Depois de Henrique Leis tomar a decisão, inédita em Portugal, de abdicar da estrela Michelin em prol de mais “tranquilidade”, Ángel Pardo Castro, responsável de comunicação do Guia para Espanha e Portugal vem confirmar que tal “não é possível”.

“Não fazemos o Guia para os chefs nem para os críticos. Fazemo-lo para os leitores”, garantiu numa entrevista ao jornal Público. E explicou ainda que a decisão de que a distinção se mantém ou não já está tomada, apesar de não poder ainda ser revelada, já que “o Guia [cuja próxima edição sairá em Novembro], com a decisão dos inspetores, já está quase 100% fechado”. No entanto, acrescentou que o pedido de Henrique Leis foi recebido “com surpresa”.

O chef do restaurante Henrique Leis, sediado em Loulé, já reagiu à posição da Michelin. À mesma publicação, garante que “ainda não pensou muito” sobre o que vai fazer se o seu nome surgir novamente na próxima edição do Guia. Mas garante: “É meu desejo sair”.

“Um restaurante não pode dizer ‘não quero estar nesta categoria, quero outra'”, pois a decisão cabe única e exclusivamente aos inspetores, explicou Pardo Castro. “Pode ser muito romântica essa ideia de renunciar, mas não é possível”, considerando mesmo pouco justo “dizer ‘quando me interessa aceito e quando não me interessa, renuncio'”.

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“Eu vou entregar a estrela, não a quero mais. Já a tenho há 19 anos, basta! Quero fazer o meu trabalho, a minha vida, com mais tranquilidade e calma, com mais liberdade” — foi desta forma que o cozinheiro de 60 anos contou em primeira mão ao Observador a sua tomada de decisão.

Henrique Leis. O chef que 19 anos depois quis devolver a sua estrela Michelin

O brasileiro que vive em Portugal há 25 anos (é do Maranhão mas passou grande parte da vida no Rio de Janeiro) explica que a decisão foi tomada em conjunto com as filhas e quer que elas “possam fazer o seu próprio caminho” sem terem de lidar com a responsabilidade da estrela, isto quando o espaço lhes for entregue. “Tenho de dar oportunidade às minhas filhas para poderem fazer o que quiserem, ajudando-as o mais possível, daí ter de fazer uma mudança”, conta.