Quando um treinador começa a ser muito contestado e necessita por tudo de uma vitória, qual é o adversário tipo que prefere escolher? Em primeiro lugar, jogar em casa. Depois, contra alguém no final da classificação ou que esteja a atravessa um período seguido sem vitórias. Por fim, frente a um clube que não tenha grande rivalidade ou ligação. Este poderia ser o cenário ideal para Marco Silva, no atual contexto que atravessa no Everton. Isto era tudo o que o português não ia encontrar, com uma deslocação a Anfield para defrontar o rival Liverpool que, além de campeão europeu, liderava a Premier League com 13 vitórias e um empate até ao momento.

Depois do oitavo lugar na última temporada, marcada pela regularidade e pela permanência sempre na primeira metade da tabela classificativa, a presente época tem sido irregular e a apontar para a parte da baixo da Premier. Com um plantel de valor, e apesar de ter ficado com Gueye (que era fundamental no equilíbrio do meio-campo) e Vlasic, o Everton reforçou-se com nomes de peso como Alex Iwobi, Moise Kean, Sidibé, Gbamin ou Fabian Delph, além de ter segurado André Gomes. Os resultados, esses caíram a pique. E Marco Silva, que chegava à 15.ª jornada num modesto 17.º lugar do Campeonato, tinha uma margem de erro quase nula ao dérbi.

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No ano passado, os jogos entre ambos foram equilibrados, com apenas um golo mas com mais razões para serem recordados pelos reds: depois do triunfo por 1-0 num golo “esquisito” de Origi com seis minutos de descontos, o Liverpool não foi além de um empate a zero fora num resultado penalizador na corrida pelo título que perderia para o Manchester City apesar dos 97 pontos somados. No mínimo, era isto que Marco Silva precisava, numa fase onde tem sido cada vez mais “apertado” depois das derrotas com Norwich e Leicester.

Esta noite, em Anfield, foi tudo ao contrário. Os 17 meses que Marco Silva leva no comando técnico do Everton ficaram de vez em xeque com apenas 45 minutos frente a um Liverpool com um futebol de mate, a brilhar mesmo que sem dar sempre nas vistas mas resistente como nunca para quebrar um longo jejum de títulos: Origi e Shaquiri, dois dos jogadores chamados para as vagas dos titulares Henderson, Firmino e Salah, marcaram quase no primeiro quarto de hora (6′ e 17′), Michael Keane reduziu pouco depois (21′), Origi (31′) e Sadio Mané (45′) aumentaram para 4-1 e Richarlison fez o 4-2 que se registava ao intervalo nos descontos (45+3′).

Na segunda parte, o encontro foi-se arrastando com o campeão europeu a controlar a vantagem e a chegar mesmo ao 5-2 em cima do minuto 90, por Wijnaldum. O dérbi de Merseyside, que no ano passado foi sempre equilibrado, terminou com goleada conseguida por um Liverpool que soma 14 vitórias e um empate num arranque fulgurante de Premier League (43 pontos, mais oito do que o Leicester e mais 11 do que o Manchester City) e goleada sofrida por um Everton que desceu aos lugares de descida com 14 pontos, menos um do que o Southampton que derrotou esta noite o Norwich por 2-1 e conseguiu pela primeira vez em muitas jornadas saltar a linha de água.