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Da adoção ao homicídio. O caso da morte de Amélia Fialho, a professora assassinada pela filha no Montijo

Diana foi adotada aos 9 anos pela professora solteira que adorava viagens. Formou-se em matemática, conheceu e casou com Iúri. Ambos terão matado Amélia por dinheiro. Esta quinta começa o julgamento.

Era o arranque de mais um ano letivo e não havia sinal da professora de Física e Química. As aulas ainda não tinham começado, mas era esperava-se que todos os professores se apresentassem, na Escola Secundária Jorge Peixinho, no Montijo. “Alguém já viu a Amélia? Sabes da Amélia? A Amélia já chegou?”, vai repetindo, Sandra Eugénio, professora de Educação Física naquela mesma escola, recuando àquela manhã segunda-feira, dia 3 de setembro de 2018. “Achámos estranho a Amélia não estar. Ela nunca faltava a coisa nenhuma. Adorava o que fazia: a escola, os miúdos”, recorda em declarações ao Observador. Os professores só conseguiam pensar numa explicação: talvez tivesse ido viajar e ainda não tivesse chegado. “Ela tinha duas paixões: viajar e a cadela”, explica Sandra.

Mas, à noite, a notícia caiu como uma bomba. Amélia, de 59 anos, não tinha apenas faltado ao trabalho: estava, afinal, desaparecida. Foi a própria filha adotiva, Diana Fialho, que o anunciou no Facebook, numa publicação feita às 23h29, onde dava conta de que a mãe tinha sido vista pela última vez no dia 1 de setembro, sábado, entre as 21h00 e as 22h00. “Avisou que iria sair e desde então que não temos notícias dela. O telemóvel encontra-se desligado e não há meio possível de contacto”, lia-se.

Amélia Fialho era professora da Física e Química na Escola Secundária Jorge Peixinho (JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR)

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

A esperança mantinha-se, entre os professores e amigos. Continuavam a acreditar que Amélia tinha ido viajar e, por alguma razão, não tinha avisado ninguém. “Mas também havia um pormenor que nos deixava um bocadinho preocupadas: ela tinha deixado a cadela. E ela não ia a lado nenhum sem a cadela”, conta a diretora da escola, Maria João Serra ao Observador. A funcionária da receção da escola, que há mais de 20 anos via a professora Amélia a entrar pela porta à sua frente — “Ela muito baixinha e andava muito depressa. Logo de manhã, ia ao bar e bebia o seu cafezinho: ‘Quero um cafezinho para despertar‘. Depois, lá ia ela para as aulas”, lembra —, tinha outra teoria. “Ela zangou-se e foi para casa de alguém. Depois volta”, disse a dona Rosário, de 62 anos, como ali é conhecida.

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"Ela muito baixinha e andava muito depressa. Logo de manhã, ia ao bar e bebia o seu cafezinho: 'Quero um cafezinho para despertar'. Depois, lá ia ela para as aulas"
Dona Rosário, funcionária da Escola Secundária Jorge Peixinho

Todas as teorias foram por água abaixo, no final da semana, quando o corpo da professora foi encontrado carbonizado em Pegões, a cerca de 40 quilómetros da sua casa. O entusiasmo do regresso às aulas, já esbatido pelo desaparecimento de Amélia, ficou completamente assombrado pelos contornos violentos do seu homicídio. No dia seguinte a saber-se a notícia, os professores voltaram à escola para a habitual reunião geral. “Já se sabia o que tinha acontecido. Foi horrível. Estávamos todos muito constrangidos”, recorda Sandra Nóbrega. A professora de Educação Física não hesita quando admite que, logo naquela reunião geral de professores, afirmou: “A Diana está metida nisto”. A diretora, entre o dissabor de ter de contratar uma professora de Física e Química que substituísse Amélia, chegou a aconselhá-la, em jeito de preocupação, a ter “cuidado com o que dizia”. No dia seguinte, Diana Fialho e o marido, Iúri Mata, foram detidos com fortes suspeitas de serem os autores do crime.

A cadela de Amélia Fialho foi acolhida pelo seu veterinário (DIREITOS RESERVADOS)

Se Sandra estava certa ou não, vai (começar) a saber-se a partir desta quinta-feira, com o arranque do julgamento do casal acusado pelo Ministério Público por um crime de homicídio qualificado e um crime de profanação de cadáver. Dez meses passaram. O ano letivo já terminou. A cadela de Amélia, a Princesa, foi acolhida pelo seu veterinário. Uma gata que também tinha, a Pepa Sofia, ficou com a subdiretora da escola. “A vida seguiu”, admite a professora ao Observador. Mas a revolta vai-se apoderando de Sandra. Só deseja que Diana, de 23 anos, e Iúri, de 27, sejam condenados à pena máxima: 25 anos de prisão. E aconselha: “É bom que nunca mais voltem ao Montijo”.

As agressões, a herança e o casamento que supreendeu todos

A desconfiança da professora Sandra — “A Diana está metida nisto” — não foi proferida da boca para fora. Há uns meses, Amélia tinha aparecido na escola com nódoas negras no corpo e chegou a dizer entre os colegas que, se alguma coisa lhe acontecesse, a filha teria de estar envolvida. Ao longo daquele ano letivo 2017/2018, ao fim de mais de 20 anos, a dona Rosária começou a ver entrar pela porta da escola uma Amélia “muito em baixo” e não a pessoa divertida e bem disposta a que se habituara a ver todas as manhãs.

Os problemas terão começado quando Diana foi para a faculdade tirar Matemáticas e se tornou namorada de Iúri. “Começaram os problemas e começou a agredir a mãe. Um dia, inclusive, apareceu com marcas”, conta a professora Sandra Nóbrega. Não era segredo para ninguém. Os próprios vizinhos, muito embora recordem Amélia como a mulher que “passava com a cadelinha, mas não falava muito”, ouviram muitas dessas discussões. “Quando a polícia apareceu aqui eu até disse: Deus queira que a filha não tinha nada a ver com isto“, conta um deles ao Observador.

A professora terá sido assassinada na sua própria casa, no Montijo (JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR)

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Na origem dessas discussões estaria a herança que a professora poderia ou não vir a deixar a Diana Fialho. “A Amélia dizia-me sempre que não sabia se ia pôr a filha ou não no testamento. Ela tinha algumas reservas. Ela amava muito a Diana mas nunca deixou de ser ponderada nas decisões que tomou”, diz Sandra Nóbrega. No final dos anos 90, a professora fez um testamento integralmente a favor da Casa do Gaiato. “Ela era essa mulher. Uma mulher de causas. Era menina para deixar tudo a alguma instituição”, acrescentou. Em 2013, já seis anos depois de ter adotado Diana, revogou o testamento, colocando a filha como única herdeira. Além da casa onde os três viviam no Montijo, Amélia tinha ainda outra casa naquela zona. E tinha recentemente vendido uma outra propriedade.

Um dia — Sandra não consegue bem precisar em que ano —, Diana saiu de casa e foi viver com Iúri Mata para o Pinhal Novo. “A Amélia ficou muito revoltada e triste porque, por algum motivo, sentia que tinha falhado como mãe”, conta a professora Sandra. Amélia conseguiu “chamar Diana à razão”. “Convenceu-a a voltar aos estudos, disponibilizou-se para pagar os estudos do rapaz, e supostamente, aquilo começa a correr bem e até casaram”, conta. O casamento aconteceu no dia 12 de julho de 2018 — nem dois meses antes do homicídio — na igreja do Montijo. “Ficou tudo surpreendido”, admite Sandra.

Diana Fialho e Iuri Mata casaram-se nem dois meses antes do homicídio da professora Amélia. (DIREITOS RESERVADOS)

DR

Os problemas não pararam, ainda assim. “Ela sustentava tudo, mas não dava dinheiro a ninguém. Era ela que pagava as coisas, mas não sustentava os vícios. E isso pode ter sido o problema”, admite a professora e amiga Sandra Nóbrega. O próprio Ministério Público menciona na acusação que os dois “arguidos nada faziam para se sustentarem”. Dias antes do homicídio, a professora terá dito à filha que ia alterar o testamento para aquele que tinha feito em 1998 a favor da Casa do Gaiato. Amélia, que chegou mesmo a fazer queixa das agressões à PSP, “nunca pensou que fosse tão longe”, conta ainda a amiga. Sandra também nunca pensou que  Diana “fosse tão longe” e tem uma pergunta sem resposta: “O que é que a [Diana Fialho] levou a fazer mal à única pessoa que lhe fez bem?”.

Diana foi adotada aos nove anos.”Saiu-lhe a sorte grande”

Diana nasceu a 1 de outubro de 1995. Era Diana Rodrigues e pouco se sabe dos seus primeiros anos de vida (nem a investigação do homicídio entra por aí). Apenas que passou a infância de casa em casa e de instituição em instituição, entre o Monte da Caparica e Almada. Amélia nunca falou muito do passado de Diana. Resumia-o perante os colegas à expressão: “Um meio onde tinha havido abusos”. Diana chegou a viver com uma irmã até aos quatro anos, idade com que passou a viver com outra irmã, Susana Lima. Numa entrevista à SIC, Susana recorda que recebeu Diana “com piolhos, com calçado muito mais pequeno do que o pé dela, roupa muito fina para a época e com fome”. Susana viria a ser acusada por Diana de maus tratos — um “processo complicado” que durou oito anos em tribunal, segundo o que disse na entrevista.

A professora Amélia adotou-a quando tinha nove anos. “Ela frequentava a igreja e dedicava-se a obras de caridade e foi numa das saídas solidárias dela, relacionadas com a Igreja, que soube da história da Diana e a descobriu”, recorda a professora Sandra. Amélia era católica e, ainda hoje, é recordada na igreja do Montijo, onde são dadas, com frequência, missas em sua memória — a última aconteceu no final de julho. A professora nunca tinha sido casada, era “uma mulher sozinha” que sempre tinha tido o desejo de adotar. Assim aconteceu. Diana Rodrigues passou a ser Diana Fialho, em 2004. “À Diana, saiu-lhe a sorte grande”, defende Sandra Nóbrega.

Amélia Fialho é recordada pelos amigos como uma mulher divertida, bem disposta e católica (JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR)

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Diana era também “filha da escola”, da Escola Secundária Jorge Peixinho. “Enquanto a Amélia dava aulas, a miúda ficava ali com a gente. Era muito meiga, muito simpática. A professora vivia para aquela menina“, conta a dona Rosária. Acabaria por tirar o ensino secundário naquela escola, antes de se licenciar em Matemática, em Lisboa. “Quando ela se formou, a mãe da Amélia, coitada, ia levá-la sempre, todos os dias, ao barco para ir à faculdade”, diz Rosária.

Foi aquela menina, “filha da escola”, que ali chegou “muito chorosa”, no arranque do ano letivo, porque a mãe teria desaparecido. “A escola disponibilizou-se a ajudá-la caso precisasse de alguma coisa. A professora Lucinda foi com ela ao supermercado comprar mercearias”, conta Rosário. Foi essa a professora com quem Amélia tinha desabafado e contado que tinha havido uma agressão dois dias antes do crime, durante uma caminhada que habitualmente fazia. Lucinda foi a última pessoa a ver Amélia com vida, além de quem a matou.

"Enquanto a Amélia dava aulas, a miúda ficava ali com a gente. Era muito meiga, muito simpática. A professora vivia para aquela menina"
Dona Rosário, funcionária da Escola Secundária Jorge Peixinho

Sandra Nóbrega, que também foi professora de Diana Fialho, acredita que Amélia só podia ter sido apanhada desprevenida. “A Amélia era uma mulher de fibra. Não lhe olhassem ao tamanho! Ela era muito pequenina e tinha um andar muito peculiar e quando estávamos no bar e ouvíamos os passos dela, percebíamos logo: ‘Lá vem a Amélia‘”.

“Sinto uma grande dor pela perda da minha mãe”. Diana Fialho acusa marido pelo crime

De acordo com a acusação, Sandra está certa: Amélia terá sido apanhada desprevenida. Isto porque, foi drogada antes do homicídio. Os comprimidos, uns medicamentos que tinham lá por casa, terão sido esmagados pela filha e colocados na garrafa de Amélia. A mãe acabou por desmaiar em cima de um cobertor, perto da sua cama, onde a cadela Princesa dormia. Com a professora desmaiada (ou já morta), o casal terá usado um martelo para a agredir violentamente no crânio e garantir que não acordava.

Segundo a acusação do Ministério Público a que o Observador teve acesso, Diana e o marido “embrulharam o corpo de Amélia Fialho” naquela manta da cadela e transportaram o corpo “pelo elevador até à garagem onde colocaram o corpo na bagageira da viatura Opel Astra, habitualmente utilizado pelos arguidos” e que ainda se encontra num parque de estacionamento junto à casa da professora.

O corpo de Amélia Fialho terá sido transportado neste Opel Astra cinzento estacionado nas traseiras do prédio onde viveu. (JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR)

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Com o corpo na bagageira do carro, seguiram até Pegões. Pelo caminho, ainda no Montijo, pararam para comprar gasolina, como se vê nas imagens de videovigilância de uma bomba a que a PJ teve acesso. Abandonaram o corpo embrulhado na manta num descampado e deitaram-lhe fogo, utilizando a gasolina para acelerar o processo. “Deslocaram-se até Pegões, a um terreno agrícola junto ao quilómetro 38,5 da Estrada Nacional Nº.4, onde colocaram o corpo da vítima e, com recurso à gasolina recém adquirida, atearam fogo ao cadáver da vítima, sem mostrar qualquer respeito pelo cadáver da mãe e sogra dos arguidos”, lê-se no documento.

A Polícia Judiciária (PJ) não demorou nem 48 horas a deter os suspeitos. Os alegados assassinos deixaram um rasto. Dias antes procuraram na internet “caminhos de terra batida” na zona e pesquisaram sobre “medicamentos que provocassem na vítima um sono profundo”. O casal foi filmado, por câmaras de videovigilância, na bomba de gasolina onde compraram o combustível para queimar o corpo e na ponte Vasco da Gama, a partir da qual lançaram o martelo para o rio Tejo. Em 36 horas, a PJ tinha reunido provas suficientes para deixar o casal sem opção senão confessar o que aconteceu.

Do sangue no quarto ao martelo atirado ao Tejo. 36 horas para deter a filha e o genro da professora

Nas buscas realizadas na casa da professora, a PJ encontrou, na carteira de Amélia, uma carta de Diana, sem data. “Desculpa. Agi mal. Sei que não impingiste nada ao Iuri e que fazes tudo por nós. Eu estava irritada devido ao excesso de conversa sobre tal assunto que já havia pedido silêncio e acabei por descarregar em ti. Verdade. Errei, mas não volta acontecer. Agradeço tudo o que fazes por nós e gosto muito de ti, mesmo que as vezes penses que não”, lia-se.

"Desculpa. Agi mal. Sei que não impingiste nada ao Iuri e que fazes tudo por nós. Eu estava irritada devido ao excesso de conversa sobre tal assunto que já havia pedido silêncio e acabei por descarregar em ti"
Carta de Diana Fialho

A advogada da arguida, Tânia Reis, chegou a fazer um pedido de abertura de instrução — fase facultativa em que um juiz de instrução criminal decide se o processo segue para julgamento — para evitar que Diana Fialho fosse julgada. A defesa pedia a nulidade da acusação, alegando que o relatório da autópsia do corpo da vítima ainda não tinha sido anexado ao processo, “pelo que não há indícios de que os arguidos tenham praticado os factos”, lê-se no despacho de pronúncia a que o Observador teve acesso. Mas o juiz de instrução do Tribunal de Instrução Criminal do Barreiro, Carlos Delca, decidiu seguir para julgamento.

Diana Fialho está em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Tires e Iuri Mata no do Montijo. A jovem de 23 anos falou à revista Maria e garantiu que, quando chegou ao quarto, Amélia “já estava morta”. “Fiquei desesperada. Por medo de o Iuri poder fazer-me algo semelhante”, conta como forma de justificar por que razão o terá ajudado depois a livrar-se do corpo. “Sinto uma grande dor pela perda da minha mãe. Era a única pessoa com quem eu podia contar. Sempre me amou e eu a ela. Neste momento, sinto um vazio muito grande. As pessoas que eu amava desapareceram: o Iuri que não existe mais, e depois as saudades que sinto da minha mãe”, disse. Já a mãe do arguido, numa entrevista à CMTV, garantiu: “Ao meu filho nunca na vida lhe passaria isto pela cabeça”.

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