As sondagens apontavam para uma possibilidade e os resultados oficiais confirmaram-no. Foi pouco depois das 23h que a expectativa criada desde o início da noite na sede de campanha do partido Iniciativa Liberal (IL), em Belém, se tornou realidade: pela primeira vez, o partido conseguiu eleger um deputado para o Parlamento. Será João Cotrim de Figueiredo, cabeça de lista pelo círculo eleitoral de Lisboa, a ter essa responsabilidade. E os liberais não esconderam, desde logo, ao que vinham. “O partido chega aqui sem figuras mediáticas. Chega aqui e tem as ideias de que o país precisa, as ideias que nos próximos anos irão fazer a oposição ao socialismo no país”, atirou Carlos Guimarães Pinto, líder do partido.

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Saudado por aplausos efusivos e constantes gritos de “Liberal” ao longo da noite, o presidente da IL chegou à sala do bar “The House of Hope and Dream” (em português, “A Casa da Esperança e dos Sonhos”) para fazer um balanço geral sobre a campanha e sobre os resultados finais. Começou por lamentar o facto de o Partido Socialista “ainda conseguir vencer umas eleições com esta facilidade”. Mas, acrescentou, “agora vão ter uma oposição diferente”. “Agora irão finalmente ter uma verdadeira oposição ideológica, irão finalmente ter uma voz clara na defesa da liberdade individual, da liberdade política e da liberdade económica”, disse ainda Carlos Guimarães Pinto, levando a outra ronda de aplausos.

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Fundada em 2017, é a primeira vez que a Iniciativa Liberal concorre a eleições legislativas. Carlos Guimarães Pinto diz que foi feita “história” e que João Cotrim de Figueiredo “será a voz liberal de oposição ao socialismo”. No meio de mais de 100 pessoas, grande parte jovem, de bandeiras no ar e com t-shirts azuis, João Cotrim de Figueiredo foi chamado ao palco. Num breve discurso, prometeu ser “incansável e implacável para ser a voz do liberalismo no Parlamento”.

Que viagem, que viagem… Se há três anos alguém me dissesse que estaria aqui hoje eu não acreditava”, revelou o deputado eleito da Iniciativa Liberal, acrescentando que esta “é uma vitória das ideias e de ambição para o futuro de Portugal”.

Ainda antes, quando os resultados das sondagens iam surgindo nos dois projetores colocados numa parede da sala, o ambiente era tranquilo, mas de muita expectativa. “A partir de agora é só cerveja”, antecipava já um dos militantes da Iniciativa Liberal quando a primeira projeção foi divulgada e atribuía entre um a dois deputados ao partido. João Cotrim de Figueiredo estava acompanhado da família e foi com ela que passou grande parte do tempo enquanto esperava pelos números oficiais.

O resultado, explicou mais tarde ao Observador, é “uma luzinha de esperança” e, ao mesmo tempo, reflete “uma coisa estranhíssima”: “Em 2019, é a primeira vez que um partido liberal tem um assento no Parlamento, sendo que a família liberal é uma das maiores famílias políticas em toda a Europa. É um bocadinho bizarro que só agora Portugal eleja um liberal e que só agora as ideias liberais tenham oportunidade de entrar no discurso político corrente”, acrescentou, antes de voltar a ser interpelado por militantes que pediam uma fotografia com o deputado eleito.

João Cotrim de Figueiredo foi o deputado da Iniciativa Liberal eleito para o Parlamento

“Muitos partidos vão olhar para o sucesso eleitoral à nossa escala para um partido com menos de dois anos de existência e vão perguntar se uma boa parte do nosso sucesso não é exatamente estarmos a defender ideias cujo tempo chegou”, referiu ainda ao Observador o gestor, ex-presidente do conselho diretivo do Turismo de Portugal entre 2013 e 2016, e, antes disso, diretor-geral da TVI. (Pode ouvir aqui a entrevista dada por João Cotrim de Figueiredo à Rádio Observador no início da campanha).

Sobre a promessa de ser “implacável” e “incansável” no Parlamento, João Cotrim de Figueiredo explicou que a oposição da Iniciativa Liberal será no sentido de lutar contra “políticas que não tenham em linha de conta a liberdade individual nas escolhas políticas”. O balanço final? “Chegamos a esta situação em que as pessoas estão amarfanhadas pela vida que têm e não conseguem libertar-se para voltarem a ser donos do seu destino. E é isso que queremos voltar a pôr no debate político, em todas as dimensões”.