O Camões — Instituto da Cooperação e da Língua disponibilizará quase meio milhão de euros para o ensino do português na Venezuela, onde a procura está a crescer entre luso-descendentes, mas também no ensino superior, básico e secundário.
O anúncio foi feito pelo presidente do Camões, por Luís Faro Ramos em Caracas, depois de uma visita de quatro dias à Venezuela, onde foram assinados novos acordos de cooperação com a Universidade de Los Andes, o Instituto Português de Cultura e o Centro Português. “A finalidade principal da minha vinda a este país foi assinar um protocolo de cooperação entre o Camões e a Universidade de Los Andes, em Mérida. Gostava de salientar a esse propósito que é a primeira vez que o Camões tem cooperação com uma universidade, neste caso estabelecimento do ensino superior, na região ocidental da Venezuela, na região Andina”, disse.
Em declarações à Agência Lusa, Luís Faro Ramos, explicou que foi a segunda vez que visitou a Venezuela e que o Camões está “a alargar a presença” no país. “Com o protocolo que assinei em Mérida e estes outros dois protocolos (Instituto Português de Cultura e Centro Português), o investimento do Camões na Venezuela, no próximo ano, rondará o meio milhão de euros (…) O Camões continua a investir recursos humanos e financeiros na Venezuela e tem tentado e conseguido até aumentar um pouco esse investimento”, disse.
Por outro lado, sublinhou ter constatado “com muito agrado que o ensino da nossa língua na Venezuela está a crescer no ensino superior mas também no ensino básico e secundário”. “No ano passado (2018) a Venezuela admitiu, pela primeira vez, que a língua portuguesa fosse ensinada no curriculum público. Tínhamos umas centenas de estudantes e este ano temos cerca de 2.500 que estudam português como língua estrangeira sobretudo venezuelanos, se juntarmos os que estudam português como língua de herança que são sobretudo os luso-descendentes, temos quase 4.000 alunos”, precisou.
Segundo Luís Faro Ramos, estes alunos são apoiados por mais de 60 docentes, em 20 escolas. “É fantástico o crescimento do interesse pela nossa língua, e nós no Camões tentamos sempre corresponder, com a nossa oferta, à procura. Obviamente que isso é um desafio, mas é um bom desafio, ao qual esperamos poder continuar a poder corresponder”, frisou.
Por outro lado, destacou o “papel notável” feito pela coordenação do ensino da Língua Portuguesa na Venezuela, a Embaixada e o consulado-geral de Portugal em Valência. “Temos aqui uma estrutura pronta, apta a enfrentar os desafios do presente e do futuro também”, disse.
Nesse sentido, precisou que o Camões tem tido “solicitações crescentes sobretudo por parte das associações de portugueses e das escolas para o envio de material, manuais e livros” que levou a que fosse feito um investimento de mais de 70 mil euros em compêndios que foram distribuídos por todo o país. O presidente do Camões referiu ainda que, durante a visita ao país, recebeu com “grande alegria” a notícia de que a UNESCO adotou o dia 5 de maio como Dia Mundial da Língua Portuguesa. “É uma grande alegria, um reconhecimento do trabalho fantástico da nossa equipa na UNESCO, mas é também o reconhecimento de um trabalho conjunto de todos os países de Língua Portuguesa. Isto nunca teria sido possível se não houvesse uma vontade unânime por parte dos países da CPLP em dar à língua portuguesa uma dimensão qualitativamente diferente”, disse.
Segundo Luís Faro Ramos, “a partir do próximo ano, há mais responsabilidade, mas as razões para comemorar pela primeira vez o Dia Mundial da Língua Portuguesa, são grandes”. “Este interesse que eu vejo por parte das autoridades e dos estudantes venezuelanos pela nossa língua, é um reflexo, da importância que tem no mundo, o português língua global, pluricêntrica, hoje já falada por mais de 270 milhões de pessoas, e que no fim do século, será falada por ventura até por mais de 500 milhões de pessoas”, concluiu.