“Parasitas”

Drama interclassista, sátira social, “thriller” doméstico, comédia negra, retrato da natureza humana, radiografia sob forma de ficção dos problemas, tensões e desigualdades da Coreia do Sul contemporânea, “Parasitas”, de Bong Joon-ho (“A Criatura”, “Expresso do Amanhã”), vencedor do Festival de Cannes este ano, é tudo isto, combinado numa historia diabolicamente bem escrita, posta em cena, filmada e interpretada, que apresenta ainda a reviravolta narrativa do ano. A família Ki-taek, é pobre, vive de esquemas e trabalhos ocasionais e mora numa cave imunda. A família Park é rica, vive desafogadamente e habita uma vivenda construída por um famoso arquiteto. Mentindo e fingindo ser quem não são, os Ki-taek conseguem ganhar a confiança dos Park, infiltrar-se em sua casa e tornar-se indispensáveis aos patrões. Só que, uma noite em que estes foram numas curtas férias, os intrusos chupistas vão ter uma descomunal surpresa. Implacável e imprevisível, divertido e pungente, maquiavélico e brilhante, “Parasitas” é um dos filmes do ano.

“Lupo”

Nascido em Itália em 1888, Cesare Rino Lupo percorreu a Europa a realizar filmes, instalando-se em Portugal nos anos 20, ainda no tempo do cinema mudo. Primeiro no Porto e depois em Lisboa, Lupo rodou filmes de relevo como “Mulheres da Beira”, “Os Lobos” ou “José do Telhado”, e fundou uma escola de atores (frequentada por Manoel de Oliveira), até se ir embora, no início dos anos 30, voltando a palmilhar a Europa, sempre ligado ao cinema. Depois, desapareceu, e nem a mulher soube o que lhe aconteceu. Em “Lupo”, o realizador Pedro Lino vai em busca deste homem que contribuiu para o cinema português nos seus primórdios, fazendo um verdadeiro trabalho de detetive cinematográfico. Lino reconstitui os passos de Rino Lupo pelo Velho Continente e em Portugal, fala com especialistas e com descendentes do realizador, vai buscar imagens e depoimentos de arquivo sobre ele (do próprio Oliveira, por exemplo) e acaba por desvendar o  mistério da sua morte, com rigor e imaginação visual.

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“Midsommar — O Ritual”

Dani (Florence Pugh) perdeu a mãe e os pais na mesma noite. A tragédia faz perigar a relação já de si periclitante que tem com o namorado, Christian (Jack Reynor). Este e dois dos seus amigos, são convidados por um colega sueco da universidade, para irem à comunidade dos Harga, na Suécia, onde nasceu, e assistirem às comemorações do Solstício de Verão, que só são celebradas a cada 90 anos. Christian, numa tentativa atabalhoada de salvar a relação, diz a Dani para os acompanhar. Lá chegado, o grupo descobre uma comunidade que, não fosse uma camioneta, o Wi-Fi e um ou dois aparelhos de uso doméstico, parece em tudo viver fora deste mundo e do nosso tempo. Os visitantes vão percebendo aos poucos que aquele local acolhedor e idílico pode não ser o que parece, e que não foram convidados por mero acaso. “Midsommar — O Ritual” foi escolhido como filme da semana pelo Observador, e pode ler a crítica aqui.