O novo VW ID.3 não é o primeiro eléctrico do construtor alemão, que já comercializa há algum tempo o e-up! e o e-Golf. Mas é, definitivamente, aquele de que depende o futuro do maior fabricante de automóveis europeu, que nos últimos anos se tem assumido como líder mundial. Concebido de raiz como veículo eléctrico alimentado por bateria, o ID.3 é posicionado pela sua importância junto às outras duas grandes referências do fabricante, respectivamente o Carocha, com que tudo começou em 1938, e o Golf, que deu os primeiros passos em 1974.

Depois de muitas revelações parciais, finalmente foi possível apreciar o modelo que vai marcar a entrada “à séria” da VW do reino dos veículos alimentados exclusivamente por bateria. Tal como prometido, é um carro compacto por fora, com o comprimento de um Golf (4,26 m), mas bastante generoso por dentro (por possuir uma distância entre eixos de 2,76 m, com mais 14 cm do que a do Golf), onde se bate com o espaço para as pernas de um Passat.

Como é por dentro?

O pack de baterias sob a plataforma torna a posição de condução a bordo do ID.3 mais elevada, especialmente ao nível dos pés. À frente o espaço é bom, tal como a visibilidade a toda a volta, com o volante a cair bem nas mãos. O comando da caixa (tem apenas uma mudança para a frente e outra para trás, além do “parque” e “neutral”), foi deslocado para a ponta do painel de instrumentos, sendo rotativo para maior facilidade de utilização. O painel de instrumentos é compacto, mas proporciona todas as informações necessárias, com algumas versões mais equipadas a usufruírem de um head-up display que projecta no pára-brisas informações complementares, recorrendo à realidade aumentada.

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Ao centro, no lugar onde habitualmente se encontra o comando da caixa e o travão de mão, surge um imenso compartimento para arrumar objectos, carregar telemóveis por indução e ligá-los por cabo ao veículo, numa solução que tem tanto de prática quanto de atraente.

Quem se senta atrás sente de imediato que tem os pés colocados mais acima do que é habitual, mas a principal novidade é o espaço disponível para as pernas, ao nível de um Passat, o que permite cruzar a perna sem bater nas costas do banco da frente. Em termos de altura, o nosso 1,75 m cabe sem problemas, tendo ficado com a ideia que a situação se manterá até estaturas de 1,85 m, sem que a cabeça se aproxime do tejadilho.

Na traseira surge ainda uma bagageira com 385 litros, mais 5 litros do que o oferecido por um Golf actual, cujas linhas rectas ajudam no momento de arrumar os objectos. Sob o fundo da mala existe um alçapão, que não só permite guardar pequenos artigos longe da vista dos curiosos, como os impede de andar aos tombos.

Chega em Junho, a partir de 30.500€

Para incentivar os primeiros clientes a avançar, a VW criou uma versão de lançamento, a 1st Edition, com um nível de equipamento intermédio, o mesmo acontecendo com a capacidade da bateria, que assim garante 55 kWh e uma autonomia de 420 km entre recargas. Apesar de a produção se iniciar em Novembro e a marca não prever produzir mais de 100.000 unidades do ID.3 no primeiro ano completo (2020), as primeiras entregas as clientes não estão previstas para antes de Junho. Ou seja, oito meses depois de as primeiras unidades serem fabricadas em série. Um período anormalmente longo, o que indicia que ou o construtor espera dificuldades no fornecimento de baterias, ou então ainda há pormenores por acertar.

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A partir de Junho, inclusivamente em Portugal, o ID.3 deverá começar a chegar aos primeiros clientes com as suas três baterias, com capacidades de 45, 58 e 77 kWh, que por sua vez garantem autonomias de 330, 420 e 550 km. Isto aponta para consumos algures entre os 13 e os 14 kWh/100 km, o que é um bom valor. Sabe-se agora igualmente que o coeficiente de penetração aerodinâmica (Cx) é de 0,265, valor apenas razoável para um veículo eléctrico sem grandes aberturas e grelhas para refrigeração da mecânica – algures entre os 0,28 do Nissan Leaf e os 0,23 do Tesla Model 3 –, e que o peso anunciado aponta para 1,794 kg (para a bateria de 58 kWh), um valor mediano e em linha com o Leaf.

O motor do ID.3 fornece 204 cv e está montado atrás, o que permite maior liberdade à direcção, que assim garante inversões de marcha em apenas 10,2 metros, ou seja, uma agilidade em cidade ao nível de um pequeno VW up!. Ao que tudo indica, o novo eléctrico da VW vai permitir cargas em AC de 7,2 kW e 50 kW em DC, podendo ser este valor incrementado opcionalmente para 100 kW, eventualmente um serviço disponibilizado over-the-air. A bateria de maior capacidade alimenta-se a 11 kW em AC e 125 kW em DC, o que agiliza os tempos de carga.

Com a velocidade máxima limitada a 160 km/h, mas ainda sem valores relativos à capacidade de arranque, o ID.3 vai ser comercializado por menos de 30.000 euros na Alemanha e 30.500€ em Portugal (devido ao IVA mais elevado entre nós), preços relativos ao ID.3 com 45 kWh. A versão 1st Edition com 58 kWh, com mais equipamento, deverá ser proposta por cerca de 41.000€, com o VW com maior autonomia (77 kWh de bateria) a elevar um pouco mais este valor.