A melhoria da navegabilidade do rio Minho, a criação de percursos turísticos de barco ou a promoção do desporto fluvial são algumas ações previstas num projeto transfronteiriço esta terça-feira apresentado, em Monção, num investimento superior a 1,1 milhões de euros.

“As vantagens deste projeto são grandes, quer numa perspetiva de valorização ambiental do rio Minho, mediatização do território e rentabilização económica dos agentes turísticos, hotelaria e restauração”, disse esta terça-feira à Lusa o presidente da Câmara de Monção.

António Barbosa, que falava à margem da apresentação pública do projeto “Rio Minho: Um Destino Navegável”, explicou que o investimento previsto vai ainda permitir “a criação de pequenos cais flutuantes (atracagem) nos concelhos envolvidos; visitas programadas às fortalezas da raia, aos centros históricos, adegas de vinho Alvarinho, equipamentos culturais, pesqueiras; promover ateliês e conferências relacionadas com o rio; e incentivar a prática de desportos como caiaque, canoagem, stand up paddle”, entre outros.

O projeto, que se prolonga durante quatro anos, insere-se no Programa INTERREG V – A España – Portugal (POCTEP) 2014-2020, com fundos europeus, tendo como parceiros portugueses os municípios de Monção e Valença, no distrito de Viana do Castelo, e os concelhos de Tui e Salvaterra do Minho, na província de Pontevedra, na Galiza.

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Fazem ainda parte deste projeto transfronteiriço a Direção-Geral do Património Natural da Junta da Galiza, a Agência de Turismo de Galiza e a entidade regional de Turismo Porto e Norte de Portugal (TPNP).

“Este projeto vai proporcionar um conjunto de experiências e descobertas nos quatro municípios que, certamente, contribuirão para fazer desta região um espaço privilegiado para a passagem de momentos agradáveis tanto em contexto familiar como em grupos de amigos”, afirmou o autarca da Monção, concelho escolhido para a apresentação pública da iniciativa.

Para o autarca social-democrata, o envolvimento dos quatro municípios — dois portugueses e dois galegos — permitirá o “reforço de relacionamento entre estes, já bastante positivo, e alargar a oferta turística, cultural e patrimonial da região transfronteiriça”.

O projeto resultou de “um trabalho de proximidade e cooperação transfronteiriça entre instituições locais e regionais com competências em desenvolvimento local, promoção do turismo e conservação da natureza”.

No que diz respeito à navegabilidade do rio Minho, o projeto prevê intervenções num troço de 16 quilómetros, entre a ponte internacional que liga Valença a Tui e a travessia que une Monção e Salvaterra do Minho, para criar “as condições ideais para a relação de atividades náuticas de lazer e turismo no rio Minho”.

“Pretende-se lançar uma série de ações, por etapas, que permitirão, numa segunda fase, a criação de circuitos turísticos navegáveis, onde o navio será o principal meio de transporte e o rio o património cultural e natural associado”, explicam os promotores do projeto na candidatura apresentado ao Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).

Promover o valor natural e paisagístico do corredor ambiental do rio internacional Minho, uma área classificada como Sítio de Importância Comunitária da Rede Natura 2000, nos dois lados da fronteira, e implementar ações de recuperação, uso sustentável e compartilhado daquele curso internacional de águas são outras das apostas.

As ações terão início na ilha espanhola de Fillaboa, no rio Minho, junto ao concelho de Monção, um espaço único de alto interesse paisagístico, localizado na foz do rio Tea, no rio Minho, e recentemente adquirido pela Câmara de Salvaterra do Minho”, sublinha o documento.

Estas ações “permitirão o posicionamento do rio Minho transfronteiriço, como destino turístico de referência, único e diferenciador, como resultado de gestão sustentável e integrada e da diversidade cultural e natural do vale do Minho”.

As ações previstas são dirigidas “à população dos dois lados do rio Minho, como forma de dinamizar economia local e melhorar a qualidade ambiental do seu meio ambiente”.

O projeto também pretende “aumentar a relação da população com as áreas ribeirinhas e os ecossistemas associados e conscientizar a comunidade local par a necessidade da sua conservação e valorização”.

O projeto agora apresentado visa ainda dar continuidade às ações realizadas ao abrigo do Visit Rio Minho, promovido pelo Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) do Rio Minho, constituído por municípios do Alto Minho e da Galiza.

O projeto “Rio Minho: Um Destino Navegável” contempla ainda a criação de “um produto de turismo náutico”, através de uma ação piloto que incentive o aparecimento de projetos com investimento público e privado.

“O rio Minho será a principal rota fluvial e o barco o seu principal meio de transporte, complementado, em terra, por miniautocarros e minicomboios, levando o visitante aos principais pontos de interesse portugueses e galegos”, sustentam os promotores.