade soturna das suas canções doridas.
Glockenwise
18h15, palco EDP
Tem sido constante o crescimento da banda de Barcelos. Longe vão os tempos em que eram miúdos despreocupados, a fazer canções de rock de garagem acelerado, juventude sónica que metia no mesmo caldeirão o indie-rock dos 2000 (os The Strokes, os Franz Ferdinand…) e o garage-punk jovial mais tardio da Burguer Records. Eram uma banda simples, rock direto, canções simples e festivas, alegria na voz e nas guitarras e bateria. Com o tempo mudaram: Heat, disco de 2015, apurava a fórmula e afinava o som, trazia ainda canções em inglês mas em que a juventude e felicidade misturavam-se já com alguma melancolia. No Super Bock Super Rock, o foco do alinhamento deverá passar por Plástico, o disco cantado em português que editaram no ano passado e que os colocou em definitivo na lista de nova banda incontornável da música nacional. Estão adultos, incisivos, mordazes, tão rock and roll como antes mas mais aprimorados. Quem puder, não deve perder: é a banda certa no momento certo.
Cat Power
19h15, palco Super Bock
Dispensa apresentações muito longas, até porque a carreira na música já vai longa, os concertos em Portugal já são alguns e a importância na história da música americana deste século é indiscutível. O horário é bom: não poderia haver melhor do que fim de tarde e início de noite para espreguiçar com aquela folk tão assombrada quanto doce, tão sóbria e triste quanto aconchegante. Apesar de uma ou outra canção dispensável (e não mais do que isso), o seu último disco Wanderer, que motiva o regresso a Portugal, tem pelo menos uma mão cheia de canções bem boas (e atrás tem quase mais uma dezena de álbuns), uma das quais um dueto com Lana Del Rey. Haverá dueto no Meco?
Dino D’Santiago
20h, palco EDP
Recuperamos o que escrevemos aquando da edição deste ano do NOS Primavera Sound: o funaná com tons eletrónicos virou pop. A nova Lisboa olha nos olhos as outras capitais e tem pretensões a epicentro da lusofonia, querendo dar cartas também além do fado, já reconhecido e aclamado internacionalmente. Madonna está atenta, a revista norte-americana Rolling Stone — publicação musical de referência em todo o mundo — também e isso são boas notícias. Nascido na Quarteira, com raízes cabo-verdianas, o músico e cantor Dino D’Santiago aproveitou a onda que os Buraka Som Sistema e Branko começaram a surfar e fez um alley-oop com Mundu Nôbu, álbum lançado no último ano. Se no festival do Porto teve um horário que não ajudou à festa esperada (abriu o festival, dando o primeiro concerto do primeiro dia, ainda durante o tarde), no Meco a celebração de lusofonia deverá ser maior. E presumivelmente melhor do que a dos (mais estafados) Jungle.
Branko
21h45, palco EDP
No NOS Primavera Sound de este ano teve uma enchente a dançar a sua eletrónica mestiça — Brasil encontra África, Lisboa encontra Luanda, pop encontra kuduro —, mas no Super Bock Super Rock o espetáculo deverá ser distinto. Para o primeiro festival foi convocado à última hora, para suprir um cancelamento, mas neste o espetáculo está marcado há muito e não deverão faltar convidados para o abrilhantar. Como Nosso, o último álbum, é um tiro certeiro e recente (foi editado já este ano), tem tudo para ser marcante. Mesmo que deva ter menos gente no seu concerto do que Metronomy, popularíssimos autores de pop saltitante, dançante, mas relativamente esquecível e insonsa.
Lana Del Rey
0h15, palco Super Bock
Antes de Lana Del Rey, o palco é dos Jungle, que no ano passado atuaram em Portugal duas vezes, no festival Super Bock em Stock e no festival Vodafone Paredes de Coura — daí surpreender a escolha do grupo para horário nobre do palco principal deste festival. O grande destaque vai, assim, para Lana Del Rey, uma das responsáveis pela lotação dos bilhetes diários para este dia de arranque. É um bom nome para um festival que se quer tão popular quanto cool: com um pé no indie e outra na pop, com cantoria dengosa que derrete corações, só atuou em Portugal uma vez, há já sete anos, neste mesmo festival, pelo que não é “mais um cromo repetido”. Desde esse concerto anterior, já lançou três álbuns (Ultraviolence, Honeymoon e Lust For Life) e tem mais um na calha, intitulado Norman Fucking Rockwell e com canções reveladas como “Venice Bitch” e “Hope is a Dangerous Thing For a Woman Like Me To Have – But I Have It”. Na internet e na crítica discute-se a autenticidade, mas se é personagem (e até deve ser) é muito bem.