Os contornos do ataque no México que provocou uma reação dura de Donald Trump — levou o presidente norte-americano a oferecer ajuda ao país vizinho para “limpar os cartéis de droga da face da Terra” — ainda não estão todos explicados. Esta quarta-feira foi conhecido o testemunho de uma das crianças que sobreviveram à emboscada que provocou a morte de três mulheres e seis menores de uma família mórmon com dupla nacionalidade, mexicana e norte-americana.
Devin Langford, de 13 anos, foi um dos oito menores que sobreviveram ao ataque de que a família (alargada) foi alvo. De acordo com uma declaração da família, tornada pública esta quarta-feira e citada pela agência de notícias Reuters, Devin terá escondido seis irmãos sobreviventes em arbustos próximos e daí começou uma caminhada em busca de ajuda, que durou 23 quilómetros.
Depois de testemunhar o assassinato da sua mãe e dos seus irmãos [dois deles], Devin, filho de Dawna [Langford], escondeu seis irmãos nos arbustos e cobriu-os com galhos para os manter seguros enquanto ia procurar ajuda”, refere a declaração citada pela Reuters. A agência acrescenta que “durante 11 horas”, os familiares de Devin “não faziam ideia do que tinha aconteceu aos seus entes queridos”.
A caminhada terá acontecido em terreno montanhoso. O rapaz de 13 anos terá sido um dos poucos elementos da família, que viajava por uma estrada que liga os estados de Chihuahua e Sonora, junto à fronteira com os Estados Unidos da América, a sair ileso (sem quaisquer ferimentos) do ataque.
Ainda não se sabe se o ataque armado que atingiu a família Langford foi premeditado e visava os elementos do clã mórmon. Embora no passado elementos da família tenham-se insurgido contra os grupos criminosos organizados da região — que no passado terão já raptado e assassinado dois membros da mesma família. O próprio ministro de Segurança do México, Alfonso Durazo, levantou a hipótese dos carros SUV em que viajavam as vítimas terem sido “confundidos com os de grupos criminosos que se confrontam na região”.
Família mórmon de nove pessoas morre em emboscada no norte do México
Um dos sobreviventes da família, Julian LeBarón, adiantou à imprensa norte-americana que não terão existido ameaças recentes que fizessem prever este desfecho. À família eram apenas enviados “avisos” para que não viajasse para Chihuahua, onde iam normalmente comprar mercearias e combustível.
O incidente originou uma pressão crescente sobre o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador para reforçar o combate aos cartéis de droga e aos grupos de crime organizado no México. No mês passado, a 13 de outubro, 13 polícias foram mortos no estado de Michoacán numa emboscada após confrontos entre grupos criminosos rivais. O cartel de Sinaloa, anteriormente liderado pelo narcotraficante e assassino “El Chapo”, é um dos que se mantém ativo na região.