Em 2018, num estudo encomendado pela Vegan Society, havia apenas 600.000 veganos por esse mundo fora, ou seja, cerca de 1,16% da população. Isto sem contar com todos aqueles que não comem carne ou peixe não por razões ambientais, religiosas ou outras, mas apenas porque não os conseguem pagar. Porém, se os veganos são poucos, muitos deles têm um elevado poder de compra ou então bastante exposição social, conseguindo que esta moda tenha um impacto para além do que a mera estatística deixaria antever.

Primeiro foram os restaurantes, que se apressaram a correr com as vacas, os porcos e as galinhas do cardápio, substituindo-os por legumes, tofú e afins. O que se compreende, pois se há mercado para este tipo de menu, as empresas de serviços devem, acima de tudo, servir os seus clientes. Agora é a vez de os construtores serem sensibilizados pelos que preferem plantas a carne. Não porque não podem pagar, mas porque… sim. E se não comem as vacas, tão pouco se querem sentar em cima delas, ou ter a pele que em tempos lhes cobriu o dorso, a revestir-lhe o volante ou o tablier.

A Tesla lançou os assentos vegan em 2017 e, mais recentemente, o volante coberto por pele sintética com o Model 3, com a Audi a ter apresentado o e-tron GT Concept sem nada no seu interior que em tempo tivesse feito parte de qualquer animal, de duas ou quatro patas. As também britânicas Jaguar e Land Rover alinham por este diapasão, propondo já versões mais amigas dos animais.

Até a Bentley, que sempre se orgulhou – para gáudio dos seus clientes – em oferecer interiores revestidos a pele de vacas seleccionadas e oriundas de pastagens em que nunca se esfregaram por arame farpado, para evitar defeitos, está a pensar oferecer, em breve, versões sem vestígios de vaca. Curiosamente, este fabricante de luxo está a estudar peles criadas a partir de cogumelos e até de alforrecas, sendo de esperar que os vegan também torçam o nariz a esta alternativa.

A People for the Ethical Treatment of Animals (PETA) saúda a decisão, salientando que, graças aos automóveis vegan, vai haver menos animais a fazer viagens só de ida aos matadouros. Mas não há muitos estudos que suportem esta teoria. Há mais analistas a antecipar que o incremento da classe média em países como a China e Índia, além de outros na Ásia e África, vão provocar um aumento do número de animais a terem de ser abatidos para alimentar mais humanos com poder de compra reforçado. E, como todas estas vacas têm pele, ou bem que os automóveis vegan vão ser uma moda com pouca expressão, ou vai haver muitas peles de animais, abatidos para consumo, que vão directamente para o lixo.

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