O homem acusado de 583 crimes de abuso sexual de crianças e de 73.577 de pornografia de menores, e que desde Águeda liderava uma alegada rede internacional de pedofilia, conhece esta segunda-feira o acórdão, em Lisboa.

A acusação do Ministério Público (MP), a que a agência Lusa teve acesso, diz que o principal arguido abusou sexualmente de oito menores, sete deles seus familiares (dois sobrinhos e cinco primos), incluindo bebés.

Os crimes terão decorrido com o conhecimento dos pais do homem e de duas primas, que também são arguidos no processo.

Um sexto arguido, um informático do concelho de Sintra, está acusado de 623 crimes de abuso sexual de crianças e outros tantos de pornografia de menores, 548 dos quais cometidos sobre o enteado de 5 anos e 75 sobre a filha bebé, ainda com meses.

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Nas alegações finais do julgamento, que começou em 20 de maio deste ano e decorreu à porta fechada, a procuradora do MP pediu pena máxima (25 anos de cadeia) para o principal arguido e para o informático, além da condenação dos restantes quatro.

A leitura do acórdão, que será pública, está marcada para as 14:00 no Tribunal Central Criminal de Lisboa, no Campus da Justiça.

Segundo o despacho de acusação, o principal arguido morava com os pais no concelho de Águeda, distrito de Aveiro, numa casa onde, desde 2014, passaram também a residir a irmã e o cunhado, pais de uma menina, atualmente com 7 anos. Em setembro de 2016, o casal teve um segundo filho, um rapaz, hoje com quase 3 anos.

Quando o casal se ausentava, as crianças ficavam aos cuidados do arguido ou dos avós (também arguidos). A residência era ainda frequentada por duas primas (igualmente arguidas) e pelos três filhos destas – dois meninos com 6 anos e uma menina de 3 anos.

Outros três rapazes, com 9, 10 e 12 anos, dois deles familiares do arguido, costumavam também frequentar a casa.

A acusação sustenta que, pelo menos desde 2013/2014 e até junho de 2017, mês em que foi detido e ficou em prisão preventiva, o arguido abusou sexualmente dos menores, os quais “filmava e fotografava para, posteriormente, divulgar e partilhar tais ficheiros com outros indivíduos também apreciadores de conteúdos de abusos sexuais de crianças”.

O MP diz que, pelo menos desde novembro de 2015, o arguido criou, administrou e geriu uma ‘darknet’ (rede fechada a um grupo privado de pessoas), de cariz internacional, através da qual difundia filmes e imagens dos abusos sexuais contra “maioritariamente bebés e crianças de tenra idade”, à qual deu o nome de ‘Baby Heart’.

Quanto ao informático, de 39 anos e que também está em prisão preventiva, o MP sustenta que “filmou e fotografou atos sexuais” que manteve com a filha e o enteado. Partilhou-os com o principal arguido “para publicação e difusão no fórum ‘Baby Heart’, enviando-os ainda a outros indivíduos, administradores de outros fóruns, cuja identificação não foi possível apurar, para publicação”.

Os pais do principal arguido estão acusados, cada um, por oito crimes de abuso sexual de crianças, enquanto as primas, de 25 e 27 anos, mães de três vítimas, vão responder, por omissão, por 201 crimes de abuso sexual de crianças, num dos casos, e por 106 destes crimes, no outro.