Para quem já viu o novo filme de Quentin Tarantino talvez os olhos azuis de Margaret Qualley sejam familiares, ela que interpreta uma hippie que pertence à seita de Charles Manson na longa-metragem com quase três horas de duração. Apesar de pequeno, este não é o primeiro papel da atriz de 24 anos, filha de Andie Macdowell com o ex-modelo Paul Qualley. A estreia aconteceu anos antes de “Era uma vez…em Hollywood”, mas é esta participação que está a somar rasgados elogios. A publicação francesa Première, dedicada ao que se passa no pequeno e no grande ecrã, escreveu que Qualley “eclipsou totalmente” Margot Robbie, o que não é muito difícil de perceber se tivermos em conta que a atriz que faz de Sharon Tate tem poucas falas.
Ainda assim, fazer furor numa obra repleta de estrelas não é tarefa fácil — Qualley contracena sobretudo com Brad Pitt que, por sua vez, contracena com Leonardo DiCaprio, este que chega a trocar algumas (poucas) falas com Margot Robbie. O britânico The Guardian lamenta os papéis femininos estereotipados no filme de Tarantino, mas abre uma exceção para falar de Qualley e na performance que faz dela uma estrela em ascensão. O espanhol El País escreve que a atriz é a “nova revelação de Hollywood” (o francês Le Figaro também), o IndieWorld usa a expressão “it girl” no título de uma peça e o Dealine “musa da Broadway”. Já em 2016 o The New York Times colocava Qualley numa lista de quatro atrizes cuja carreira estava a despontar.
Elogios à parte, Qualley nem sempre quis ser atriz e, numa primeira fase, optou pela dança. Originária do estado norte-americano do Montana, a atriz cresceu numa quinta. Aos 14 anos saiu de casa para estudar dança na University of North Carolina School of the Arts, modalidade na qual deixou de investir dois anos depois, quando ponderou se a dança era realmente o ideal para “a sua cabeça e para coração”. “[O ballet] Exige tanta dedicação… Estamos sempre a esforçar-nos para sermos perfeitas e eu já estava muito consumida por isso. Percebi que estava a fazer aquilo pelas razões erradas”, disse, citada pela Harper’s Bazaar.
“Era uma vez em… Hollywood”: Tarantino e um guarda-roupa cheio de tesouros
É numa altura pós-dança que se muda para Nova Iorque, onde começa a dar os primeiros passos enquanto modelo e atriz. Em 2013 estreia-se nas longas-metragens com o filme “Palo Alto”, de Gia Coppola. Um ano depois é a vez de garantir um papel importante na série de culto “The Leftovers”, da HBO.
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Em agosto de 2016 Margaret Qualley foi protagonista num anúncio de fragrâncias nunca antes visto, que rompeu com os clichés da indústria. Coreografia hipnótica da autoria de Ryan Heffington (o mesmo nome por detrás de “Chandelier” da enigmática cantora Sia) marcou a performance da jovem artista, num vídeo da Kenzo com quase quatro minutos de duração realizado por Spike Jonze (“Queres Ser John Malkovich?”). Publicado a 29 de agosto desse ano, já acumulou quase 30 milhões de visualizações.
“Às vezes, penso que não mereço a vida que tenho. Ao mesmo tempo que gosto de acreditar que o trabalho árduo me ajuda a conseguir as coisas, também sei que as portas me têm sido abertas. Tive oportunidades desde muito jovem que, de outra forma, não teria”, admitiu a atriz Margaret Qualley, numa entrevista à revista Paper, no início de julho. Nesse mesmo mês Qualley foi nomeada para um Emmy de Melhor Atriz Secundária em Minissérie pela sua performance em “Fosse/Verdon”.
Num futuro próximo será possível ver Margaret Qualley em dois filmes: “Seberg“, protagonizado por Kristen Stewart que interpreta a atriz Jean Seberg, e “Strange But True” (ainda sem título em português). Outros projetos estão em fase de pós-produção.