O presidente do PSD, Rui Rio, admitiu esta quinta-feira que a sua liderança estará em jogo nas legislativas de 06 de outubro, mas recusou traçar uma fasquia do que seria um resultado inaceitável para o partido.
“Depende. Se quiser olhar para estas sondagens que vão saindo, quase que parece que se tivesse 20% era uma vitória fabulosa, dizem que isto vai tudo desaparecer… Obviamente que 20% era muito mau, mas o resultado que, antes de 6 de outubro, o PSD e o PS têm de definir para si é a vitória”, defendeu, em entrevista à Antena 1.
Instado a dizer qual o resultado abaixo do qual o PSD não pode ficar, respondeu: “Sinceramente, não pensei nisso, claro que há de haver uma fasquia abaixo do qual é muito mau, e acima do qual é muito bom”.
Na fase final da entrevista, conduzida pela jornalista Natália Carvalho, o líder do PSD foi questionado se a sua liderança estará em jogo nas próximas legislativas. “Claro, isso joga-se sempre, se o PSD tivesse um resultado baixíssimo, o que é que uma pessoa fica lá a fazer? Em cada resultado eleitoral, seja qual for, joga-se sempre o futuro de cada líder partidário, em qualquer parte do mundo”, afirmou.
Sobre a oposição interna, Rui Rio defendeu que “não está assim tão calada como isso”, mas acredita ter a maioria do partido consigo.
“O partido comigo eu tenho, os militantes e o grosso das estruturas eu tenho. Agora, se me perguntar se tenho todos, todos, muito unidos, e ninguém me está a tentar fazer a cama? Eu era hipócrita se dissesse que não é verdade, agora a esmagadora maioria está empenhada em que o PSD tenha um bom resultado”, considerou.
O líder do PSD voltou a não se comprometer em cumprir o mandato de deputado até ao fim – dizendo que se candidatou à presidência do partido “para ser primeiro-ministro” – e explicou a que se referia quando falou da “corte”.
“A corte não é a cidade de Lisboa (…) A corte é aquilo que está ali em volta do poder e usufrui do poder, é uma coisa muito pequenina que por acaso está em Lisboa”, afirmou, considerando que nessa expressão pode incluir, em parte, o parlamento, jornalistas e “algum poder económico”.
À Antena 1, o líder do PSD procurou explicar alguns temas que têm sido alvo de críticas públicas do secretário-geral do PS, António Costa, em concreto na área das infraestruturas.
Sobre a localização do futuro aeroporto, Rio admitiu que “tudo indica que deve ser no Montijo”, considerando que o PSD apenas diz que “poderá ser avisado” reapreciar a solução de Alcochete se houver “problemas inultrapassáveis” ou “muito caros” quanto ao local já escolhido pelo Governo.
”O que o Governo diz é: vai ser aqui. Mas se vai ser aqui, então pergunto para que é o estudo de impacto ambiental, para quê a discussão pública?”, questionou.
O líder do PSD recusou ainda que o partido tenha defendido, no seu programa, a criação de um TGV entre Porto e Lisboa, mas sim “uma linha uniforme de alta velocidade que reduzisse a distância” entre as duas cidades, até por razões ambientais.
Rio manifestou concordância com a decisão do anterior Governo, liderado pelo social-democrata Pedro Passos Coelho, em suspender o projeto de TGV do seu antecessor, o socialista José Sócrates.
“O país com a situação em que estava podia lá fazer esse investimento (…) Então vai chamar a ‘troika’ e quer fazer o TGV?”, disse.
O líder do PSD rejeitou ainda que pretenda que os idosos trabalhem até mais tarde, salientando que tal é apresentado no programa do PSD apenas como “uma opção”, que implicaria também trabalhar menos antes da idade oficial de reforma.
“O que eu digo é a pessoa pode optar – tomara eu que fosse possível comigo – a partir dos 61 ou 62 anos trabalhar em ‘part time’. E depois, em vez de se reformar aos 66, reformava-se, dois ou três anos mais tarde, seria uma opção. Olhe, seria a minha”, assegurou.
Na entrevista, Rio reiterou a sua defesa de compromissos alargados – “não olho para a política como se olha para os clubes de futebol” – e a intenção de, se houver uma maioria parlamentar à direita, construir uma solução com o CDS.
Com os restantes partidos na área do centro-direita, admite que teria de “pensar duas vezes”: “Depende dos partidos, do que defendem”.