O grupo de percussão Tocandar deu início este sábado ao desfile do Dia Mundial do Professor, às 15h15, no Marquês de Pombal, em Lisboa, com uma mobilização mais reduzida do que habitualmente.

O secretário-geral da Federação Nacional de Professores (FNE), João Dias da Silva, admitiu antes à agência Lusa que se trata de “um dia complexo” e que havia “menos mobilização”. Ainda assim, João Dias da Silva disse esperar que nesta manifestação venham a estar à volta de 10 mil pessoas, assinalando que se deslocaram professores de todo o país em 40 a 45 autocarros.

A seguir ao grupo de bombos, surgiu a faixa com o lema deste dia mundial, “Rejuvenescimento e Valorização da Profissão Docente”, segurado pelos dois dirigentes das duas maiores federações de docentes, a FNE e a Fenprof, Mário Nogueira e João Dias da Silva.

Os manifestantes exibem sobretudo bandeiras das duas federações representadas na manifestação, mas veem-se outras bandeiras com o já muito conhecido ‘slogan’ referente ao tempo de serviço que os professores querem ver recuperado, “9A4M2D – todo o tempo”, e ainda outras apelando ao “fim dos abusos nos horários”.

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Imediatamente antes de começar o desfile, um agente da polícia dirigiu-se a um dos manifestantes que segurava um cartaz artesanal com a inscrição “amanhã voto” de um lado e “e não me esqueci” do outro. O professor Gabriel Lagarto, 49 anos, da Escola Conde de Ourém, disse aos jornalistas que o agente se lhe dirigiu “muito educadamente” chamando a atenção de que, se o seu cartaz fizesse uma referência política, não o poderia levar. O professor explicou que respondeu ao agente policial estar em causa apenas um apelo ao voto, mas não em relação a qualquer partido político.

Esta manifestação realiza-se no dia de reflexão para as legislativas de domingo, estando determinado por lei que não pode ser feito qualquer tipo de apelo ao voto partidário. A maioria dos cartazes tem símbolos dos sindicatos. Foram ouvidas na manifestação frases como “o futuro da nação passa pela educação” e “estabilidade sim, precariedade não”. “Faz todo o sentido celebrar, […] todos os anos faz sentido”, disse João Dias da Silva, da FNE.

O sindicalista disse ainda que no final do desfile, no Rossio, vai ser aprovada uma resolução com “as preocupações dominantes” da classe, como “o excessivo envelhecimento dos professores”, dos quais “só 1% tem menos de 30 anos”, com reflexos na “qualidade do serviço educativo”.

A resolução, que inclui outras reivindicações dos professores, como a recuperação integral do tempo de serviço congelado e a revisão dos horários de trabalho, será depois enviada a todos os partidos que conseguirem eleger deputados, nas eleições de domingo, como tópicos essenciais para serem trabalhados durante a próxima legislatura, disse João Dias da Silva.

Sob o lema do rejuvenescimento e valorização da profissão docente, os sindicatos aproveitam o momento para marcar algumas das suas principais reivindicações que farão parte do caderno reivindicativo a apresentar ao próximo Governo, como um regime especial de aposentação, a revisão dos horários de trabalho, o combate à precariedade ou a recuperação integral do tempo de serviço congelado, um tema que as estruturas sindicais não dão por encerrado, apesar da votação de maio no parlamento, que negou a recuperação dos nove anos, quatro meses e dois dias exigidos pelos professores. A manifestação foi convocada não só pelas duas federações de professores, mas também por outros oito sindicatos mais pequenos.