O Messenger Kids foi a primeira aplicação do Facebook lançada para menores de 13 anos e tem um objetivo: deixar que as crianças possam utilizar o serviço de mensagens da empresa fundada e liderada por Mark Zuckerberg. Contudo, há uma salvaguarda, apenas podem falar com quem os pais autorizem. Esta terça-feira, como revela o The Verge, descobriu-se um grave erro: uma falha no design nas conversas de grupo deixa que os menores possam falar com estranhos.
Desde a semana passada que o Facebook, em vez de emitir um comunicado, tem enviado uma mensagem aos pais dos utilizadores afetados a afirmar que “encontrou um erro técnico que permitia que o amigo da criança pudesse criar um grupo com a criança e mais amigos que tivesse aprovado”. Ou seja, um amigo do menor que não tivesse restrições nos amigos na plataforma, podia pô-lo em contacto com estes sem que os pais soubessem, o que subverte o princípio do Messenger Kids.
O Facebook avisou os pais dos utilizadores afetados que desativou essas conversas de grupo e que “está a tomar garantias para que chats de grupo como este não sejam permitidos no futuro”. Ao Observador, o Facebook afirmou que esta falha “afetou um pequeno número de chats” e que “disponibilizou aos pais informação adicional sobre o Messenger Kids e segurança online”.
Desde que foi lançado, o Messenger Kids — que não está disponível em Portugal — tem sido recebido com alguma relutância. Segundo as próprias regras do Facebook, a rede social é proibida para menores de 13 anos, o que também está previsto na lei europeia. Por causa disso, este serviço de mensagens foi lançado inicialmente em dezembro de 2017 apenas nos Estados Unidos, tendo expandido poucos meses depois apenas para o Canadá e o Peru. Atualmente, segundo o Facebook, só está disponível nos EUA, México, Peru e Tailândia.
A app para crianças é muito semelhante à aplicação Messenger normal. Contudo, tem características próprias para o público infantil. Uma das principais diferenças é a ausência de publicidade e a garantia do Facebook de que “a informação do seu filho não será utilizada para anúncios”. Outra das diferenças da aplicação é obrigação de a conta de um adulto no Facebook ter de estar associada à conta do menor. Para criar uma conta no Messenger Kids não é preciso criar uma conta na rede social, é apenas necessário o primeiro e último nome.
O Messenger Kids foi lançado três meses antes de ser revelado o caso Cambridge Analytica. Esta história, que foi noticiada em março de 2018 pelo The New York Times, o The Guardian e o Channel 4, revelou que a empresa de análise de dados utilizou o Facebook para recolher indevidamente os dados de 87 milhões de perfis para campanhas políticas e de marketing.