O Model 3 é uma referência entre os veículos a bateria. A versão Long Range do familiar da Tesla, apesar dos seus quase 4,7 metros de comprimento, uma velocidade máxima de 233 km/h e a possibilidade de ir de 0 a 100 km/h em 4,6 segundos, ainda consegue uma autonomia de 560 km, segundo o método WLTP, com uma bateria de apenas 75 kWh. Mas se o eléctrico americano impressiona pela gestão de energia, há um veículo eléctrico que nos impressiona ainda mais.

Nasceu como Komatsu HB 605-7, equipado com um “motorzinho” diesel com “apenas” 23.200 cc e uns impressionantes 750 cv. Na essência, trata-se de um daqueles dumpers monstruosos cuja função passa por ir carregar terra ao topo de uma montanha e transportá-la até cá abaixo, onde depois é transformada em cimento.

Sucede que, segundo a cimenteira suíça Ciments Vigier, este dumper king size (9,3 metros de comprimento, 13,9 m de largura e 4,4 m de altura), com um peso em vazio de 45 toneladas, realiza 200 viagens de ida e volta por dia, consumindo no processo 100.000 toneladas por ano de gasóleo. A que correspondem 130 toneladas de CO2 a mais na atmosfera, isto sem contabilizar os NOx, as partículas e o enxofre.

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Para colocar um termo a tudo isto, tanto mais que a cimenteira opera em Bienna (Biel, em alemão), nas margens do lago com o mesmo nome, a empresa decidiu encomendar à Kuhn Schweitz a electrificação do dumper, que assim passou a e-dumper.

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Saiu o motor diesel com 750 cv e entrou um eléctrico com 800 cv, com “só” 9500 Nm de binário. Para o alimentar, o transformador suíço recorreu aos alemães da Lithium Storage que lhe forneceu um pack de baterias com 700 kWh de capacidade, o equivalente a sete Tesla Model S 100D (denominação antiga), com um peso total de 5 toneladas, com o peso das baterias e motor eléctrico a compensar o do antigo motor diesel e o enorme depósito que o alimentava.

O e-dumper pode agora continuar a subir e a descer a montanha transportando 65 toneladas de terra, as mesmas 20 vezes por dia, sem emitir um grama de CO2, nem qualquer poluente. Mas oferece ainda uma vantagem por que poucos esperavam: uma eficácia extrema. O fabricante anuncia zero consumo eléctrico na viagem completa, apesar de o veículo andar para cima e para baixo com 110 toneladas (peso total, veículo mais carga). Tudo porque na descida, e devido ao elevado peso do veículo, a capacidade de regeneração é capaz de gerar 200 kWh de energia, com que recarrega a bateria.

Para evitar a natural desconfiança, a Ciments Vigier convidou a CNN a confirmar os valores, com a cadeia americana a desafiar o piloto de Fórmula E, Lucas Di Grassi, a mostrar a sua arte aos comandos do mastodôntico veículo, a uns certamente “impressionantes” 20 km/h. E, de acordo com Di Grassi, o e-dumper saiu do fundo da pedreira com 90% de carga na bateria, tendo atingido o topo com o indicador a apontar para 80% de carga. Porém, na descida, a quantidade de energia voltou a subir para 88%. Se bem que existam algumas discrepâncias entre os valores avançados pelo fabricante e pela CNN, a verdade é que o e-dumper consome apenas 0% ou 2% para transportar 65 toneladas de terra para fora da pedreira e voltar. Um novo recorde em matéria de eficiência, com que a Kuhn Schweitz conta para produzir (e vender) mais e-dumpers.