Um investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) alertou esta terça-feira para a podridão da castanha, uma “nova doença” que está a atacar os castanheiros e que atingiu “especial evidência” este ano em Portugal.

Detetada há cerca de 10 anos em alguns países da Europa, como Itália e França, a podridão da castanha atingiu, segundo disse o especialista José Gomes Laranjo, “especial evidência em 2019” em Portugal.

Foi muito forte o ataque na zona do Minho, mas este fungo está já um pouco espalhado por todo o país”, afirmou à agência Lusa o docente e investigador da UTAD, localizada em Vila Real.

Trata-se, explicou, de uma doença que é popularmente conhecida por “podridão da castanha” e que é provocada por um fungo com o nome científico de ‘Gnomoniopsis castanea’.

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O especialista disse que “muito pouco ainda se sabe sobre a biologia do fungo que provoca a podridão da castanha, bem como as formas de tratamento”, no entanto sublinhou que, tomando como exemplo o que se passou em outros países, nomeadamente em Itália, “pode provocar quebras de produção na ordem dos 70 a 80%”. “É muito grave”, afirmou.

No Minho, segundo o especialista, a doença “chegou mesmo a inviabilizar a venda de castanha”.

José Gomes Laranjo referiu que se trata de “um fungo que vem da árvore, atinge a castanha e que, depois, no armazém, com as condições de temperaturas mais elevadas, se pode desenvolver ainda com mais força e provocar o apodrecimento quase imediato das castanhas”.

“Começa por umas manchas castanhas no interior do fruto, que dão mau gosto à castanha, e que depois passa para o exterior e provoca o apodrecimento daquela e das outras castanhas que estão à volta”, salientou.

Depois do cancro do castanheiro, da tinta e da vespa das galhas do castanheiro, este é mais um problema a afetar o setor.

“Este problema, que é novo, tem alguma ligação com a incidência, também, da vespa das galhas do castanheiro. As galhas podem ser, elas próprias, onde o fungo se instala e a partir daí se espalha pela árvore”, referiu.

Ou seja, acrescentou, “a contaminação acontece nas flores, nas folhas e nos ramos dos castanheiros, notando-se um acréscimo desta nos soutos mais infestados pela vespa das galhas do castanheiro (Dryocosmus kuriphilus), o que se deve ao facto de as galhas provocadas pela vespa funcionarem como depósitos de inoculação do fungo”.

As galhas são, segundo explicou num comunicado enviado pela UTAD, “uma espécie de tumores gerados pelos tecidos da planta como reação à postura de ovos por este inseto nos gomos durante o verão, de onde se formarão larvas na primavera seguinte provocando o aparecimento de tais tumores”.

O investigador realçou que “os verões quentes e húmidos parecem favorecer a doença”.

“Não estão ainda testados produtos químicos para o tratamento, no entanto julga-se que a limpeza dos ouriços, castanhas de refugo e folhagem no outono dos soutos possa limitar os ataques do próximo ano, sabendo-se também que os tratamentos em armazém com ozono têm dado resultados positivos”, adiantou José Gomes Laranjo.

O especialista disse que os investigadores estão à procura de soluções” para combater esta doença, nomeadamente ao “nível do melhoramento das variedades e conhecimento das condições do souto que possam minimizar este problema, bem como a sua limitação ao nível das condições de armazenamento”.

“Está aqui, por isso, mais um importante desafio para a ciência”, frisou.

PLI // JAP

Lusa/Fim