Um geólogo russo descobriu um dinossauro em Portugal, mas não teve tempo para estudá-lo. E durante seis décadas ninguém soube que o fóssil armazenado no Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), desde 1959, era afinal o mais completo exemplar de estegossauro da Europa e o dinossauro mais completo de Portugal. Dois paleontólogos portugueses são responsáveis pela redescoberta, 60 anos depois, segundo o Jornal de Leiria e o jornal i.

O exemplar do estegossauro — espécie herbívora de 9 metros que viveu durante o Jurássico Superior, há cerca de 150 milhões de anos — esteve guardado desde que Georges Zbyszewwski descobriu o fóssil em Atouguia da Baleia, Peniche, enquanto fazia estudos de cartografia geológica, de acordo com o jornal i. O geólogo, paleontólogo e arqueólogo russo — que desenvolveu quase toda a atividade científica em Portugal e que daria um forte contributo para o avanço das investigações paleontológicas no país — acabaria por não ter tempo para estudar o estegossauro.

Seis décadas depois, Francisco Costa, paleontólogo da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e colaborador do Museu da Lourinhã, revelou a importância do fóssil. Os resultados, publicados na revista científica Plos One, foram alcançados depois de concluída a tese de mestrado sobre o tema, sob a orientação científica de Octávio Mateus. Francisco Costa aceitou o desafio lançado pelo professor e desenvolveu a investigação a partir de 2015, beneficiando de uma bolsa financiada pelo LNEG.

O paleontólogo, citado pelo jornal i, diz que o fóssil — exemplar de Miragaia longicollum com 152 milhões de anos —, é “o esqueleto mais completo entre qualquer outro em todo o continente” e “revela muita coisa sobre a presença deste grupo no resto do continente”.

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Esta sub-espécie foi descoberta em Inglaterra ainda no século XIX e, segundo o Jornal de Leiria, que cita os investigadores, teve continuidade na década de 1990, na Lourinhã, com nova descoberta. Mais tarde, em 2009, a nova espécie seria então batizada de estegossauro Miragaia longicollum.

A descoberta portuguesa permitirá ainda compreender melhor uma espécie semelhante (alcovasaurus longispinus), descoberta no Wyoming, nos EUA, em 1908, mas cujo exemplar ficou destruído uma década depois durante uma inundação, só sobrevivendo as respetivas ilustrações.

O dinossauro revelado por Francisco Costa e Octávio Mateus estará em breve exposto no Museu Geológico do LNEG, em Lisboa, de acordo com o Jornal de Leiria.