A Direção-Geral da Administração e do Emprego Público diz que o questionário aos funcionários públicos com perguntas sobre se estão hoje mais motivados do que há cinco anos foi construído com referência a modelos usados por outras administrações públicas.

“A construção do questionário é da responsabilidade da equipa de investigadores e teve como referência modelos de questionários de outras administrações públicas, uma vez que são comuns nos países da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico]”, afirmou esta quarta-feira fonte oficial da DGAEP em resposta a questões colocadas pela Lusa.

Governo aproveita questionário a funcionários públicos para avaliar políticas do PS e do tempo de Passos

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em causa está a 2.ª edição de um inquérito que foi pela primeira vez lançado em 2015, mas que, desta vez, questiona os funcionários públicos sobre se “o período da troika influenciou negativamente” a sua motivação no trabalho e se a “reposição dos salários afetou positivamente” essa motivação, como noticiado esta manhã pelo Observador.

Entre as questões novas está ainda uma que procura saber se “o descongelamento progressivo das carreiras é motivador” e outra sobre se o trabalhador se sente “hoje mais motivado no trabalho do que há cinco anos atrás”.

Relativamente aos motivos que levaram a incluir nesta 2.ª edição este tipo de questões e as razões para que tenha sido escolhido um horizonte temporal de cinco anos para os funcionários públicos compararem com a motivação que sentem atualmente, a mesma fonte oficial refere que este foi considerado um “lapso de tempo adequado”.

“Sendo um ‘follow up’ do questionário realizado em 2015, adotou-se como referência o período de cinco anos por se considerar ser um lapso tempo adequado para os trabalhadores se pronunciarem tendo presentes os factos desse período temporal, mas já com distanciamento necessário para responder com maior objetividade”, sublinha a DGAEP.

Na edição de 2015, os funcionários públicos que responderam ao questionário (16.816 trabalhadores num universo de mais de 500 mil) referiram que este devia incluir perguntas sobre o horário de trabalho, nomeadamente, sobre o aumento das 35 para as 40 horas semanais promovido pelo anterior governo e que, entretanto, foi revertido.

A DGAEP recorre precisamente ao facto de a medida ter sido revertida e de o horário ter regressado às 35 horas para justificar a ausência de perguntas sobre este tema, ainda que a redução do horário semanal tenha sido alvo de críticas pela forma como foi aplicada.

Este questionário foi lançado em 18 de julho podendo ser respondido até ao dia 30 de setembro, a poucos dias das eleições legislativas que estão marcadas para 06 de outubro.

A data de “fecho”, refere a DGAEP, teve em consideração o facto de se estar em período de férias e a necessidade de “dar oportunidade a todos os trabalhadores interessados de responderem e garantir uma amostra de respondentes estatisticamente significativa”.

De acordo com as previsões da DGAEP, o estudo deverá ficar concluído no final do ano.

Na 1.ª edição, o relatório então produzido foi apresentado cinco meses depois de o questionário ter “fechado”, em 15 de maio.

Ouvidos pela Lusa, os dirigentes das estruturas sindicais da administração pública teceram várias críticas ao conteúdo deste questionários, considerando-o “incompreensível” e “extemporâneo”.