A candidata à presidência dos Estados Unidos que tem criticado abertamente o Facebook, quis provar que a plataforma não controla fake news lançadas por políticos. Desde o início da semana passada que a rede social tem sido alvo de críticas depois de admitir que deixa políticos publicar o que quiserem em anúncios pagos na plataforma. A polémica começou quando no mês passado Nick Clegg, um executivo da rede social, mencionou num discurso que os políticos estariam isentos do processo de confirmação a partir de terceiros.

E Elizabeth Warren, crítica da plataforma, decidiu publicar um anúncio pago no Facebook que conta mentiras sobre o CEO da própria rede social, Mark Zuckerberg. A senadora democrata fez uma publicação no Twitter a explicar que “O Facebook mudou as políticas de publicidade para deixar políticos publicar anúncios com verdadeiras mentiras — tornando a plataforma numa máquina de ‘desinformação-por-lucros'”. Mais tarde, em resposta ao seu próprio tweet, a candidata mostrava o anúncio falso que publicou no Facebook, “Última Hora: Mark Zuckerberg acabou de apoiar Donald Trump na sua reeleição”.

Na mesma publicação, apenas umas linhas abaixo, Elizabeth Warren admite no próprio anúncio que era tudo mentira. “Devem estar chocados e a perguntar-se, ‘como pode isto ser verdade?’. Bem, não é verdade (desculpem). Mas o que Zuckerberg fez foi dar a Donald Trump rédea livre para mentir na sua plataforma — e para pagar ao Facebook quantidades exorbitantes de dinheiro para impingir mentiras aos eleitores americanos”. Ao texto juntou uma fotografia tirada depois de uma reunião entre Trump e Zuckerberg, em que os dois apertam a mão na sala oval.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Elizabeth Warren acrescenta ainda que o caso do Facebook é diferente dos restantes meios de comunicação. “Se Trump mentisse num anúncio de televisão a maioria dos canais recusaria passar o anúncio. Mas o Facebook limita-se a depositar os cheques de Trump”. A CNN recusou-se há duas semanas a aceitar dois anúncios de Donald Trump por constatar que num primeiro, Joe Biden, candidato democrata, era acusado infundadamente de corrupção na Ucrânia. Já no segundo anúncio vetado pela televisão americana podem constatar-se acusações falsas ao movimento pela destituição do Presidente.

Em resposta à candidata, um porta-voz do Facebook afirmou que “se a senadora Warren quer espalhar coisas que sabe não serem verdadeiras acreditamos que o Facebook não deve estar na posição de censurar esse discurso”.

Warren tem desde o início da campanha lançado a desconfiança sobre as grandes empresas tecnológicas como a Google ou a Amazon, tendo inclusive sugerido que se desmantelasse o próprio Facebook em várias companhias mais pequenas, diz o jornal inglês, The Guardian. Já Mark Zuckerberg diz-se disposto para “ir ao tapete e lutar” com a senadora, apesar de mais uma batalha legal não estar nos seus planos.