Aos 23 anos Teresa Pereira, hoje Assistente de Marketing e Vendas, começou a trabalhar na José Maria da Fonseca e descobriu o Periquita. Mas o seu conhecimento profundo desta casa, vinha de longe. “Entrei pela primeira vez nestas instalações com quatro anos, pela mão de meu pai, Amadeu Pereira. Era o dia da inauguração da JM da Fonseca Internacional Vinhos, criada pela família Soares Franco e Avillez e pela Heublein, uma empresa americana”. A foto que aqui surge é o registo desse dia histórico.

“Durante toda a minha juventude fui acompanhando tudo, pois o meu pai foi convidado a integrar os quadros dessa empresa para chefiar a secção de pessoal (como à data se chamava ao departamento de recursos humanos). Entretanto, fiz o meu percurso académico: licenciei-me em Línguas e Literaturas Modernas, na variante de Estudos Franceses e Ingleses e ainda tirei uma série de cursos práticos que achei necessários para melhor me preparar para o mercado de trabalho. Quis o destino que o meu pai tomasse conhecimento de que havia uma vaga nas Relações Públicas da José Maria da Fonseca Sucessores, empresa mãe, que mantinha a sua atividade no centro de Vila Nogueira de Azeitão”. E foi assim que, aos 23 anos, Teresa Pereira iniciou o seu percurso profissional. “Na altura era muito tímida, mas, fui descobrindo a pouco e pouco como era fantástico acolher os turistas vindos de todas as partes do mundo e fasciná-los com a história da empresa. Era sempre uma delícia para mim vê-los entrar na Adega da Mata (Adega do Periquita) e ficarem ali de boca aberta perante a magia do espaço, soltando exclamações de espanto ao descobrirem os enormes tonéis com mais de 20 mil litros de vinho”.

Teresa recorda também alguns dos protagonistas da época: “Nessa altura ainda era possível encontrar com frequência o nosso tanoeiro João Henrique Araújo, munido da sua lanterna e caixa de ferramentas, vigiando atentamente cada recanto da Adega, pronto a atacar qualquer fuga de vinho que se verificasse. O curioso é que este senhor é primo da minha mãe, tendo o seu pai e avô trabalhado na empresa, assim como seu irmão. Hoje em dia, temos também o seu filho connosco. São quatro gerações da mesma família e não são caso único na empresa. Considero que esta é a verdadeira essência da Casa. Esta teia de relações familiares que nos ligam uns aos outros e que fazem com que a empresa nos corra nas veias, de geração em geração”.

Teresa Pereira está há 30 anos nesta casa. Depois do trabalho no departamento de relações públicas foi convidada a assumir o cargo de secretária da administração e há já largos anos que desempenha as funções de Assessora de Marketing e Vendas. “Ao longo de todo este percurso, tenho visto o Periquita evoluir das mais variadas formas. Sempre me fascinou, e continua a surpreender, o facto de pessoas de lugares distantes, como por exemplo do Canadá ou de Macau, se darem ao trabalho de escrever espontaneamente um e-mail a comentar que abriram uma garrafa de Periquita, que partilharam em família ou com amigos, e que esse foi um momento muito especial. É assim que eu vejo a marca, como algo de valioso, mas acessível; algo de genuíno que perdura através dos tempos e que vai tocando as pessoas pelo mundo fora”.

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A assistir de perto à evolução da marca, vai continuando a desfiar alguns dos momentos mais marcantes. “Durante mais de 100 anos o Periquita foi só tinto. Vi nascer o Periquita branco e o rosé, conheci o Periquita Clássico que, mais tarde, deu lugar ao Periquita Reserva e, finalmente nasceu o Periquita Superyor, expoente máximo da casta Castelão”. “Acompanhei também, desde o primeiro dia, o nascimento da Confraria do Periquita, com todo o trabalho que deu criar a estrutura de uma cerimónia do género e elaborar a lista dos 40 confrades fundadores, entre tantas outras coisas. Mas foi um orgulho quando, em 1993, se reuniu o primeiro capítulo da Confraria para honrar a marca que está connosco desde 1850. E foi uma honra quando, passados quatro anos, também eu fui entronizada Confreira.

Em suma, assim como o meu percurso dentro da empresa já passou por inúmeras mudanças, à medida que a empresa vai caminhando ao longo de sua história, também o Periquita se tem reinventado ao longo dos anos, ganhando sempre novo fôlego”. Esta é a história de Teresa Pereira, mas é também uma parte da história do Periquita.

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