O Tribunal Judicial de Almada decidiu adiar a leitura da sentença de Diana Fialho e Iuri Mata, acusados pela morte da mãe e sogra Amélia Fialho. Uma nova sessão foi marcada para o dia 29 de julho — só aí será marcada a leitura da sentença.

O exame pericial feito aos equipamentos informáticos em setembro do ano passado, pela PJ, ainda não constava no processo e só foi acrescentado esta quinta-feira — um dia antes da leitura do acórdão. Isto levou os advogados de defesa a pedir tempo para se pronunciarem.

O atraso deve-se também a uma alteração da qualificação jurídica do crime. Os arguidos estão acusados de um crime homicídio qualificado (artigo 132.º do Código Penal) por três razões, previstas nas alíneas a), i) e j) : “Ser descendente ou ascendente, adoptado ou adoptante, da vítima”; “Utilizar veneno ou qualquer outro meio insidioso”; e “Agir com frieza de ânimo, com reflexão sobre os meios empregados ou ter persistido na intenção de matar por mais de vinte e quatro horas”.
Os juízes entendem que deve somar-se mais uma, a prevista na alínea e): “Ser determinado por avidez, pelo prazer de matar ou de causar sofrimento, para excitação ou para satisfação do instinto sexual ou por qualquer motivo torpe ou fútil”.

O caso é de setembro do ano passado. Diana Fialho, filha adotiva de Amélia, anunciou no Facebook, numa publicação feita às 23h29, que a mãe tinha sido vista pela última vez no dia 1 de setembro, sábado, entre as 21h00 e as 22h00. “Avisou que iria sair e desde então que não temos notícias dela. O telemóvel encontra-se desligado e não há meio possível de contacto”, lia-se na publicação.

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Da adoção ao homicídio. O caso da morte de Amélia Fialho, a professora assassinada pela filha no Montijo

Três dias depois, o cadáver de Amélia apareceu carbonizado, em Pegões, a cerca de 40 quilómetros da sua casa, no Montijo. Amélia tinha sido drogada com comprimidos e acabou por desmaiar em cima de um cobertor, perto da sua cama, onde a cadela dormia. Com a professora adormecida, o casal terá usado um martelo para a agredir violentamente no crânio e garantir que não acordava. Depois, Diana e o marido embrulharam o corpo de Amélia Fialho naquela manta da cadela e transportaram-no pelo elevador até à garagem. Com o corpo na bagageira do carro, seguiram até Pegões.

Pelo caminho, ainda no Montijo, pararam para comprar gasolina, como se vê nas imagens de videovigilância de uma bomba a que a PJ teve acesso. Deslocaram-se até Pegões, a um terreno agrícola junto ao quilómetro 38,5 da Estrada Nacional Nº.4, onde colocaram o corpo da vítima e, com recurso à gasolina recém adquirida, atearam fogo ao cadáver.

Depois de encontrar o corpo, a Polícia Judiciária precisou de apenas um dia e meio para deter os suspeitos. Dias antes, Diana e Iuri terão procurado na internet caminhos de terra batida na zona e pesquisaram sobre medicamentos que provocassem na vítima um sono profundo. O casal foi ainda filmado, por câmaras de videovigilância, na bomba de gasolina onde compraram o combustível para queimar o corpo e na ponte Vasco da Gama, a partir da qual lançaram o martelo para o rio Tejo. Em 36 horas, a PJ tinha reunido provas suficientes para deixar o casal sem opção senão confessar o que aconteceu.

Do sangue no quarto ao martelo atirado ao Tejo. 36 horas para deter a filha e o genro da professora