A Galp quer acelerar os investimentos na direção da transição energética e prevê que 40% do investimento de longo prazo tenha como destino “capturar oportunidades relacionadas com a transição energética”. Para a petrolífera, este objetivo passa por aumentar o peso do gás natural no mix de produção, um combustível fóssil que é menos poluente que o petróleo e sobretudo que o carvão quando usado para produzir eletricidade. E também por desenvolver um “negócio competitivo de geração de eletricidade através de fontes renováveis”.
A energia solar é a tecnologia eleita, ainda que outras não estejam excluídas. O cenário dos novos projetos é a Península Ibérica onde está a base de cliente de eletricidade, esclareceu o presidente executivo da empresa aos analistas, Carlos Moreira da Silva.
No dia em que revelou uma queda de 33% nos resultados comparáveis até setembro, em parte justificada por paragens de manutenção na atividade refinadora, a Galp apresenta uma atualização do pano estratégico. São mais de mil milhões de euros por ano, nos quais a fatia de investimento para a transição energética e para novos negócios de energias renováveis ultrapassa o valor a dedicar à exploração e produção de petróleo, que tem sido nos últimos a grande aposta da empresa.
É no entanto de referir que na transição energética estão incluídos os investimentos avultados para a exploração de gás natural em Moçambique que deverá arrancar em 2022. A empresa refere ainda que os projetos de produção petrolífera são de “elevado potencial” e permitirão um retorno do valor aplicado (break-even) com uma cotação a partir dos 25 dólares por barril.
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A Galp antecipa investimentos líquidos de mil a 1,2 mil milhões de euros por ano até 2022, admitindo que surjam neste horizonte potenciais investimentos que “originem a necessidade de fundos adicionais, os quais visam o desenvolvimento de projetos relevantes que permitirão o crescimento nos próximos anos”. Para os projetos de energias renováveis estão programados 10% a 15% deste valor, mais de 100 milhões de euros por ano, mas a informação até agora disponibilizada não identifica projetos em concreto.
O presidente executivo assinalou que estes investimentos vão depender do retorno que gerem e na conferência com os analistas Carlos Gomes da Silva assinalou apenas que a produção solar é a prioridade, ainda que outras tecnologias não estejam excluídas. A estratégia passa ainda por desenvolver novos projetos na Península Ibérica, “onde está a nossa base de clientes”, e não adquirir centrais já em produção.
Apesar de ter ficado a zero no leilão de potência solar, a Galp tem comprado alguns projetos já licenciados a empresas de Miguel Barreto, ex-diretor-geral de Energia. A empresa anunciou ainda um acordo de longo prazo para aquisição de eletricidade produzida a partir fontes renováveis em Espanha.
A Galp é atualmente uma empresa fortemente exposta aos combustíveis fósseis, com as principais atividades centradas na exploração e produção de petróleo e gás natural — dois combustíveis fósseis — trading de gás no mercado internacional, refinação e distribuição de combustíveis e comercialização de gás e eletricidade a clientes finais.
No comunicado, o presidente executivo, Carlos Gomes da Silva, sublinha que “estamos a preparar a empresa para o seu próximo ciclo de crescimento onde aremos parte da transição energética, promovendo soluções que sejam económica e ambientalmente sustentáveis, e mantendo como sempre, o compromisso de uma atuação socialmente responsável. Os projetos em curso permitirão apostar num desenvolvimento seletivo do nosso portefólio, com foco no aumento do crescimento de longo prazo e da sua resiliência, mantendo a disciplina financeira e o compromisso com o retorno acionista”.
A empresa anunciou também um aumento anual de 10% no dividendo por ação a pagar aos acionistas nos próximos três anos, incluindo já 2019, apesar da quebra nos lucros.