Kais Saied deverá ser o próximo Presidente da Tunísia, um ex-professor de direito, conservador e sem qualquer experiência política.

Segundo a AlJazeera e a Agence France-Presse, citada pelo The Times of Israel, as sondagens à boca das urnas, este domingo, davam a vitória ao candidato independente (entre 72% e 75% dos votos). O seu opositor, Nabil Karoui, empresário e magnata dos media, terá arrecadado entre 23% e 27% dos votos. Os resultados oficiais deverão ser conhecidos ainda esta segunda-feira.

Estas eleições presidenciais decorrem num momento em que a Tunísia enfrenta uma grande instabilidade social, uma estagnação económica — com o FMI a pressionar para que o país tome medidas para estimular a economia —, com uma taxa de desemprego a rondar os 15% e ataques por parte dos grupos armados.

Aos 61 anos, Saied, que fez uma campanha “de porta a porta”, prometeu combater a corrupção nas elites e promover a descentralização. O candidato independente, especialista em Direito Constitucional e ex-docente universitário — reformou-se em 2018 —, é defensor da pena de morte e da criminalização da homossexualidade. Quer criar uma lei que penalize demonstrações públicas de afeto por parte de casais que não sejam casados e limitar o trabalho de organizações não governamentais no país. Adiantou ainda ser contra uma lei que permitiria distribuir heranças equitativamente entre homens e mulheres e que ainda está em discussão, refere o The Guardian.

Em reação à quase certa vitória, Saied, que foi apelidado de “Robocop” pela sua forma de estar austera, agradeceu aos jovens por “virarem a página” e prometeu tentar construir “uma nova Tunísia”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Karaoui, o seu opositor e líder do partido de centro-esquerda Qalb Tounes (Coração da Tunísia), promoveu-se como sendo o candidato dos mais pobres. O magnata de 56 anos, conhecido pelos seus fatos feitos por designers e com alcunhas como ‘Berlusconi’ da Tunísia ou ‘Michael Corleone’, esteve preso durante mais de um mês — até à passada quarta-feira — por suspeita de fraude fiscal e branqueamento de capitais.

Candidato presidencial na Tunísia Nabil Karoui libertado da prisão

Mais de 7.2 milhões de pessoas votaram na segunda volta das eleições presidenciais, este domingo. São as segundas eleições presidenciais desde a Primavera Árabe de 2011, que estavam marcadas para novembro, mas acabaram por ser antecipadas devido à morte do presidente Beji Caid Essebsi, no passado mês de julho.