O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, considerou esta terça-feira que o sistema educativo português tem vindo a melhorar de forma gradual e consistente nas últimas décadas independentemente das dificuldades, mas salienta que ainda há um caminho a percorrer.
Tiago Brandão Rodrigues falava durante a divulgação esta terça-feira em Lisboa dos resultados dos alunos portugueses no PISA (Programme for International Student Assessment), relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que de três em três anos mede o desempenho dos alunos de 15 anos e competências como leitura, matemática e ciências e avalia ainda outras questões como o ambiente escolar e as condições de equidade e na aprendizagem.
O relatório PISA 2018 esta terça-feira divulgado revela que os alunos portugueses estão ligeiramente acima da média das OCDE em competências como leitura, matemática e ciências, ainda que neste último domínio tenham piorado resultados face à avaliação de 2015.
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De acordo com o ministro da Educação, desde 2000 e desde a 1.ª edição do PISA, Portugal apresentou “um caminho de melhoria contínua e significativa nos três domínios” e acima da média da OCDE.
“Os resultados que agora conhecemos, recolhidos em 2018, mostram bem como as competências reveladas agora pelos jovens nascidos no ano de 2002 resultam de muitos fatores que a enriqueceriam. Estes estudantes ingressaram no 1.º ciclo em 2008 encontrando-se, a maioria, no ano letivo de 2015/16, o primeiro da nossa governação já no 8.º ano”.
Na opinião de Tiago Brandão Rodrigues, a descida do nível médio de competências dos alunos na leitura, na matemática e ciências, no espaço da OCDE, ainda que ligeira, preocupa”.
Por isso mesmo, para Portugal, mais do que um ranking internacional, o PISA é um poderoso instrumento de cooperação internacional e de aprendizagem com os outros”, disse.
Tiago Brandão Rodrigues considerou que é preciso fazer mais nas ciências, mais na leitura, para contrariar a média da OCDE, que diz que há hoje mais alunos de 15 anos do que havia há três anos a considerarem que ler é uma perda de tempo. “E porque precisamos de fazer mais dentro e fora da escola, resgatámos a centralidade do Programa Ciência Viva e do Plano Nacional de Leitura. Precisamos fazer ainda mais e melhor na equidade, pois o estatuto económico dos pais ainda é prescritor de sucesso escolar maior em Portugal do que noutros países”, «realçou
No entendimento do ministro, há “ainda um caminho a percorrer”, salientando os “sucessos na equidade, na valorização da função docente e na promoção da educação de adultos”.
Também o secretário de Estado Adjunto e da educação, João Costa, considerou que estes resultados do PISA devem “motivar para um trabalho mais profundo”.
No entanto, os indicadores, a par de muitos outros, permitem contrariar a expressão: no antigamente é que era bom. Temos um sistema educativo que tem vindo a fazer uma produção continuada e sustentada”, disse.
Os resultados no PISA são contabilizados em pontos. Nas competências de leitura, por exemplo, os alunos portugueses registaram um resultado global de 492 pontos, alinhado com a média dos países da OCDE.
No entanto, o relatório indica que os resultados dos alunos de origem socioeconómica mais favorecida ficam 95 pontos acima dos que têm maiores dificuldades económica. Este diferencial é superior à média da OCDE nesta comparação, que é de 89 pontos.
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O relatório aponta também Portugal como uma das únicas sete economias — entre 79 analisadas — onde, ao longo da sua participação no PISA, os resultados foram consistentemente de progresso nos três domínios.
Para além de Portugal, apenas Albânia, Colômbia, Macau (China), República da Moldávia, Perú e Qatar o conseguiram.
Apesar dos progressos, os resultados dos alunos portugueses a ciências pioraram em 2018 face aos registados no relatório anterior, em 2015.