A indústria automóvel chinesa tem evoluído muito nos últimos anos, reforçando o seu peso no mercado com novos projectos e produtos de melhor qualidade. Porém, no maior mercado automóvel do mundo, subsistem os fabricantes com evidente dificuldade em desarreigar “vícios” do passado, como a cópia descarada de modelos europeus a preços de deixar os olhos em bico. Um procedimento que nunca foi penalizado, até que a Land Rover alcançou a sua primeira vitória em tribunal, conseguindo que o clone do Evoque, o Landwind X7, deixasse de ser produzido. Mas nem este triunfo jurídico resfriou a queda para a cópia dos chineses, com a desconhecida Hunct a arriscar ir pelo mesmo caminho da Landwind.
O Range Rover é descrito pela Land Rover como “um verdadeiro ícone de design” e Hunct, marca que pertence à Hubei Daye Hanlong Engine Company Ltd, não poderia estar mais de acordo. Tanto que se “inspirou” profundamente no SUV britânico para conceber o Cantice. A clonagem é tão evidente que se presta ao jogo do “descubra as diferenças”, porque as semelhanças, essas, são óbvias: as linhas da carroçaria mais parecem um decalque, exibindo a característica frente alta do Range Rover, a marcada linha de cintura rectilínea e até o suave “cair” do tejadilho rumo ao pilar traseiro. Os traços mais marcantes do SUV inglês estão lá todos…
Face ao original, a cópia chinesa é ligeiramente mais pequena e mais baixa, mas mais larga e com maior distância entre eixos. Com 4985 mm de comprimento (Range Rover tem 5000 mm), 1995 mm de largura (contra 1983), 1819 mm de altura (1869) e uma distância entre eixos de 2997 (Range Rover 2922), o Hunct Cantice é proposto com um motor 2.0 Turbo de 218 cv, sendo a tracção traseira ou, em alternativa, às quatro rodas motrizes. Como a intenção destas (re)criações é atrair os clientes com um veículo que parece de luxo mas é barato, é de esperar que a “tradição” se mantenha à custa da violação da propriedade industrial.
Até agora a Land Rover não manifestou a sua posição a este respeito, mas é de esperar que a casa de Coventry não baixe os braços, sobretudo depois de ter conseguido fazer valer os seus argumentos em tribunal, no caso do Evoque.